O JUIZ
Abraão aclama Jeová como o juiz de toda a terra. Foi assim: “E chegou-se Abraão, dizendo: Destruirás também o justo com o ímpio? Se porventura houver cinqüenta justos na cidade, destruí-los-ás também, e não pouparás o lugar por causa dos cinqüenta justos que estão dentro dela? Longe de ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio; que o justo seja como o ímpio, longe de ti seja. Não faria justiça o juiz de toda a terra? Então disse Jeová: Se eu em Sodoma achar cinqüenta justos dentro da cidade, pouparei a todo o lugar por amor deles” (Gn. 18:23-26).
Jeftá também, quando foi convidado pelos anciãos de Gileade para guiar o exército contra os filhos de Amom, que pelejavam contra Israel, tentou dialogar sobre o assunto, mas não foi ouvido. Então disse:“Jeová, que é juiz, julgue hoje entre os filhos de Israel e entre os filhos de Amom” (Jz. 11:27).
Jeosafá, rei de Judá, foi bom rei, e era filho de Asa, ótimo rei (II Cr. 16:13-14; 17:1). E Jeosafá estabeleceu juízes em todas as cidades, dizendo aos juízes: “Vede o que fazeis; porque não julgais da parte do homem, senão da parte de Jeová, e ele está convosco no negócio do juízo” (II Cr. 19:5-6). “Mas Jeová é o juiz; a um abate, e a outro exalta” (Sl. 75:7). “Ó Jeová, a quem a vingança pertence, ó deus, a quem a vingança pertence, mostra-te resplandecente. Exalta-te, tu, que és juiz da terra; dá o pago aos soberbos” (Sl. 94:1-2). “Buscai a Jeová, e a sua força; buscai a sua face continuamente. Lembrai-vos das maravilhas que fez, dos seus prodígios e dos juízos da sua boca. Vós, descendência de Abraão, seu servo, vós, filhos de Jacó, seus escolhidos. Ele é Jeová, nosso deus; os seus juízos estão em toda a terra” (Sl. 105:4-7). E Isaías termina dizendo: “Porque Jeová é o nosso juiz; Jeová é o nosso legislador; Jeová é o nosso rei; ele nos salvará” (Is. 33:22). Jeremias, o profeta chorão, em tribulação assim falou: “Mas, ó Jeová dos Exércitos, justo juiz, que provas os rins e o coração, veja eu a tua vingança sobre eles; pois a ti descobri a minha causa” (Jr. 11:20).
Se Jeová era deus havia de ser justo, como declarou: Abraão (Gn. 18:23-26). O profeta Ezequiel, entretanto, fala da parte de Jeová, dizendo: “Filho do homem, dirige o rosto contra Jerusalém, e derrama as tuas palavras contra os santuários, e profetiza contra a terra de Israel. E dize à terra de Israel: Assim diz Jeová: Eis que sou contra ti, e tirarei a minha espada da bainha, e exterminarei do meio de ti o justo e o ímpio. Por isso eu hei de exterminar do meio de ti o justo e o ímpio, a minha espada sairá da bainha contra toda carne, desde o Sul até o Norte. E saberá toda carne que eu, Jeová, tirei a minha espada da bainha; nunca mais voltará a ela” (Ez. 21:2-5). Como pode ser isso? A Abraão, Jeová, o juiz de toda a terra, declarou que se em Sodoma houvessem dez justos, pouparia milhares de ímpios por amor dos dez justos, e agora, em Jerusalém, mata todos os justos juntamente com os ímpios por aborrecer os ímpios? Como pode um deus mudar tanto assim? Ainda mais que declarou que é sempre o mesmo, e não muda. Ele declarou o seguinte: “Porque eu, Jeová, não mudo; por isso, vós, os filhos de Jacó, não sois consumidos” (Ml. 3:6). Como podem os cristãos crer num deus que afirma a seus servos uma coisa, e em outra ocasião age de modo contrário, e depois afirma que é imutável? Esse deus deve fazer parte do poder maligno que submeteu toda a criação à vaidade e à servidão da corrupção, da qual falou Paulo em Rm. 8:19-23, que sofreu uma violenta intervenção com a descida de Jesus Cristo a este mundo, mas que só terá fim com a volta de Jesus para buscar os santos.
Se toda a criação ficou sujeita a vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou, e o estado permanente das criaturas é a servidão da corrupção, como pode Jeová ser o juiz desse sistema, que não está sob a direção de Deus, mas de um poder maligno, que destronou a Deus?
Se Jeová é o Deus supremo e infalível, como afirmam os doutores e os pregadores, como permitiu que um poder tenebroso, porém menor, submetesse toda a criação? É o próprio Jeová que afirma que não há deus que se levante contra ele, e ninguém escapa de suas poderosas mãos (Dt. 32:39). E Jeová diz mais: “Este é o conselho que foi determinado sobre toda esta terra; e esta é a mão que está estendida sobre todas as nações. Porque Jeová dos Exércitos o determinou; quem pois o invalidará? E a sua mão estendida está; quem pois a fará voltar atrás”? (Is. 14:26-27). Só que o conselho determinado por Jeová não foi respeitado, e apesar de ter a mão levantada, o poder maligno assumiu a direção de toda a criação, impondo a servidão da corrupção até a volta de Jesus.
Deus, o Pai do Senhor Jesus Cristo, é amor (I Jo. 4:8). E o amor não faz mal (Rm. 13:10). E Paulo aconselha, dizendo: “Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem” (Rm. 12:21). “O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (I Co. 13:7). Deus, que é amor, não entra em guerra com as suas criaturas. Jeová entra em guerra com todo o seu povo, usando como principal arma, o mal: “Porque pus o meu rosto contra esta cidade para mal, e não para bem, diz Jeová” (Jr. 21:10).
O Pai, que só faz o bem, não julga a ninguém, mas deu ao Filho todo o juízo (Jo. 5:22). E como só faz o bem, por amor o mundo, e de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele (Jo. 3:16-17).
Autoria: Pastor Olavo Silveira Pereira