(329) – AS DUAS CASAS – II

AS   DUAS   CASAS   2

            Na carta aos Hebreus lemos: “Pelo que, irmãos santos, participantes da vocação celestial, considerai a Jesus Cristo, apóstolo e sumo sacerdote da nossa confissão, sendo fiel ao que o constituiu, como também o foi Moisés em toda a sua casa. Porque ele é tido por digno de tanto maior glória do que Moisés, quanto maior honra do que a casa tem aquele que a edificou. Porque toda a casa é edificada por alguém, mas o que edificou todas as coisas é Deus. E, na verdade, Moisés foi fiel em toda a sua casa, como servo, para testemunho das coisas que se haviam de anunciar; mas Cristo, como Filho sobre a sua própria casa; a qual casa somos nós, se tão somente conservarmos firme a confiança e a glória da esperança até ao fim” (Hb. 3:1-6). O que este texto nos diz?

1- Que há duas vocações: a celestial e a terrena (Hb. 3:1-2). Moisés foi o mediador da vocação terrena, cuja herança eterna é a terra de Canaã (Gn. 17:8). E Jesus foi o mediador da vocação celestial, cuja herança é nos céus. Paulo declarou: “O Senhor me livrará de toda a má obra, e guardar-me-á para o seu reino celestial” (II Tm. 4:18).

2- Não foi Jesus que edificou a casa de Moisés, que é também a casa de Jeová; pois está escrito“Ouvi agora as minhas palavras: se entre vós houver profeta, eu, Jeová, em visão a ele me farei conhecer, ou em sonhos falarei com ele. Não é assim com meu servo Moisés que é fiel em toda a minha casa” (Nm. 12:6-7).

O texto de Hebreus deixa claro que Moisés edificou a casa de Jeová como servo, e Jesus edificou a sua casa, que é a Igreja, cujos membros vão herdar um reino nos céus. Pedro se refere à vocação celestial com as seguintes palavras: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança incorruptível, incontaminável, e que se não pode murchar, guardada nos céus para vós” (I Pd. 1:3-4).

São, portanto, duas casas diferentes, edificadas por líderes diferentes, e com projetos diferentes. O Velho Testamento narra como Moisés, em obediência a Jeová, edificou a sua casa. O Novo Testamento narra como Jesus, em obediência ao Pai, edificou a sua própria casa. Por que dizemos que foi em obediência ao Pai? Porque o Pai não se agradou do projeto de Jeová: “Sacrifício e oferta, e holocaustos e oblações pelo pecado não quiseste, nem te agradaram, (os quais se oferecem segundo a lei” (Hb. 10:8).

         “Então disse: Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, a tua vontade. Tira o primeiro, para estabelecer o segundo. Na qual vontade temos sido santificados pela oblação do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez” (Hb. 10:9-10). Ora, se a casa de Jeová não foi Jesus que edificou, mas sim Moisés, a casa que Jesus edificou é também do Pai e não de Jeová ou Moisés. E Jesus disse: “Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito; vou preparar-vos lugar. E, se eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também” (Jo. 14:2-3).

3- A diferença entre as duas casas reside no método de edificar. A casa de Moisés, que é a de Jeová, foi edificada com as proibições da lei, com repreensão e violência, com as maldições da lei, com pragas e pestes para impor a lei, e com vinganças cruéis pela quebra do concerto da lei. Enfermidades malignas e sem cura (Dt. 28:27); cativeiros e escravidão, humilhação e desonra (Dt. 28:36-37; Lm. 5:3-15). E tudo isso feito com muito prazer e deleite pelo deus Jeová: “E será que, assim como Jeová se deleitava em vós, em fazer-vos bem e multiplicar-vos, assim Jeová se deleitará em destruir-vos e consumir-vos, e desarraigados sereis da terra a qual tu passas a possuir” (Dt. 28:63). E tudo isso antes da morte.

A casa de Jesus Cristo é edificada com amor, perdão, consolação, com a graça da salvação e com a ajuda do Espírito Santo, que guia o cristão (Rm. 8:14), que intercede pelo cristão e ajuda nas fraquezas (Rm. 8:26), que abre os olhos do entendimento (Ef. 1:17-18), que ensina todas as coisas(Jo. 14:26), que revela os mistérios do reino de Deus (I Co. 2:9-10), que na hora oportuna põe as palavras certas na nossa boca (Mt. 10:18-20), que nos dá poder para operar curas e fazer maravilhas(I Co. 12:7-11). Na casa de Moisés a benção é apenas uma promessa, e as maldições são uma cruel realidade. Na casa de Jesus, a maldição foi tirada na cruz (Gl. 3:13), e as bênçãos são realidade incontestável.

4- Na casa de Moisés, satanás tinha permissão para tocar nos inocentes e nos santos, mas na casa de Jesus estão protegidos, e os escolhidos, isto é, os que crêem, recebem poder para vencê-lo e pisar sua cabeça“Sujeitai-vos pois a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tg. 4:7). O apóstolo João nos diz: “Pais, escrevo-vos, porque conhecestes aquele que é desde o princípio. Mancebos, escrevo-vos, porque vencestes o maligno. Eu vos escrevi, filhos, porque conhecestes o Pai. Eu vos escrevi, pais, porque já conhecestes aquele que é desde o princípio. Eu vos escrevi, mancebos, porque sois fortes, e a palavra de Deus está em vós, e já vencestes o maligno”

(I Jo. 2:13-14).

Que diferença, no Novo Testamento, mesmo não sendo santo (pois as igrejas cristãs, todas, pregam que todos pecam, mesmo os nascidos de novo), os cristãos tem podes sobre satanás. E no Velho Testamento, um homem santo como Jó, do qual Jeová falou a satã, dizendo: “Observaste tu a meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem sincero e reto, temente a deus, e desviando-se do mal?” (Jó 1:8). Pois este homem de tão grande envergadura espiritual, não tinha o poder espiritual para vencer o diabo, e o próprio Jeová liberou satã para cirandá-lo. Se Jó vivesse no Novo Testamento, Jesus lhe teria dito: “Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não peca, mas o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca” (I Jo. 5:18).

5- São duas casas com duas heranças diferentes. A casa de Israel e na terra, isto é, neste mundo. O profeta Ezequiel o declara da parte de Jeová, dizendo: “Assim diz Jeová: Eis que eu tomarei os filhos de Israel de entre as nações, para onde eles foram, e os congregarei de todas as partes, e os levarei à sua terra. E deles farei uma nação na terra, nos montes de Israel, e um rei será rei de todos eles; e nunca mais serão duas nações, nunca mais para o futuro se dividirão em dois reinos” (Ez. 37:21-22). “E habitarão na terra que dei a meu servo Jacó, na qual habitaram vossos pais; e habitarão nela, eles e seus filhos, e os filhos de seus filhos, para sempre, e Davi, meu servo, será seu príncipe eternamente” (Ez. 37:25). E Jeová será o rei“E Jeová será rei sobre toda a terra” (Zc. 14:9). O plano de Jeová nunca incluiu um reino fora da terra. Paulo recebeu essa revelação de Jesus: “Porque sabemos que se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus” (II Co. 5:1). E Jesus lhe revelou mais ainda, pois ele disse: “O Senhor me livrará de toda a má obra, e guardar-me-á para o seu reino celestial” (II Tm. 4:18). Na casa de Jesus todos são iguais a Jesus, pois não andam a segunda milha, mas léguas e léguas até ganhar o ofensor. Não oferecem uma ou duas vezes a face para receber o tapa, mas o fazem sempre, dez, vinte, cinqüenta vezes, pois como Cristo não muda, o cristão não muda também, pois o amor tudo suporta (I Co. 13:7).

 

Autoria: Pastor Olavo Silveira Pereira

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