O SINAL DE JONAS
Os homens são todos iguais. Se iludem com sinais. E os sinais não são exclusivos dos homens de Deus. Os falsos também fazem sinais. Jesus falou, dizendo: “Porque surgirão falsos Cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos” (Mt. 24:24). Os profetas de Satanás são especialistas em sinais e prodígios, segundo Paulo: “A esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira” (II Ts. 2:9). Como os homens gostam de sinais, proliferam os falsos profetas. Mas Jesus não aceitava fazer sinais. Uma vez Jesus expulsou um demônio da mudez, e o mudo falou. A multidão se maravilhou, mas logo alguém disse: Ele expulsa demônios por belzebu, príncipe dos demônios. Outros disseram: Faze um sinal do céu e creremos em ti (Lc. 11:14-16). Eles viram o mudo falar. Para que pedir outro sinal? Jesus não correspondeu o pedido. Em outra ocasião, perto da páscoa, Jesus viu no templo os cambiadores vendendo bois, ovelhas e pombos. Então, com um azorrague, lançou-os fora do templo, dizendo: Não façais da casa de meu Pai casa de venda (Jo. 2:13-16). Os judeus disseram a Jesus: “Que sinal nos mostra para fazeres isto? Jesus respondeu, dizendo: Derribai este templo, e em três dias o levantarei. Disseram os judeus: Em 46 anos foi edificado este templo, e tu o levantará em três dias? Mas Jesus falava do templo do seu corpo” (Jo. 2:18-21). A ressurreição de Jesus foi sinal somente para os seus discípulos (Jo. 2:22). Logo Jesus não fez sinal para os judeus. Noutra ocasião os fariseus perguntaram a Jesus: “Que faremos para executarmos as obras de Deus? Jesus respondeu, e disse-lhes: A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que ele enviou. Disseram-lhe pois: Que sinal pois fazes tu, para que o vejamos, e creiamos em ti?” (Jo. 6:28-30).A resposta de Jesus os confundiu, pois eram incrédulos.
Houve uma vez que Jesus mostrou um sinal, quando os fariseus e saduceus, acercando-se dele, disseram: “Mestre, quiséramos ver da tua parte algum sinal. Jesus, respondeu dizendo: Uma geração má e adultera pede um sinal, porém não se lhes dará outro sinal senão o do profeta Jonas. Pois como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da baleia, assim estará o Filho do homem três dias e três noites no seio da terra” (Mt. 12:38-40). Todos entendem que Jesus falava do tempo que ficou no sepulcro, e por isso criou-se o seguinte problema: Jesus morreu aproximadamente às dezessete horas da sexta feira. Para ficar três dias e três noites no seio da terra, teria de permanecer até segunda feira às dezessete horas. Mas Jesus ressuscitou no domingo, às quatro da madrugada, isto é, trinta e sete horas antes de completar os três dias. Não há explicação para esse mistério, do ponto de vista literal. Só pode ser resolvido espiritualmente, pois Jesus só falava por parábolas: “Tudo isto disse Jesus por parábolas à multidão, e nada lhes falava sem parábolas” (Mt. 13:34). O mesmo declara também o evangelista Marcos (Mc. 4:33-34).
Lucas não diz que o sinal é ficar debaixo da terra. Lucas diz que Jonas é o sinal: “Porquanto, assim como Jonas foi sinal para os ninivitas, assim o Filho do homem o será também para esta geração” (Lc. 11:30). Analisemos a narrativa do livro do profeta Jonas alegoricamente, pois no Salmo 78:2, lemos: “Abrirei a minha boca numa parábola; proporei enigmas da antigüidade”.
+ O mar é figura das nações, povos e línguas (Ap. 17:15).
+ O barco é figura do povo judeu cruzando a história dos reinos deste mundo, pois grandes nações e grandes reinos que oprimiram Israel já não existem, mas Israel persiste até hoje.
+ Jonas dormindo no porão do barco um profundo sono é Jesus, humilde, pobre, sem se manifestar aos homens por trinta anos (Jn.1:5).
+ O mestre do navio, que acordou Jonas, é o Espírito Santo que levou Jesus ao batismo, ponto inicial de sua obra (Jn. 1:6; Mt. 3:13-17). Quando Jesus foi batizado, o céu se abriu, e o Espírito de Deus desceu sobre ele em forma de pomba; e o nome de Jonas se traduz por pomba!
+ A tempestade desencadeada por Jeová, como lemos em Jn. 1:4, foi Jeová cegando os olhos dos fariseus, saduceus, escribas e dos príncipes e sacerdotes do templo de Jeová, pois Paulo nos revela essa verdade: “O deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus” (II Co. 4:4). É claro que Satanás não é Deus, pois é anjo caído (Lc. 10:18). Mas Paulo falou claro: “O DEUS DESTE SÉCULO”. Se dissermos que Satanás é Deus, declaramos que existem dois, mas como só há um Deus, quem cegou foi Jeová, o deus deste século, pois ele mesmo ordenou a Isaías que cegasse o povo (Is. 6:10). E ele mesmo declara que é o deus dos reinos deste mundo: “Jeová é o rei de toda a terra; cantai louvores com inteligência. Deus reina sobre as nações” (Sl. 47:7-8). Logo, Jeová é o deus deste mundo. E foi a cegueira provocada por Jeová que levou os judeus a não crerem em Jesus (Jo. 12:37-41). E também foi desencadeada uma feroz perseguição religiosa contra Jesus, com o intuito de destruí-lo.
+ Jonas atirado ao mar para salvar o barco e os tripulantes, é Jesus sendo rejeitado pelos seus (Jo. 1:10-11). Caifás, o sumo sacerdote profetizou a morte de Cristo (Jo. 11:49-53; Jn. 1:7-15).
+ Jonas engolido pelo peixe é Jesus tragado pelos fariseus e saduceus, e pelos príncipes e sacerdotes do templo (Jn. 1:17). O grande peixe era o poder religioso. Tragado pelo peixe era a certeza que tinham de matá-lo, usando como arma a lei de Jeová. O ditado moderno para esse tipo de crime é: “ESSE TÁ NO PAPO”. Usavam eles a astúcia para pegá-lo em alguma contradição, para poderem matá-lo(Jo. 5:15-16). E também porque Jesus declarava que Deus era seu Pai (Jo. 5:18). Jesus lhes disse:“Não vos deu Moisés a lei? E nenhum de vós observa a lei. Por que procurais matar-me?” (Jo. 7:19). Os judeus, cheios de ira, expulsaram Jesus da cidade e o levaram ao cume de um monte, para dali o precipitarem; mas Jesus se retirou (Lc. 4:28-30). Quiseram apedrejar Jesus, por ter falado que existia antes de Abraão (Jo. 8:56-59). Jesus passava o tempo escapando das mãos assassinas dos perseguidores (Jo. 10:37-39). Era tanta a perseguição que Jesus não tinha descanso. E nem onde reclinar a cabeça (Mt. 8:19-20). Depois da profecia de Caifás, o sumo sacerdote, eles decidiram de uma vez por todas, matá-lo (Jo. 11:49-53). Dai por diante Jesus não podia andar manifestamente às claras (Jo. 11:54).
Jonas no ventre do peixe é linguagem figurada da Bíblia (Jó 20:15-19). Os fariseus afirmavam que Jesus expulsava demônios por Belzebu (Mt. 12:22-24). Chamavam Jesus de Belzebu, escarnecendo (Mt.10:25). Para eles, Jesus era endemoninhado (Jo. 7:19-20, 8:48, 52, 10:20).
A pressão era tão forte que Jesus, nos dias de sua carne, oferecia, com grande clamor e lágrimas, orações e súplicas ao que o podia livrar da morte (Hb. 5:7). Era como se Jesus estivesse no ventre do inferno, entre os religiosos do seu tempo. Nisto, Jonas foi figura perfeita, pois no ventre do peixe: “E orou Jonas a Jeová, seu deus, das entranhas do peixe. E disse: Na minha angústia clamei a Jeová, e ele me respondeu; do ventre do inferno gritei, e tu ouviste a minha voz” (Jn. 2:1-2). E Jesus no ventre dos sacerdotes e dos fariseus, orava, e sua angústia era tanta, que dizia: Pai, se possível, passa de mim este cálice, mas não se faça a minha vontade, mas a tua. E posto em agonia, o seu suor se transformou em grandes gotas de sangue, que corriam até o chão (Lc. 22:42-44). Este é o sinal do profeta Jonas. Não foi propriamente o tempo que ficou no seio da terra, mas a crueldade com que padeceu nas mãos dos religiosos.
Autoria: Pastor Olavo Silveira Pereira