A LEI DE MOISÉS
Quem lê o Novo Testamento pode ficar confuso com a autoria da lei. Vejamos algumas passagens: Jesus curou um leproso, e ordenou-lhe que a ninguém o dissesse, mas que fosse ao sacerdote, e oferecesse pela sua purificação o que Moisés determinou (Lc. 5:12-14). Quem lê o milagre, pensa que Moisés determinou, mas foi Jeová, e não Moisés. A oferta a que Jesus se referiu está em Lv. 14:4-7. Esta ordenança foi de Jeová. Por que no Novo Testamento se atribui a Moisés? Citemos outro caso: Os fariseus tentaram a Jesus, dizendo: “É licito ao homem repudiar a sua mulher por qualquer motivo?” Jesus respondeu, dizendo que Deus une um casal, que passam a ser um só corpo. E disse que o homem não pode separar o que Deus uniu. Eles então disseram: “Então porque Moisés mandou dar carta de divórcio?”Mas quem mandou dar carta de divórcio foi Jeová, e não Moisés. Isto está em Dt. 24:1-4. Moisés apenas escreveu. Vamos ao terceiro caso: Uns saduceus que não criam na ressurreição, para tentar a Jesus, disseram: “Mestre, Moisés disse: Se morrer alguém não tendo filhos, casará o seu irmão com a mulher dele, e suscitará descendência ao irmão morto. Houve sete irmãos. O primeiro casou, não teve filhos, e morreu. A mulher casou com o irmão, que também morreu sem deixar filhos, e assim os sete casaram com a mulher. Por fim morreu também a mulher. Na ressurreição, qual dos sete será o marido?” (Lc. 20:27-38). Por que os saduceus falaram: “Moisés disse”, se quem ordenou a lei do levirato foi Jeová? (Dt. 25:5-10). O próprio Jesus cita Moisés em lugar de citar Jeová. Falando sobre a tradição dos antigos, disse-lhes: “Vós invalidais o mandamento de Deus para guardardes a vossa tradição. Porque Moisés disse: Honra o teu pai e a tua mãe; e quem maldisser ou o pai ou a mãe, morrerá” (Mc. 7:9-10). Quem falou isto, foi Jeová, na lei (Ex. 20:12; 21:17). Se foi Jeová quem determinou, por que Jesus respondeu que Moisés falou? Que os apóstolos tirassem Jeová do contexto, tudo bem; mas Jesus fazer o mesmo? O evangelista Lucas, falando da circuncisão de Jesus, falou: “E cumprindo-se os dias da purificação, segundo a lei de Moisés, o levaram a Jerusalém, para o apresentar Senhor (segundo o que está escrito na lei do Senhor: Todo macho primogênito será consagrado ao Senhor). E para darem a oferta segundo o disposto na lei do Senhor; um par de rolas ou dois pombinhos” (Lc. 2:21-24). Este texto lança dúvidas, pois começa falando na lei de Moisés no verso 22 e depois fala da lei de Jeová nos versos 23 e 24. De quem é a lei? É de Jeová. Por que então está escrito: “Lei de Moisés”? Depois de ressuscitado, Jesus apareceu aos discípulos, e disse-lhes: “São estas as parábolas que vos disse estando ainda convosco: Que convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, e nos profetas, e nos salmos” (Lc. 24:44).
Em João 1:17, lemos: “Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo”.Este texto prova que Jesus não deu a lei de Jeová, logo nunca foi Jeová, como pretende um grupo de teólogos. E dizendo que a graça de Jesus é a verdade, João sugere que a lei de Jeová não é a verdade. Aqui está um motivo pelo qual Jesus atribuía a lei a Moisés (o bode expiatório). Os judeus criam em Jeová como Deus. Quem falasse qualquer coisa que maculasse a divindade de Jeová, seria punido com a morte.
A verdade, entretanto, é que a lei é de Jeová (Ex. 13:9). E Jeová declara que a lei lhe pertence. “Ao fazer cair do céu o maná, disse: Cada dia colherá a porção para cada dia, para que eu veja se anda na minha lei ou não” (Ex. 16:4). Essa lei foi dada por Jeová a Moisés: “Disse Jeová a Moisés: Sobe a mim, ao monte, e fica lá; e dar-te-ei tábuas de pedra, e a lei, e os mandamentos que tenho escrito, para os ensinar” (Ex. 24:12). Sendo assim, clara a autoria da lei, atribuí-la a Moisés obedecia a uma estratégia para evitar choques mais violentos.
1. “A graça de Deus Pai se há manifestado trazendo salvação a todos os homens” (Tt. 2:11). A graça anulou a condenação da lei para todos, e tornou a lei inútil, já que não condena mais (Hb. 7:18). É por isso que os cristãos salvos por Jesus não estão mais debaixo da lei (Rm. 6:14; 7:6).
2. Deus, o Pai, quer salvar os pecadores, enquanto que Jeová quer destruí-los e matá-los (I Tm. 2:3-4; Gn. 6:7; Sl. 9:17). “Ora, nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado. Mas agora se manifestou sem a lei a justiça de Deus, tendo o testemunho da lei e dos profetas” (Rm. 3:20-21). Concluímos pois que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei (Rm. 3:28).
3. A lei não aperfeiçoa ninguém. Na Epístola aos Hebreus, lemos: “Porque o precedente mandamento é abrogado por causa da sua fraqueza e inutilidade, pois a lei nenhuma coisa aperfeiçoou” (Hb. 7:18-19). Mas Jesus aperfeiçoa. Paulo escreveu: “Anunciamos, admoestando a todo o homem, e ensinando a todo o homem em toda a sabedoria, para que apresentemos todo o homem perfeito em Cristo” (Cl. 1:28).
4. “A lei é santa, o mandamento é santo e bom” (Rm. 7:12). Mas a lei não santifica ninguém, antes, pelo contrário, a lei desperta a concupiscência. “Que diremos pois; é a lei pecado? De modo nenhum; mas eu não conheci pecado senão pela lei; porque eu não conheceria a concupiscência, se a lei não dissesse: Não cobiçarás. Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, obrou em mim toda a concupiscência” (Rm. 7:7-8). E é a concupiscência que leva ao pecado e a morte: “Cada um é tentado quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte” (Tg. 1:14-15).
5. A lei de Jeová inflama a carne: “Porque, quando estávamos na carne, as paixões do pecado, que são pela lei, obravam em nossos membros para darem fruto para a morte” (Rm. 7:5).
6. A lei não vivifica ninguém: “A lei é contra as promessas de Deus? De nenhuma sorte, porque, se dada fosse uma lei que pudesse vivificar, a justiça, na verdade, teria sido pela lei” (Gl. 3:21). Só o Espírito Santo, dado por Jesus, vivifica (Rm. 8:11).
7. A lei de Jeová é um jugo insuportável. Os gentios, isto é, os não judeus, converteram-se aos milhares. Os judeus convertidos à Cristo, mas ainda presos à lei de Jeová, queriam obrigá-los a circuncidar e guardar a lei. Houve grande discussão, e Pedro declarou que querer impor o jugo da lei aos gentios, era tentar a Deus (At. 15:5-10).
8. A lei de Moisés não revela o amor de Deus Pai, mas a ira de Jeová: “Porque a lei opera as ira; porque onde não há lei também não há transgressão” (Rm. 4:15). Mas Jesus Cristo revela o amor de Deus Pai:“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo. 3:16).
9. A lei produz escravos. Paulo declarou: “Dizei-me os quereis estar debaixo da lei, não ouvis vós a lei? Porque está escrito que Abraão teve dois filhos, um da escrava e outro da livre. Todavia o que era da escrava nasceu segundo a carne, mas o que era da livre, por promessa. O que se entende por alegoria; porque estes são os dois concertos, um, do monte Sinai, gerando filhos para a escravidão, que é Agar. Ora, esta Agar Sinai, um monte da Arábia, que corresponde à Jerusalém, pois é escrava com seus filhos” (Gl. 4:21-25). Jesus desceu a este mundo para libertar os escravos (Jo. 8:36).
10. “Todos os que são das obras da lei, estão debaixo de maldição; porque escrito está: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei para fazê-las. E é evidente que pela lei ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá da fé” (Gl. 3:10-11).
“Cristo nos resgatou da lei fazendo-se maldição por nós, porque escrito está: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro” (Gl. 3:13).
A lei de Jeová tem tantas falhas, e é tão imperfeita, que no Novo Testamento, foi atribuída ao homem Moisés, e não a Deus.
Autoria: Pastor Olavo Silveira Pereira