Santo, no hebraico, é KADOSH, que se traduz por SEPARADO. Jeová, o deus que se revelou a si mesmo como sendo deus, disse a seu povo Israel: “Santos sereis, porque eu, Jeová vosso deus, sou santo” (Lv. 19:2). Traduzindo para o português seria: “Separados sereis, porque eu, Jeová vosso deus, sou separado”. Claro está que Jeová era separado de todos os outros povos, e Israel teria de ser também separado, isto é, santo. Jeová falou de novo, dizendo: “E ser-me-eis santos, porque eu, Jeová, sou santo, e separei-vos dos povos, para serdes meus” (Lv. 20:26).
Jesus Cristo também é santo, pois o anjo Gabriel disse a Maria: “Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; pelo que também o santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus” (Lc. 1:35).
Pedro disse ao povo judeu que se ajuntou a ele por causa da cura de um coxo: “Mas vós negastes o Santo e o Justo, e pedistes que se vos desse um homem homicida” (At. 3:14). Quando Jesus ensinava numa sinagoga, em Cafarnaum, estava ali um homem com um espírito imundo, o qual exclamou, dizendo: “Ah! que temos contigo, Jesus nazareno? Vieste destruir-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus” (Mc. 1:24).
Jeová é santo, e Jesus é santo. Isto poderia nos levar a conclusão que seriam a mesma pessoa, e que o deus do Velho Testamento seria o mesmo do Novo.
Vejamos a diferença:
Jesus por ser santo é separado deste mundo. Ele mesmo declarou aos fariseus: “Vós sois de baixo, eu sou de cima; vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo” (Jo. 8:23). E por que Jesus não é deste mundo? Porque testificava que as obras deste mundo são más (Jo. 7:7).
Jeová, em contrário, não é separado deste mundo mau. Eram maus os antediluvianos, tão maus que Jeová os destruiu a todos; menos a família de Noé. Os assírios eram perversos, os egípcios eram perversos, os caldeus eram perversos, os medos e persas eram perversos, e Jeová declara que o seu povo era pior. E Jeová fundou o seu reino neste mundo. Junto ao monte Sinai, disse ao povo de Israel, antes de dar a lei: “Vós me sereis reino sacerdotal e o povo santo” (Ex. 19:6). O que é pior, está escrito que Jeová reina sobre as nações deste mundo. Porque o reino é de Jeová, e ele governa as nações (Sl. 22:28). “Deus é o rei de toda a terra; cantai louvores com inteligência. Jeová reina sobre as nações; Deus se assenta sobre o trono da sua santidade” (Sl. 47:7-8). Como Jeová, sendo santo, pode reinar sobre nações ímpias e idólatras? Se é santo, é separado delas, e não poderia jamais reinar sobre elas.
Jesus, nessa área, é coerente, pois declarou que o seu reino não é deste mundo (Jo. 18:36).
Ao ser ligado a este mundo, Jeová não é santo. Ele é quem comandou os exércitos da Assíria. Isaías disse: “Eis que Jeová fará vir sobre eles as águas de um rio, fortes e impetuosas, isto é, o rei da Assíria, com toda a sua glória; e subirá sobre todos os seus leitos, e transbordará por todas as suas ribanceiras” (Is. 8:7). Jeová Tzebaot era o comandante e chefe dos exércitos da Assíria. Jeová estava politicamente ligado àquelas nações guerreiras, e promovia as guerras, logo não é separado nem santo. Por falar em política mundial, Jeová declarou séculos mais tarde: “Eu fiz a terra, o homem, e os animais que estão sobre a face da terra, pelo meu grande poder, e com o meu braço estendido, e a dou àquele que me agrada em meus olhos. E agora eu entreguei todas estas terras na mão de Nabucodonosor, meu servo, rei de Babilônia, e ainda até os animais do campo lhe dei, para que o sirvam. E todas as nações o servirão a ele, e a seu filho, e ao filho de seu filho, até que também venha o tempo da sua própria terra, quando muitas nações e grandes reis se servirão dele” (Jr. 27:5-7). É Jeová quem entrega as nações como escravas nas mãos de um tirano. E declarou também que o tirano Nabucodonosor era seu servo, e era agradável aos seus olhos. E, se Nabucodonosor era agradável a Jeová, e também seu servo, Jeová nunca foi santo, mas mundano, pois o povo caldeu era guerreiro, conquistador e cruel. Quem quiser saber o que os judeus sofreram na Babilônia, é só ler os cinco capítulos do livro de Lamentações. Para se ter uma idéia da crueldade de Nabucodonosor, Zedequias, rei de Judá, fugiu, mas foi preso, e degolaram seus filhos diante de seus olhos; e vazaram os olhos de Zedequias, e o ataram com duas cadeias de bronze, e o levaram à Babilônia (2 Rs. 25:5-7). Lá em Babilônia, o rei assou Zedequias no fogo (Jr. 29:22).
Além da crueldade, os babilônicos, em matéria de religião, eram idólatras. Os dois principais deuses eram Bel, o Sol, e Milita, a Lua. Milita era a deusa da providência e da fertilidade. O templo de Milita era enorme, e todas as mulheres tinham de servir como sacerdotisas por um ano. Nesse período as sacerdotisas se prostituíam com qualquer que passasse diante do templo. As mulheres casadas que quisessem, podiam servir a Milita como prostitutas sagradas pelo período de um ano, depois voltavam ao lar.
Pois Jeová chamava o rei da Babilônia de seu servo, e que lhe agradava aos olhos, e por isso lhe entregou todos os reinos para o servirem. E, se alguma nação ou reino não servissem a Nabucodonosor, e não pusessem o seu pescoço debaixo do jugo desse rei cruel, o próprio Jeová visitaria essa nação com espada, com peste, e com fome até consumi-la (Jr. 27:8). E Jeová entregou Judá a esse rei monstruoso (Jr. 27:12-13).
Essa é a santidade de Jeová, isto é, em vez de estar separado das baixezas humanas, é ele mesmo o cabeça dessas baixezas. O incrível é que faz isso declarando que é santo.
Jeová e Jesus não são iguais.
Seus conceitos de santidade são diferentes.
Autoria: Pastor Olavo Silveira Pereira