CORDEIRO DE DEUS
Na carta aos Hebreus lemos: “Olhando para Jesus, autor e consumador da fé” (Hb. 12:2). O autor é o criador da obra. É aquele que concebe na mente e no coração. É aquele que apresenta algo que nunca ninguém pensou antes dele. Jesus tem direitos autorais da obra da salvação. Podemos dizer que Jesus engendrou a obra da salvação pela fé.
O arquiteto é o autor do projeto, e a empresa construtora constrói o prédio, isto é, vai consumar a obra. Com Jesus é diferente. Ele concebeu, e ele mesmo concluiu a obra, isto é, consumou, por isso é autor e consumador da fé. E Jesus diz mais sobre o assunto para que não fique dúvida: “Por isso o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-la; Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar, e poder para tornar a tomá-la” (Jo. 10:17-18)
Sendo assim, ninguém persuadiu Jesus a morrer na cruz pelos pecadores perdidos. Ninguém o obrigou a subir naquela cruz maldita. Por que então, no Getsêmani Jesus orou em agonia mortal, dizendo: “Pai, se é possível, passa de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres”
(Mt. 26:39)?
O evangelista Lucas se expressa um pouco diferente: “Pai, se queres, passa de mim este cálice, todavia não se faça a minha vontade, mas a tua”
(Lc. 22:42).
Jesus estava apavorado diante da cruz fatal? Isto pensam muitos. Muitos estudiosos concluíram que Jesus não estava suportando separar-se dos discípulos, a quem amava mais do que a vida. Outros ainda que Jesus, que veio para salvar seu povo, não estava suportando o desprezo e abandono dos que antes o louvaram como rei (Mt. 15:24; 21:4-11). Nós concluímos que Jesus, que nunca pecou, não estava agüentando a carga dos pecados e das imundícias praticados por todos os homens e mulheres de toda a humanidade, maculando o seu corpo imaculado, pois ele nunca pecou. Isaias, profeta, disse:“Jeová fez cair sobre ele os pecados de todos nós” (Is. 53:6). Jesus sorveu o cálice de esterco dos pecadores abomináveis (Sl. 75:8). Com certeza não era medo de morrer na cruz que trazia tamanha agonia para Jesus.
Jesus falou repetidas vezes aos discípulos da sua morte: “O filho do homem será entregue na mão dos homens; e matá-lo-ão, e ao terceiro dia ressuscitará” (Mt. 17:22-23). Repetiu com mais detalhes em Mt. 20:18-19. O Evangelista Lucas narra essa declaração também (Lc. 18:31-33). Uma outra vez, Jesus falou de sua morte e Pedro se opôs. Jesus então disse: “Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo” (Mt. 16:23). Era tal o amor que Jesus tinha pelos perdidos, que morrer era uma paixão. E quem se opusesse era tratado como satanás (Hb. 2:9)
Se Jesus é o autor e consumador da fé como vimos acima, por que está escrito que foi obediente até a morte, e morte de cruz? Se Jesus obedeceu a alguém para morrer na cruz, não é autor e consumador (Fl. 2:6-8). E noutro lugar: “Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu” (Hb. 5:8). Este texto revela que padeceu obedecendo a alguém. Qual a verdade sobre a morte de Jesus na cruz? Comecemos pela profecia de Isaías: “Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada uma se desviava pelo seu próprio caminho; mas Jeová fez cair sobre ele a iniqüidade de todos nós. Ele foi oprimido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a sua boca” (Is. 53:6-7). Quem exigia sacrifício de ovelhas e cordeiros era Jeová (Lv.1:10; 3:7; 4:32). Sendo assim, Jesus como cordeiro é exigência de Jeová. O texto de Isaías, acima, diz que Jesus, como um cordeiro foi levado ao matadouro (Is. 53:7). E diz mais Isaías: “Pela transgressão do meu povo foi ele atingido” (Is.53:8). E Isaías foi mais fundo: “Todavia, a Jeová agradou moê-lo, fazendo-o enfermar.” (Is. 53:10). Ora, se os holocausto e sacrifícios foram ordenados por Jeová, como lemos em Êxodo 20:24; se as ovelhas e cordeiros foram ordenanças de Jeová, Jesus, como cordeiro de deus, é de autoria de Jeová. No Texto de Isaías deveria estar escrito o seguinte: “Jesus agradou-se de ser moído”, ou então: “Foi livremente ao matadouro”. Foi isso que Jesus declarou a Pedro em Mt. 16:20-23, e também em Jo. 10:17-18, quando se declara o bom pastor: “EU SOU O BOM PASTOR; O BOM PASTOR DÁ A SUA VIDA PELAS OVELHAS” (Jo. 10:11). Esta declaração pressupõe que há um mau pastor que tira a vida das ovelhas.
João Batista, ao ver Jesus, bradou: “Eis o cordeiro de deus, que tira o pecado do mundo” (Jo. 1:29). À semelhança dos sacrifícios de cordeiros no Velho Testamento para Jeová perdoar pecados (Lv. 4:32-35), Jesus ia ser morto para que os judeus fossem perdoados, por isso, Caifás, o sumo sacerdote, declarou: “Não considerais que nos convém que um homem morra pelo povo, e que não pereça toda a nação?” (Jo. 11:49-51). Caifás só falou da morte e não da ressurreição. Jesus, quando morreu, era unigênito (Jo. 3:16), mas quando ressuscitou era primogênito, não mais unigênito, pois este morreu para sempre. É por isso que a morte de Jesus não justifica e nem salva. “Ele por nossos pecados foi entregue, e ressuscitou para nossa justificação” (Rm. 4:25). E logo mais a frente, lemos: “Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com deus pela morte de seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida” (Rm. 5:10). A morte de Jesus, o unigênito, não salva ninguém, apenas reconcilia. Mas a ressurreição salva, por isso Paulo disse:“Seremos salvos pela sua vida”.
Em Gn. 22:1 e 2, Jeová provou Abraão, dizendo: “Abraão, toma a teu único filho, a quem amas, vai ao monte Moriá, e ali oferece-o em holocausto a mim”. Jeová pediu o sacrifício. Ora, Abraão é figura de Deus (Lc. 16:22-25). Isaque é figura de Jesus (Rm. 9:9-10; Hb. 11:17-19). EmGn.22:1-2, em figura, o Deus Pai foi desafiado por Jeová a matar o próprio filho unigênito, isto é, o único.
Em Rm. 8:32 lemos que o Pai não poupou o seu Filho, antes o entregou por todos nós. Sendo assim, Jeová pediu e o Pai, por amor a nós, o entregou porque Jesus se prontificou a consumar o plano da salvação, logo Jesus é o autor e consumador. Para resgatar os que Jeová tinha cativos, tinha de obedecer as regras da lei ordenadas por Jeová, e ser imolado como cordeiro. Jesus, no batismo assumiu nossos pecados, por isso, no batismo somos perdoados e lavados (At. 2:38; 22:16). Tornou-se assim pecador não tendo cometido pecado; e Jesus sabia o seguinte: “Horrenda coisa é cair nas mãos do deus vivo” (Hb. 10:31). Todo o furor de Jeová caiu sobre Jesus (Dt. 29:20; 9:13-14). A vingança de Jeová sobre o seu povo caiu sobre Jesus. Mas o Pai, que é amor, ressuscitou a Jesus dentre os mortos. Jesus ressuscitado não é mais unigênito, mas primogênito, pois os que são de Cristo são seus irmãos(Rm. 8:39). Por isso também Jesus é o primogênito dentre os mortos, isto é, o primeiro de uma linhagem (Col. 1:18). “E da parte de Jesus Cristo, que é a fiel testemunha, o primogênito dos mortos e o príncipe dos reis da terra. Aquele que nos ama, e em seu sangue nos lavou dos nossos pecados” (Ap. 1:5).
Para o Pai, Jesus é o Filho unigênito, para Jeová é o cordeiro sem mácula. Para Jeová, segundo a carne, Jesus foi obediente até a morte, para cumprir a lei estabelecida por Jeová (Fp. 2:6-9; Mt.5:17-18). Para o Pai Jesus é o autor e consumador da fé, por isso está escrito: “Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual pelo gozo que lhe estava proposto suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus” (Hb. 12:2).
Autoria: Pastor Olavo Silveira Pereira