INCREDULIDADE DE ABRAÃO 1
Diz a Escritura que Abrão creu em Jeová (Gn.15:6). Creu no que? Numa promessa. Abrão tinha setenta e cinco anos quando Jeová lhe fez a promessa (Gn. 12:4). O tempo foi passando e Sarai continuava estéril(Gn. 11:30). Abrão e Sarai esperaram o cumprimento da promessa de Jeová por dez anos, e nada aconteceu. Então Sarai, cansada de esperar, disse: a Abrão: “Eis que Jeová me tem impedido de gerar; entra pois à minha escrava; porventura terei filhos dela. E ouviu Abrão a voz de Sarai. Assim tomou Sarai, mulher de Abrão a Agar, egípcia, sua escrava, e deu-a por mulher a Abrão seu marido, ao fim de dez anos que Abrão habitava na terra de Canaã. E ele entrou a ela, e Agar concebeu; e vendo ela que concebera, foi sua senhora desprezada aos seus olhos” (Gn. 16:2-4).
É obvio que quando Sarai deu a serva Agar a Abrão, e este aceitou, ambos já tinham perdido a esperança na promessa de Jeová. Vendo Abrão que as duas mulheres não se davam bem, disse a Sarai: Agar e seu filho estão na tua mão, faze deles o que quiser. Sarai então afligiu Agar, que fugiu com o filhinho para o deserto. O anjo de Jeová achou-a junto a uma fonte de água, e disse-lhe: “Agar, serva de Sarai, donde vens, e para onde vais? E ela disse: Venho fugida da face de Sarai. Então disse o anjo de Jeová: Torna-te para a tua senhora, e humilha-te debaixo de suas mãos, pois multiplicarei sobremaneira a tua semente, que não será contada, por numerosa que será. Disse-lhe mais o anjo de Jeová: Eis que concebeste, e terás um filho, e chamarás o seu nome Ismael; porquanto Jeová ouviu a tua oração. E ele será homem bravo, e a sua mão será contra todos, e a mão de todos contra ele; e habitará diante da face de todos os seus irmãos” (Gn. 16:5-12).
Se Abrão estivesse firme na fé, quando Sarai lhe ofereceu Agar, teria dito: — Mulher, você perdeu o juízo? Jeová prometeu, e vai dar. Deus é fiel!
A prova de que Abrão perdeu a fé na promessa está no seguinte: Depois do pacto da circuncisão, Jeová falou a Abrão, dizendo: “A Sarai tua mulher, não chamarás mais pelo nome de Sarai, mas Sara será o seu nome (Sarai se traduz por CONTENCIOSA, e Sara por PRINCESA); porque eu a hei de abençoar, e te hei de dar a ti dela um filho; e a abençoarei, e será mãe das nações; reis de povos sairão dela. Então caiu Abraão sobre o seu rosto, e riu-se, e disse no seu coração: A um homem de cem anos há de nascer um filho? E conceberá Sara da idade de noventa anos? E Disse Abraão a Jeová: Oxalá QUE viva Ismael diante dA Tua face!” (Gn. n17:15-18). Está provado que Abraão perdeu a fé na promessa de Jeová. O apóstolo Paulo, referindo-se ao assunto, diz que Abraão creu contra a esperança, isto é, tinha perdido a esperança, mas quando Sara engravidou, creu no que viu, depois de 25 anos da primeira promessa.
Por outro lado, Jeová tardou em cumprir a promessa porque o seu plano era exatamente irritar Sarai, para que ela entregasse Agar a Abrão. Paulo novamente traz luz sobre o assunto na carta aos Gálatas 4:21-26, que não trataremos especificamente agora. Tudo, porém, foi programado por Jeová.
A segunda incredulidade de Abrão aconteceu no seu chamamento. Tera, pai de Abrão, saiu de Hur dos caldeus com toda a família para ir a Canaã, e vieram até Harã, e habitaram ali (Gn.11:31). Em Harã, Jeová chamou Abrão, dizendo: “Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. E Far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra. Assim partiu Abrão, como Jeová lhe tinha dito, e foi Ló com ele; e era Abrão da idade de setenta e cinco anos, quando saiu de Harã. E tomou Abrão a Sarai, sua mulher, e a Ló, filho de seu irmão, e toda a sua fazenda, que haviam adquirido; e as almas que lhe acresceram em Harã; e saíram para ir à terra de Canaã; e vieram a Canaã. E passou Abrão por aquela terra até ao lugar de Siquém, até o carvalho de Moré; e habitavam os cananeus na terra. E apareceu Jeová a Abrão, e disse: À tua semente darei esta terra” (Gn. 12:1-7). Depois que Ló se separou de Abrão, disse-lhe Jeová: “Levanta agora os teus olhos, e olha desde o lugar onde estás, para a banda do norte, e do sul, e do oriente, e do ocidente; porque toda esta terra que vês, te hei de dar a ti e à tua semente, para sempre” (Gn. 13:14-15). Abrão disse a Jeová: “Como saberei que hei de herdá-la?” (Gn. 15:8). Então Jeová fez um concerto com Abrão, no qual sua descendência ia peregrinar 400 anos em terra estranha, iriam ser afligidos, escravizados, e depois herdariam a terra de Canaã. Esse concerto foi feito na escuridão (Gn. 15:8-21). Esse era o concerto eterno de Jeová com Abraão (Gn. 17:7-8).
Acontece que Jesus ofereceu coisa melhor a Abraão. Pregou o Evangelho, e ele creu. Pregou também o reino dos céus, e Abraão creu (Gl. 3:8-9; Jo. 8:56).
Abraão não gostou dessa história de escravidão e de aflição prometida por Jeová, e escolheu o amor de Jesus e o reino celestial, que Jeová nunca prometeu no Velho Testamento. Na carta aos Hebreus, lemos:“Pela fé Abraão, sendo chamado, obedeceu, indo para um lugar que haveria de receber por herança; e saiu, sem saber para onde ia. Pela fé habitou na terra da promessa, como em terra alheia, morando em cabanas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa, porque esperava a cidade que tem fundamentos, da qual o artífice e construtor é Deus” (Hb. 11:8-10). E Abraão confessou que era estrangeiro e peregrino neste mundo, e que a sua pátria era a celestial; por isso não creu em Jeová (Hb. 11:13-16). É maravilhoso! Não crendo em Jeová, Abraão se tornou o pai da fé (Gl. 3:7-9).
Autoria: Pastor Olavo Silveira Pereira