(335) – O REINO DE JEOVÁ

O REINO DE JEOVÁ

            Jeová arrancou com mão forte o povo de Israel do Egito. Levou o povo pelo deserto depois da travessia do mar vermelho, até o monte Sinai. “Lá de cima do monte palpável, aceso em fogo, e à escuridão, e às trevas, e à tempestade, e ao sonido da trombeta, e à voz das palavras, a qual os que  ouviram pediram que se lhes não falasse mais; porque não podiam suportar o que se lhes mandava: Se até um animal tocar o monte, será apedrejado. E tão terrível era a visão que, Moisés disse: Estou todo assombrado, e tremendo” (Hb. 12:18-21).

Nesse cenário tétrico e de terror, Jeová fez o concerto da lei com seu povo, e funda um reino, no qual ele seria o rei: “E vós me sereis um reino sacerdotal e o povo santo” (Ex. 19:6).

A pergunta que fazemos é a seguinte: O reino de Jeová era constituído de vivos ou mortos? Convém explicar que nas Escrituras Sagradas existem dois conceitos de mortos. O primeiro, são os que morrem fisicamente. O segundo são os que pecam, e vivendo fisicamente, para Deus estão mortos. Paulo disse: “Estando nós ainda mortos em nosso pecados, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)” (Ef. 2:5). E Jesus Cristo fala dos dois tipos de mortos, quando um discípulo lhe disse: “Senhor, permite-me que primeiramente vá sepultar o meu pai. Jesus, porém, disse-lhe: Segue-me, e deixa aos mortos sepultar os seus mortos” (Mt. 8:21-22). Quando falamos do reino de Jeová, nos referimos a estes mortos pelo pecado. A pergunta que fizemos é: O reino de Jeová era formado por vivos ou por mortos, isto é, de pecadores ou de não pecadores? Se é de pecadores, então é um reino formado só de mortos.

Mas alguém vai logo responder: O reino de Jeová é formado por vivos, e não por mortos, pois Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos (Mt. 22:32). Mas Paulo diz: “Se pela ofensa de um só, a morte reinou por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por um só – Jesus Cristo” (Rm. 5:17). Ora, a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus (Jo. 1:17). Se só reinam em vida os que recebem a abundância da graça, e esta só chegou com Jesus, e não com Moisés, o reino de Jeová era formado só por mortos. Paulo diz também:“Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram” (Rm. 5:12). Jesus disse:“Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida” (Jo. 5:24).Ora, Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras (I Co. 15:3). Como Cristo morreu pelos nosso pecados, ficamos sem pecado, passamos da morte para a vida, e reinamos em vida com Jesus. Os do Velho Testamento estavam debaixo da lei, e sem o sacrifício de Cristo, logo estavam todos mortos nos pecados. Esse era o reino de Jeová! A vida só entrou através de Jesus Cristo, que disse: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá” (Jo. 11:25). 

O ministério de Jeová era ministério da morte e da condenação, segundo o evangelho de Paulo (II Co. 3:6-9). Logo, o reino de Jeová era só de mortos“Em Jesus Cristo estava a vida, e a vida era a luz dos homens” (Jo.1:4). Ora, o povo de Israel andava em trevas. O salmista disse à respeito do povo de Israel: “Tal como a que se assenta nas trevas e sombra da morte, presa em aflição e em ferro. Por isso que se rebelaram contra a palavra de Jeová, e desprezaram o conselho do Altíssimo” (Sl. 107:10-11). As trevas se ligam à morte, logo o reino de Jeová se ligava aos mortos.

O profeta Isaías diz“Porque com fogo e com sua espada entrará Jeová em juízo com toda a carne; e os mortos de Jeová serão multiplicados” (Is. 66:16). Fala agora o profeta Jeremias“E serão os mortos de Jeová, naquele dia, desde uma extremidade da terra até à outra extremidade da terra; não serão pranteados, nem recolhidos, nem sepultados; mas serão como estrume sobre a face da terra” (Jr. 25:33). Jeová é o deus dos mortos. No Novo Testamento lemos que Cristo participou da nossa carne e do nosso sangue, para que, pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo, e livrasse os cativos (Hb. 2:14-15). Se Jeová é o deus dos mortos, e o diabo tem o império da morte, os dois são sócios.

Quando Jeová condenou Adão à morte, disse: “Tu és pó, e em pó te tornarás” (Gn. 3:17-19). E pó, na linguagem bíblica, é morte. O salmista Davi, disse: “A minha força se secou como um caco, e a língua se me pega ao paladar, e me puseste no pó da morte” (Sl. 22:15). E Jeová, narrando a criação do novo céu e da nova terra, declara que pó será a comida da serpente, igual a Gn. 3:14Se na nova terra e na nova Jerusalém vai haver morte, e o pó será a comida da serpente, Jeová é o deus dos mortos, e o seu reino é formado de mortos (Is. 65:17-25).

Jeová, para castigar o voluptuoso e lascivo Salomão, dividiu o reino em dois. Dez tribos ficariam com Jeroboão, filho de Nebate, e uma tribo, a tribo de Judá ficaria com Roboão, filho de Salomão (I Rs. 11:11, 35-36). Os judeus do tempo de Jesus formavam o remanescente do reino de Judá. E um judeu, que se tornou discípulo de Jesus, lhe disse: “Eu te seguirei, mas permita-me que primeiro vá sepultar o meu pai. Jesus, porém, disse-lhe: Segue-me, e deixa os mortos sepultar os seus mortos” (Mt. 8:21-22). Para Jesus, portanto, o reino de Jeová era formado por mortos. Mortos na carne, e mortos em delitos e pecados.

A lei de Jeová não é pecado, mas faz conhecer o pecado e alimenta a concupiscência (Rm. 7:7). O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei (I Co. 15:56). Paulo declara, que, todos os que ainda estão na carne, as paixões do pecado, que são inflamados pelas proibições da lei, operam nos membros da carne para darem fruto para a morte (Rm. 7:5). Todos os que estão debaixo da lei sucumbem pelas paixões. Como o reino de Jeová era regido pela lei, Jeová é o deus dos mortos e reinava sobre os mortos; mesmo porque se declara o deus de toda a carne (Jr. 32:27).

Lemos na carta aos Hebreus: “Porque é impossível que a sangue dos touros e dos bodes tire os pecados” (Hb. 10:4). Jesus tira os pecados: “E bem sabeis que Jesus se manifestou para tirar os nossos pecados” (I Jo. 3:5). Como os sacrifícios da lei não tiravam os pecados, eram uma enganação e não aperfeiçoava ninguém (Hb. 10:1). E na mesma carta aos Hebreus, lemos: “A lei nenhuma coisa aperfeiçoou, e desta maneira é introduzida uma melhor esperança, pela qual chegamos a Deus” (Hb. 7:19). Vemos aqui, que pelos sacrifícios da lei ninguém chega a Deus, mas chega a Jeová, que se agrada de sacrifícios (Lv. 1:9-17). Como os sacrifícios da lei não tiravam os pecados, todo o povo de Israel, estava debaixo do pecado, e o pecado mata (Ez. 18:4). Vemos assim que o reino de Jeová era reino de defuntos.

Mas Jesus arranca os mortos da mão de Jeová, e lhes dá vida eterna. Jesus declarou: “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida” (Jo. 5:24).

 

Autoria: Pastor Olavo Silveira Pereira

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