OS REINOS DESTE MUNDO
Jeová, libertou Israel da escravidão egípcia com dez terríveis pragas para castigar o povo que ele mesmo gerou no mal, pois o salmista diz: “Israel entrou no Egito, e Jacó peregrinou na terra de Cão. E Jeová multiplicou sobremodo o seu povo, e o fez mais poderoso que os seus inimigos. Mudou o coração deles para que aborrecessem o seu povo, para que tratassem astutamente os seus servos” (Sl. 105:23-25). Então, pela mão de Moisés, levou o povo até o monte Sinai, e lá fez um concerto, o concerto da lei. E lhe disse: “E vós me sereis um reino sacerdotal e o povo santo” (Ex. 19:6). A tribo de Levi, o terceiro filho de Léia, foi eleito para exercer o sacerdócio, depois da morte de Moisés. Jeová reinava sobre Israel através dos sacerdotes. Era o reino teocrático. Jeová falou: “Eu sou Jeová, vosso santo, criador de Israel, vosso Rei” (Is. 43:15).
Muitos cristãos pensam que Jeová era rei somente em Israel, que era o único povo monoteísta, isto é, que só adorava um deus. Os outros povos eram todos politeístas, isto é, adoravam muitos deuses, e até animais. Bois, vacas, águias, pássaros, dragões, serpentes. Adoravam o sol, a lua, as estrelas. Era um exército de deuses. Pois o que é de espantar, Jeová se declara o rei de todas essas nações. “DEUS É O REI DE TODA A TERRA, DEUS REINA SOBRE AS NAÇÕES” (Sl. 47:7-8). “Quem te não temeria a ti, ó Rei das nações? Pois isto só a ti pertence” (Jr. 10:7). “Porque o reino é de Jeová, e ele governa entre as nações” (Sl. 22:28).
O que é de estranhar é que, Jeová era o deus e o rei dos monoteístas (Israel), e era também o deus e o rei dos politeístas (I Cr. 16:31; II Rs. 19:15; Jr. 48:15). Como pode Jeová proibir a idolatria se era deus dos idolatras? Jeová disse no primeiro mandamento da lei: “NÃO TERÁS OUTROS DEUSES DIANTE DE MIM” (Ex. 20:3). No segundo mandamento proibiu a fabricação de ídolos, sob pena de ter filhos, netos e bisnetos amaldiçoados (Ex. 20:4-6). E era o deus dos povos idólatras? O seu povo ficava confuso. Proibiu a idolatria, e para castigar o seu povo mandou-o para o cativeiro para adorar ídolos? (Dt. 28:36-37; Jr. 16:13). Formou Israel no Egito adorando o boi Apis por quatrocentos anos, e quando fabricaram o bezerro de ouro, os rejeita e manda matar? (Ex. 32:3-10, 25-29). Aquele pobre povo padeceu tanta fome e sede, sofreu tantos castigos no deserto; e durante os trezentos anos do período dos juízes suportou sete cativeiros por cento e onze anos. No final dos juizes, cansado da teocracia, o povo pediu a Samuel um rei. Este consultou a Jeová, que lhe disse: Não é a ti que te rejeitam, mas a mim, para eu não reinar sobre eles (I Sm. 8:4-7). Jeová então escolheu e elegeu a Saul para reinar em Israel em seu lugar (I Sm. 9:16-17). Saul, porém, não correspondeu, e Jeová o rejeitou, colocando Davi em seu lugar (I Sm. 13:14). Além de desobedecer as ordens de Jeová, Saul encheu-se de ciúmes e inveja contra Davi, e procurou matá-lo de todas as maneiras. Jeová confessa que se arrependeu de ter escolhido Saul, dizendo: “Arrependo-me de haver posto a Saul como rei; porquanto deixou de me seguir, e não executou a minha palavra” (I Sm. 15:11).
Após a morte de Saul, Jeová entregou a Davi as suas mulheres, ao todo dez (II Sm. 12:8; 20:3).Estas eram concubinas. As mulheres legítimas, portanto mães dos que haviam de reinar, eram seis. Davi tinha, portanto, dezesseis mulheres. Apesar de ter dezesseis mulheres, Davi, incontinente, cometeu um adultério com Bat-Seba, esposa de Urias, o heteu. Como ela engravidou, Davi mandou matar a Urias. Tendo Davi seis mulheres, fora as concubinas, Jeová escolheu o filho da adúltera para reinar Israel? (II Sm. 12:24; I Cr. 3:1-5, 22:9-10). Jeová colocou Salomão à frente de seis príncipes, pois ele era o décimo, e Adonias o quarto. (A história de Adonias está nos três primeiro capítulos do primeiro livro dos Reis de Israel). Sentado no trono, Salomão teve mil mulheres, pois era voluptuoso e lúbrico (I Rs. 11:1-3). Como a luxúria é a mãe da frouxidão do caráter, Salomão cedeu, e pervertido pelas mulheres, adorou e serviu aos deuses estranhos: Astarote, deusa dos sidônios; Milcom, abominação dos amonitas; Quemós, abominação dos moabitas; e Moloque, abominação dos filhos de Amom (I Rs. 11:4-7). Jeová então, arrancou o reino da linhagem de Davi, dando dez tribos a Jeroboão, filho de Nebate (I Rs. 11:28-36). Deixou apenas uma tribo na mão de Roboão, filho de Salomão.
Mas como Jeová era o rei de todas as nações gentílicas, não é somente em Israel que ele tirava o rei desafeto, e entregava o trono a outro, ainda que fosse mau. Também nos reinos do mundo gentílico Jeová interferia.
O povo judeu estava na Babilônia, em cativeiro, e Nabucodonosor sonhou, mas não lembrava o sonho. Os magos não puderam advinhar, e foram condenados a morte. Daniel e seus três amigos oraram e Jeová revelou o sonho da estátua, cuja cabeça era de ouro, os peitos e os braços de prata, ventre e coxas de cobre, as pernas de ferro, os pés em parte de fero e em parte de barro (Dn. 2:29-33). Daniel então lhe disse: “Tu, ó rei, és rei de reis; pois o deus do céu te tem dado o reino, o poder, a força, e a majestade” (Dn. 2:37). Foi Jeová que entregou os reinos das terras nas mãos de Nabucodonosor. Daniel declarou também que o altíssimo tem domínio sobre os reinos dos homens, e os dá a quem quer, mesmo ao mais baixo dos homens (Dn. 4:17-25). Nabucodonosor era perverso e soberbo, e Jeová falou dizendo: “Eu fiz a terra, o homem, e os animais que estão sobre a face daterra, pelo meu grande poder, e com meu braço estendido, e a dou àquele que me agrada em meus olhos. E agora entreguei todas estas terras na mão de Nabucodonosor, rei de Babilônia, meu servo” (Jr. 27:5-6). Na realidade, quem reina sobre as nações e os reis é Jeová. E é ele quem entrega os reinos na mão dos homens, em geral, perversos, com algumas exceções. Foi Jeová que entregou, mais tarde, todos os reinos do mundo na mão de Ciro, o persa. Ciro mesmo declara: “Assim diz Ciro, rei da Pérsia: Jeová, deus dos céus, me deu todos os reinos da terra, e me encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalém, que está em Judá. Quem há entre vós, de todo o seu povo, Jeová seu deus seja com ele, e suba” (II Cr. 36:23; Ed. 1:1-2). Ciro foi chamado por Jeová de servo (Is. 44:26); chamado por Jeová de messias, isto é, ungido (Is. 45:1); e de pastor de Jeová (Is. 44:28).Mas Ciro era persa, e a religião dos persas era o zoroastrismo, fundada por Zoroastro ou Zaratustra no ano 660 antes de Cristo, que admitia a idéia de dois deuses com poderes iguais e em luta; o deus da luz, cujo nome era “A Huramazda”, e o das trevas, cujo nome era “Angra Mainya”, o demônio. Como pode ser, que Jeová, que afirmava ser o único deus todo poderoso, pôde chamar de servo, pastor e ungido (messias) um rei que cria em dois deuses? Fica provado que Jeová entregava o poder e os reinos na mão dos perversos, como Nabucodonosor, na mão de idólatras que criam no demônio como sendo deus, como Ciro, o persa. E é só ele que entrega os reinos (Dn. 4:17; 5:18-21). Leiamos a história de Satanás: “E o diabo, levando a Jesus a um alto monte, mostrou-lhe num momento de tempo todos os reinos do mundo. E disse-lhe o diabo: Dar-te-ei a ti todo este poder e a sua glória, porque a mim me foi entregue, e dou-o a quem quero” (Lc. 4:5-6). Jesus lhe disse: Vai-te Satanás, mas não negou sua declaração. A pergunta que fazemos é: Quem entregou a Satanás, de mão beijada, todos os reinos deste mundo? Uma coisa é certa. O profeta Ezequiel declara que Jeová entrega na mão dos maus (Ez. 30:12).
Autoria: Pastor Olavo Silveira Pereira