ACEPÇÃO DE PESSOAS 2
Moisés declarou da parte de Jeová, dizendo: “Pois Jeová vosso deus e o deus dos deuses, e senhor dos senhores, o deus grande, poderoso e terrível, que não faz acepção de pessoas, nem aceita recompensas” (Dt. 10:17). Acepção é preferência ou distinção. Por exemplo: Todos os adúlteros eram apedrejados até a morte: “Também o homem que adulterar com a mulher de outro, havendo adulterado com a mulher do seu próximo, certamente morrerá o adúltero e a adúltera” (Lv. 20:10). Mas Davi, o amado de Jeová adulterou com Bat-Seba, mulher de Urias, o heteu, e não foram apedrejados até a morte como os outros adúlteros. E por quê? A única resposta é: Acepção de pessoas. Em lugar de Davi morreu o filhinho inocente e recém-nascido, e em lugar de Bat-Seba morreu o marido fiel e honrado.
Narramos outro caso: “Ó deus, nós ouvimos com os nossos ouvidos, e os nossos pais nos têm contado os feitos que realizastes em seus dias, nos tempos da antiguidade. Como expeliste as nações com a tua mão e os plantastes a eles; como afligistes os povos, e a eles os alargaste” (Sl. 44:1-2). O que Jeová fez foi acepção de pessoas, pois está escrito: “Porque todos pecaram e destituídos foram da glória de Deus” (Rm. 3:23). Se todos pecaram e todos foram destituídos, Jeová não podia expulsar um para colocar outro sem fazer acepção de pessoas. Outro texto que prova que Jeová faz acepção de pessoas diz: “Ele nos submeterá os povos e porá as nações debaixo dos nossos pés” (Sl. 47:3). Debaixo dos pés é sistema escravagista. É colocar um incapaz para governar sobre os incapazes.
Vamos focalizar um escandaloso caso de acepção de pessoas feito por Jeová, protegendo o seu povo em detrimento de outros povos: “E quanto a teu escravo ou a tua escrava que tiveres, serão das gentes que estão ao redor de vós; deles comprareis escravos e escravas. Também os comprareis dos filhos dos forasteiros que peregrinam entre vós, deles e das suas gerações que estiverem convosco, que tiverem gerado na vossa terra; e vos serão, por possessão. E possuí-los-eis por herança para vossos filhos depois de vós, para herdarem a possessão; perpetuamente os fareis servir, MAS SOBRE VOSSOS IRMÃOS, OS FILHOS DE ISRAEL, CADA UM SOBRE SEU IRMÃO, NÃO VOS ASSENHOREAREIS DELE COM RIGOR” (Lv. 25:44-46). Jeová despreza todos os povos em relação a Israel.
Citaremos outro caso, previsto na lei de Jeová, que o enquadra como o deus que faz acepção de pessoas: “Quando te achegares a alguma cidade a combatê-la, apregoar-lhe-ás a paz. E será que, se te responder em paz, e te abrir, todo o povo que se achar nela te será tributário e te servirá” (Dt. 20:10-11).Para ter paz com Israel, segundo a ética política de Jeová, tinha que ser capacho. É o cumulo da acepção e da tirania. Mas a coisa não termina aí. A Escritura Sagrada diz: “Porem, se ela não fizer paz contigo, mas antes te fizer guerra, então a sitiarás. E Jeová teu deus a dará na tua mão; e todo o varão que houver nela passarás ao fio da espada, salvo somente as mulheres, e as crianças, e os animais; e tudo o que houver na cidade, todo o seu despojo, tomarás para ti; e comerás o despojo dos teus inimigos, que te deu Jeová teu deus” (Dt. 20:12-14). Trocando em miúdos, para ilustrar: Um homem chega a seu vizinho, e diz: Você quer ter paz comigo? O vizinho responde: Quero. Então você terá de me servir até a morte, e ainda tem de me pagar tributo a vida toda. Se você não quiser ter paz comigo, Jeová te entregará a mim, e eu te mato; tua mulher e teus filhos serão meus, e teus bens serão também, tá? E esse deus diz que não faz acepção de pessoas?
A Bíblia está recheada de casos em que Jeová faz acepção de pessoas. Jeová declarou para Moisés que é ele quem faz o mudo, e o surdo, e o que vê, e o cego (Ex. 4:11). Ao fazer o cego, o fez inferior ao que vê, e assim fez acepção, ou gosta de torturar.
Jeová, nos dez mandamentos, proíbe cobiçar a mulher do próximo: “Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo” (Ex. 20:17). Isto é o que diz o décimo mandamento. Mas se a mulher não for mulher do próximo, para Jeová pode cobiçar e forçar. O texto sagrado diz: “Quando saíres à peleja contra os teus inimigos, e Jeová teu deus os entregar nas tuas mãos, e tu deles levares prisioneiros, e tu entre os presos vires uma mulher formosa à vista, e a cobiçares, e a queiras tomar por mulher, então a trarás para tua casa; … E será que, se te não contentares dela, a deixarás ir à sua vontade …” (Dt. 21:10-14). A mulher israelita, aos olhos de Jeová, é mais preciosa que a estrangeira porque Jeová faz acepção de pessoas.
“O rico e o pobre se encontraram; a todos os fez Jeová” (Pv. 22:2). Ora, “O pobre fala com rogos, mas o rico responde com dureza” (Pv. 18:23). “O pobre é aborrecido até do companheiro, mas os amigos dos ricos são muitos” (Pv. 14:20). Jeová sabe disso, logo, ao fazer um pobre e outro rico, faz acepção de pessoas.
Um texto diz assim: “Mas, ó homem, quem és tu, que a deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra? E que direis se deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para perdição; para que também desse a conhecer as riquezas de sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou” (Rm. 9:20-23). Se realmente é um deus que fabrica um homem para perdição, e outro para a glória, o homem tem o direito de dizer que este deus faz acepção. Neste caso, acrescentou o pecado da acepção à mentira, e também à falta de misericórdia.
Mas Deus, o Pai, enviou o seu unigênito Filho para salvar os vasos de deshonra, os pecadores, e até os ladrões (Lc. 19:10; 23:39-43; I Tm. 1:15; II Tm. 1:20-21). E Deus, o Pai, se compadece dos desgraçados porque não faz acepção de pessoas. Glória a Deus, o Pai, e glória a Jesus Cristo!
Autoria: Pastor Olavo Silveira Pereira