DEUS TEM LIVRE ARBÍTRIO?
Parece que o Deus revelado por Jesus Cristo no Novo Testamento não tem livre arbítrio. Como pode ser isso? Que é livre arbítrio? É fazer o bem ou o mal quando se quer. Ora, diz a Escritura que Deus é amor; e se é amor não poderia deixar de amar, pois o amor não faz o mal (Rm. 13:10). Se o amor fizer o mal deixa de ser amor.
No Velho Testamento lemos que da boca de Jeová sai o bem e o mal, logo Jeová não é amor, e se não é amor também não é Deus, porque Deus é amor (I Jo. 4:8). Que Jeová faz o mal é fácil provar na Bíblia(Lm. 3:38). E o próprio Jeová proclama essa verdade, dizendo a Jerusalém: “Porque eu pus o meu rosto contra esta cidade para mal, e não para bem” (Jr. 44:27). E o deus Jeová podendo optar pelo mal, jamais opta pelo bem. Ele disse: “No momento em que eu falar a uma gente e de um reino, para edificar e para plantar, se ela fizer o mal diante dos meus olhos, não dando ouvidos à minha voz, então me arrependerei do bem que tinha dito lhe faria. Ora, pois, fala agora aos homens de Judá, e aos moradores de Jerusalém, dizendo: Assim diz Jeová: Eis que estou forjando um mal contra vós” (Jr. 18:9-11). Outro exemplo claro: Ele declarou: “Eis que hoje eu ponho diante de vós a bênção e a maldição: A bênção, quando ouvirdes os mandamentos de Jeová vosso deus, que hoje vos mando; porém a maldição, se não ouvirdes os mandamentos de Jeová vosso deus” (Dt. 11:26-28).
Passemos ao Novo Testamento. Na carta a Tito, Paulo diz: “Em esperança da vida eterna, a qual Deus, que não pode mentir, prometeu antes dos tempos dos séculos” (Tt. 1:2). Se Deus não pode mentir, não tem livre arbítrio. Jeová, em contrário, mente. Na lei mandou Moisés escrever: “Os pais não morrerão pelos filhos, nem os filhos pelos pais; cada qual morrerá pelo seu próprio pecado” (Dt. 24:16). Mas pela boca do profeta Isaías, diz: “Preparai a matança para os filhos por causa da maldade de seus pais” (Is. 14:21). Está claro que Jeová faltou com a verdade. Para agravar a situação, Jeová matou o filho recém-nascido de Davi, por causa do adultério de Davi (II Sm. 12:13-19).
Paulo declara que Deus, o Pai quer que todos se salvem e venham ao conhecimento da verdade (I Tm. 2:3-4). Todos, inclui maus e bons, justos e injustos. Se Deus tivesse livre arbítrio, salvaria os justos, e condenaria os injustos. Mas Deus é amor e o amor não condena ninguém; então o apóstolo João diz:“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele” (Jo. 3:16-17). E Jesus e o Pai são um só, e o que o Pai é, Jesus é também, por isso Jesus declara: “Se alguém ouvir as minhas palavras, e não crer, eu não o julgo; porque eu vim, não para julgar o mundo, mas para salvar o mundo” (Jo. 12:47). E disse mais: “Não cuideis que eu vos hei de acusar para com o Pai. Há um que vos acusa, Moisés, em quem vós esperais” (Jo. 5:45). E Jesus, que é a imagem expressa do Pai, constituiu a Igreja para julgar. Em relação a Israel, Jesus disse aos apóstolos: “Em verdade vos digo que vós, os que me seguistes, quando, na regeneração, o Filho do homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel” (Mt. 19:28). Vemos por aqui que Jesus não vai julgar o reino de Israel. E o resto do mundo, quem vai julgar? Paulo, o grande apóstolo dos gentios, responde: “Não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deve ser julgado por vós, sois porventura indignos de julgar as coisas mínimas? Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos?” (I Co. 6:2-3). O juiz tem de ser apto para julgar. Se um crente for carnal não é apto para julgar os carnais; se é escravo de algum vício, não terá autoridade nem condições de julgar os viciados em bebida, ou em cigarro, ou em ecstasy, ou em jogatinas. Se o cristão é mundano jamais vai julgar o mundo. Muito pelo contrário, vai ser réu e não juiz, pois Jesus disse: “E o servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites; Mas o que não a soube, e fez coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado. E a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou muito mais se lhe pedirá” (Lc. 12:47-48).
O cristão tem que ser igual ao seu Senhor, pois João diz: “Nisto é perfeita a caridade para conosco, para que no dia do juízo tenhamos confiança; porque qual ele é, somos nós também neste mundo” (I Jo. 4:17).
E se o cristão tem o livre arbítrio, vai praticar o mal, pois este mundo é cheio de laços. Jesus Cristo nunca pecou, porque não tinha livre arbítrio. Era igual ao Pai. No jardim do Éden havia duas árvores. A árvore do conhecimento do bem e do mal; esta é de Jeová que faz o bem e o mal. A outra árvore da vida, que é de Cristo, onde os seus discípulos crucificaram a carne com suas paixões e concupiscências (Gl. 5:24).
Autoria: Pastor Olavo Silveira Pereira