AS DUAS ÁRVORES
Toda a criação foi feita por um só Deus: “No princípio criou Deus os céus e a terra” (Gn. 1:1). Por céus entendam-se as coisas invisíveis e espirituais. Por terra entendam-se as coisas visíveis e materiais que estão no universo. A palavra hebraica que designa Deus é ELOHIM. Está no plural, pois o singular de ELOHIM é EL. A teologia cristã dos primeiros séculos entendeu que Elohim é, portanto, a trindade, isto é, O Verbo, isto é, a palavra saiu da boca de Deus, quando disse: “Haja luz” (Gn. 1:3). E esse verbo está em Jo. 1:1-3. Temos aqui o Pai e o Filho. E o Espírito Santo? Em Gn. 1:2, lemos: “E o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas”. No hebraico, a palavra RUAR é espírito. Está aí a trindade desde o princípio.
O tetragrama, isto é, Jeová, não aparece no capítulo um de Gênesis, mas só a palavra Elohim. No capítulo dois, quando é formado Adão do pó da terra estão juntos Jeová e Elohim. Ora, se no capítulo um só aparece Elohim, e nos capítulos dois e três aparecem Jeová e Elohim, é claro que são dois deuses. É possível provar isso? Vamos provar:
A trindade é um Deus que se manifesta de três formas diferentes (I Jo. 5:7). E Paulo diz: “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com vós todos. Amém” (II Co. 13:13). Ora, na trindade nenhum dos três poderia dizer: “Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal” (Gn. 3:22). Se um da trindade soubesse o bem e o mal, e os outros não, estava desfeita a trindade, logo, a diferença estava entre Jeová e Elohim, ou entre Jeová e Jesus.
A árvore da vida sabemos que é Jesus, porque Jesus mesmo declarou: “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador” (Jo. 15:1). E a árvore da ciência do bem e do mal, quem plantou? Jesus declara que há plantas que Deus, o Pai, não plantou, e estas plantas estranhas serão arrancadas (Mt. 15:13).Analisemos a árvore da ciência do bem e do mal:
- Esta árvore tem luz, mas também tem trevas. Davi diz: “Jeová é a minha luz e a minha salvação” (Sl. 27:1). O mesmo Davi diz: “Porque em ti está o manancial da vida; na tua luz veremos a luz” (Sl. 36:9).Por outro lado o mesmo Davi diz: “Fez das trevas o seu lugar oculto; o pavilhão que o cercava era a escuridão das águas” (Sl. 18:11). Em Jeová se acham juntas luz e trevas. Em Deus, o Pai, só luz (I Jo. 1:5).
- Na árvore da ciência estão o bem e o mal, e em Jeová também: “Porventura da boca do Altíssimo não sai o bem e o mal?” (Lm. 3:38). Quando Jeová promete um bem, e o beneficiado faz o mal, Jeová se arrepende do bem prometido e forja males em seu lugar. Onde o mal e o bem estão juntos, prevalece o mal sobre o bem (Jr. 18:9-11).
- Na árvore da ciência do bem e do mal há dois espíritos. O do bem e o do mal. O do bem procede de Jeová, pois Neemias diz: “E deste o teu bom espírito, para os ensinar” (Ne. 9:20). E Jeová põe no homem espíritos malignos (I Sm. 16:14-15). Jeová derrama espíritos perversos (Is. 19:14).
- Na árvore da ciência existem juntos bênção e maldição. Diz Salomão: “A maldição de Jeová habita na casa do ímpio, mas a habitação dos justos ele abençoará” (Pv. 3:33). Como onde o mal e o bem estando juntos prevalece o mal, Jeová diz: “E agora, ó sacerdotes, este mandamento vos toca a vós. Se o não ouvirdes, e se não propuserdes no vosso coração dar honra ao meu nome, diz Jeová dos exércitos, enviarei a maldição contra vós, e amaldiçoarei as vossas bênçãos; e já as tenho amaldiçoado” (Ml. 2:1-2).
- Na árvore da ciência do bem e do mal estão juntos o amor e o ódio. Jeová ama o seu povo (Os. 11:1; Dt. 23:5). Mas Jeová, quando seu povo pecou, passou a odiá-lo (Sl. 78:58-59; 106:40-41).Onde o amor e o ódio estão juntos, o ódio prevalece (Dt. 32:22-25).
- Na árvore da ciência estão o bem e o mal, a liberdade e a servidão. Jeová desceu do céu para libertar Israel da escravidão egípcia, e para levá-los a uma terra paradisíaca (Ex. 3:7-8). De fato, Jeová os levou à terra de Canaã, terra que mana leite e mel. Depois de instalados lá, descobriram que não era bem assim, pois foram levados para a fornalha de fogo (Is. 31:9). E foram submetidos a um jugo pior que o do Egito.
- No tempo de filho de Salomão, Roboão deixou a lei de Jeová, e com ele todo o Israel, pelo que Jeová enviou contra eles Sisaque, rei do Egito, com grande exército, e com reforço de líbios, suquitas e etíopes, e tomou Jerusalém. Então se humilharam, o rei e os príncipes de Israel. Então Jeová disse: Eles se humilharam, não os destruirei, porém serão escravos de Sisaque por um tempo, para que conheçam a diferença da minha servidão e da servidão dos reinos da terra (II Cr. 12:1-8).
- Na árvore da ciência estão a salvação e a condenação. No Novo Testamento lemos: “Quero lembrar-vos, como a quem já uma vez soube isto, que, havendo Jeová salvo um povo, tirando-o da terra do Egito, destruiu depois os que não creram” (Jd. 5).
Na árvore da vida, só há salvação, não condenação: “Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele” (Jo. 3:17). Também só há luz, pois Jesus disse: “Quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida” (Jo. 8:12). Na árvore da vida só há um espírito, que é o do amor (Ef. 4:4; Rm. 5:5). Na árvore da vida não há maldição, pois Jesus nos resgatou das maldições de Jeová fazendo-se maldição por nós (Gl. 3:13). Na árvore da vida só há amor. O Pai é amor (I Jo. 4:8). O Filho é amor (Jo. 13:34). O Espírito Santo é amor (Rm. 15:30). Na árvore da vida só há liberdade, nunca escravidão. Jesus declarou: “Se pois o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (Jo. 8:36).
É uma questão de bom senso. Os de Jeová sempre serão comida de serpente (Is. 65:25). Os de Cristo terão vida eterna no reino de Deus
(I Pd. 1:3-4).
Autoria: Pastor Olavo Silveira Pereira