LEI DO AMOR
A lei de Jeová, com seus dez mandamentos, foi dada no monte Sinai, em meio às trevas e à tempestade. Essa lei se acha no livro de Êxodo, capítulo vinte, versos um a dezoito.
A lei do amor foi dada por Jesus Cristo, que disse: “Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis” (Jo. 13:34). Convém lembrar que o mandamento do amor que Jeová deu está em Lv. 19:18, que diz: “Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Digamos que uma pessoa, no seu fraco juízo, gosta de beber e fumar; se ama o próximo como se ama, vai ensiná-lo a fumar e a beber. Se gosta de jogar cartas, vai convidar o amigo a quem ama. Amar o próximo como a si mesmo é de nível inferior e muitas vezes baixo. O amor com que Cristo nos amou é sublime e celestial, amor que tudo renuncia, tudo dá, tudo perdoa, tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. E é essa a medida do mandamento de Cristo. Amar como ele nos amou. Todo cristão deve amar como Cristo nos amou, ou não é cristão. E aquele que assim não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor (I Jo. 4:8).
O amor é superior à lei de Jeová, pois o apóstolo Paulo diz: “A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros: porque quem ama aos outros cumpriu a lei” (Rm. 13:8). (E é óbvio que ama os outros como Cristo amou). E Paulo continua: “Com efeito: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não darás falso testemunho, não cobiçarás, e se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. O amor não faz mal ao próximo. De sorte que o cumprimento da lei é o amor” (Rm. 13:9-10). Se amo ao próximo como Cristo ama, cumpro a lei, pois esse amor é superior à lei. É por isso que o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê (Rm. 10:4).
A lei manda aborrecer o inimigo: “Ouviste o que foi dito: Amarás o teu próximo, e aborrecerás o teu inimigo” (Mt. 5:43). E Jesus prossegue dizendo: “Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus” (Mt. 5:44-45). O amor é superior a lei infinitamente.
Quando o povo ouviu a lei, falada em voz alta do alto do monte, havia fogo, escuridão, trevas, e a tempestade (Hb. 12:18). Mas quem ama está na luz, e nele não há escândalo (I Jo. 2:10), logo o amor é mais sublime e perfeito que a lei.
Ora, se amor é superior à lei, esta não é a verdade pura, por isso João, no seu evangelho, disse:“Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo” (Jo. 1:17). Em outras palavras, a verdade não veio através de Moisés, mas através de Cristo. Se a lei fosse a verdade, Moisés seria o Cristo, e Jesus não precisava ter vindo, visto que o homem seria salvo guardando a lei, mas a salvação só chegou aos homens através de Jesus Cristo (I Tm. 1:15). E a lei de Moisés anula o sacrifício de Cristo fazendo o salvo cair da graça, logo a lei não é só inferior ao amor, mas é inimiga do amor, como lemos em Gl. 5:1-4, que diz: “Estai firmes com a liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a meter-vos debaixo do jugo da servidão. E de novo protesto a todo homem que se deixa circuncidar, que está obrigado a guardar toda a lei. Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei: da graça tendes caído”.
Em segundo lugar, a graça é superior a lei, logo a lei não é verdade, pois a lei imputa o pecado, mas a graça é perdão total (Rm. 5:13). Como na graça há perdão total, Paulo diz: “Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça” (Rm. 6:14). Por ser superior à lei, a graça anulou a força do pecado, que é a lei, por isso Paulo disse: “O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei” (I Co. 15:56). Sem a graça de Cristo, a lei opera na carne as paixões dos pecados, que levam à morte (Rm. 7:5). Mas graças a Deus, agora estamos livres da lei, pois morremos para aquilo em que estávamos retidos; para que sirvamos em novidade de espírito, e não na velhice da letra (Rm. 7:6).
Em terceiro lugar, a fé é superior à lei, pois está escrito: “E de tudo o que, pela lei de Moisés, não pudestes ser justificados, por Jesus é justificado todo aquele que crê” (At. 13:39). Concluímos definitivamente que a lei não é a verdade.
“Nenhuma carne será justificada diante de Deus pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado” (Rm. 3:20). Logo a lei não é a verdade. A lei não torna o homem justo, ou melhor, cumprindo os preceitos da lei o homem não é justo. Davi orou a Jeová, dizendo: “Não entres em juízo com o teu servo, porque à tua vista não se achara justo nenhum vivente” (Sl. 143:2). O apóstolo Paulo nos revela o seguinte: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm. 3:23). “Como está escrito: Não há justo, nenhum sequer” (Rm. 3:10). A lei não é perfeita porque despertas paixões pecaminosas que levam à morte (Rm. 7:5), e também despertando as concupiscências carnais que são imundas (Rm. 7:7-8; II Pd. 2:10), como diz Jeová que o que guarda a lei é justo? “Andando por meus estatutos, e guardando os meus juízos, para obrar segundo a verdade, o tal justo viverá, diz o Senhor Jeová” (Ez. 18:9). “Aos justos nasce a luz nas trevas; ele é piedoso, misericordioso e justo” (Sl. 112:4). É uma grande incoerência lermos tanto no Velho como no Novo Testamento que não há justo sobre a terra, e no Velho Testamento termos cem passagens se referindo á justos.
No Novo Testamento, os justos são os que são justificados por Jesus Cristo, como disse Paulo: “O Qual por nosso pecados foi entregue, e ressuscitou para nossa justificação” (Rm. 4:25). Por que a justificação se opera na ressurreição e não na morte de Cristo? Porque na morte o pecador deixa de existir, pois é condenado, e neste caso só há justificação se o condenado voltar a viver. Ora, Cristo assumiu nossos pecados, e passou a ser culpado em nosso lugar, por isso foi morto na cruz. Mas o Cristo culpado ressuscita de entre os mortos, e justifica os que crêem, e que por fim serão também ressuscitados. Na carta aos Hebreus, lemos: “Assim também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação” (Hb. 9:28). Por que está escrito que aparecerá segunda vez sem pecado? Porque quando morreu era pecador em nosso lugar, mas a ressurreição aniquila o pecado dos que crêem. Concluímos que a fé é superior à lei.
Como vimos, a lei do amor é muito superior à lei de Jeová; a graça de Cristo é muito superior à lei de Jeová; a fé também é muito superior à lei de Jeová; logo o concerto da lei caducou e vai acabar (Hb. 8:13). A lei caducou e se tornou velha e ineficaz (Rm. 7:6). E por que caducou? Porque o ministério da lei, que é o da letra, gravado em pedras, só mata, e por isso é chamado de ministério da morte (II Co. 3:6-7). No Novo Testamento, o ministério do espírito vivifica. O ministério da lei é o da condenação e não de salvação, por isso é transitório (II Co. 3:9-11). É por isso que, corajosamente, o escritor da carta aos Hebreus, assim se refere à lei de Jeová: “Porque o precedente mandamento é ab-rogado por causa da sua fraqueza e inutilidade (pois nenhuma coisa aperfeiçoou) e desta sorte é introduzida uma melhor esperança, pela qual chagamos a Deus” (Hb. 7:18-19). Qual esperança? Crer em Jesus Cristo, pois fora dele não há salvação, e adotar e obedecer à lei do amor, isto é, amar os errados e culpados como Cristo nos amou a nós.
Autoria: Pastor Olavo Silveira Pereira