CORPO ESPIRITUAL 1
A pergunta é a seguinte: Existe corpo espiritual? O corpo espiritual é invisível, pois não é físico nem material. O apóstolo Paulo declara que há corpo espiritual: “Semeia-se corpo animal, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo animal, também há corpo espiritual” (I Co. 15:44). A idéia que fica nesta declaração de Paulo, é que o corpo espiritual só virá à luz com a ressurreição dos corpos glorificados: “Semeia-se em ignomínia, ressuscitará em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscitará com vigor” (I Co. 15:43). Surge então uma nova pergunta: Terá o cristão condições de antes da morte e durante a peregrinação neste mundo, alcançar um corpo espiritual? Se não existe essa possibilidade, será impossível a santidade neste mundo, e os cristãos estão condenados a cair nas tentações, se dobrar ante o poder da concupiscência carnal, que Pedro chama de concupiscência de imundícia; que Paulo chama de concupiscência do engano que corrompe, e que João declara que é o poder deste mudo que separa o cristão de Deus (I Jo. 2:15-16). Por último, Paulo declara que a concupiscência tem a sua origem na lei de Jeová: “Que diremos pois? É a lei pecado? De modo nenhum: mas eu não conheci o pecado senão pela lei; porque eu não conheceria a concupiscência, se a lei não dissesse: Não cobiçarás” (Rm. 7:7). E o apóstolo Pedro revela que as concupiscências carnais têm como fim destruir a alma do homem (I Pd. 2:11). Estarão os pobres cristãos atrelados ao mundo, à carne, à concupiscência e ao pecado? Se nesta vida não existe o corpo espiritual, esta é a condição miserável dos cristãos, que por estarem presos a um corpo animal estão atados ao pecado neste corpo corruptível!
Mas Paulo fala outra coisa na carta aos Romanos: “Não reine portanto o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas concupiscências; nem tão pouco apresenteis os vossos membros ao pecado por instrumentos de iniqüidade; mas apresentai-vos a Deus, como vivos dentre os mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça” (Rm. 6:12-13).
Supondo que há corpo espiritual, como será esse corpo? Será igual ao nosso corpo físico? Será diferente? Se é diferente é possível ter noção desse corpo? Vejamos: O apóstolo João revela que “o nascido da carne é carne, e o nascido do Espírito é espírito” (Jo. 3:6). E isto disse ele do novo nascimento em Jo. 3:3-6. A comida do corpo espiritual não é arroz, feijão, ou caviar. Jesus disse: “A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e fazer a sua obra” (Jo. 4:34). Jesus jejuou quarenta dias, depois teve fome. E Satanás, tentando-o disse: “Se tu és o filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães. Jesus, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus” (Mt. 4:2-4). Quando Jesus falou: A minha comida é fazer a vontade do Pai e realizar a sua obra, colocou dois objetivos: O primeiro é fazer a vontade do Pai. Qual a vontade de Deus Pai para os cristãos? “Em tudo dai graças; porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco” (I Ts. 5:18). Dar graças a Deus quando se está sendo flagelado não é para qualquer cristão. Os apóstolos, depois do pentecostes, davam com grande poder testemunho de Jesus Cristo. Os judeus encheram-se de furor e deliberaram matá-los. Mas o sábio Gamaliel, fariseu venerado por todo o povo, dissuadiu-os desse plano assassino. Eles então açoitaram os apóstolos e lhes ordenaram que não falassem no nome de Jesus, e os soltaram. Retiraram-se pois da presença do conselho, regozijando-se de terem sido julgados dignos de padecer afronta pelo nome de Jesus (At. 5:32-41). Certamente os cristãos de hoje diriam que Deus os abandonou na mão dos perseguidores para serem publicamente humilhados. Que glória a dos apóstolos; dando graças pela flagelação. Jó dá graças a Deus pela riqueza e pela fartura (Jó 1:5).Satanás lhe tirou os dez filhos, os rebanhos e queimou as casas. Jó ficou na miséria e sem filhos, e deu graças, dizendo: “Jeová deu, e Jeová tomou; bendito seja o nome de Jeová” (Jó 1:21). Jó foi mais glorioso dando graças na miséria e na desgraça que na riqueza e na bênção. Paulo também era assim(Fp. 4:11-13). Para Paulo dar graças a Deus pela falta de comida tinha de falar como Jesus, dizendo:“A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra” (Jo. 4:34).Jesus respondeu a Satanás: “Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus” (Mt. 4:4). Todos têm dois ventres; um físico e um espiritual. Um sente necessidade de pão e o outro tem necessidade da palavra de Deus. O ventre espiritual faz parte do homem nascido do Espírito (Jo. 3:6). Moisés ficou oitenta dias no monte sem comer e sem beber (Dt. 9:9-18). Moisés não morreu ou desfaleceu porque a fome das coisas de Deus era prioridade. Numa igreja, durante uma pregação, um jovem atento à mensagem glorificava a Deus; ao seu lado um outro jovem dormia profundamente. Esaú e Jacó, irmãos gêmeos, eram diferentes. Esaú não tinha corpo espiritual, e por isso vendeu a primogenitura por um prato de lentilhas, porque estava com fome e cansado. Jacó, em contrário, tendo corpo espiritual, desprezou o guisado e ficou com a bênção (Gn. 25:29-34). Esaú, com quarenta anos casou com duas hetéias. Estas mulheres perversas foram uma amargura de espírito para Isaque e Rebeca (Gn. 26:34-35). Esaú é chamado no Novo Testamento de fornicário e profano porque era escravo da comida e do sexo, que são os dois mais fortes apetites do homem animal (Hb. 12:16-17). Jacó, que por ter corpo espiritual não cedeu aos apetites, permaneceu virgem até 78 anos. Provemos isso. Jacó chegou ao Egito com 130 anos (Gn. 47:9). José tinha 39 anos, pois se apresentou a Faraó com 30 (Gn. 41:46), e já se tinha passado 7 de fartura e 2 de fome (Gn. 41:36; 45:6).Tirando 39 de 130 temos a data do nascimento de José, isto é, 91; Jacó gerou José com 91 anos. Jacó passou 20 anos na casa de seu tio Labão (Gn. 31:38), e casou com Léia e Raquel. Deveria ter então casado com 71 anos, mas como serviu primeiro 7 anos, casou com 78 anos. Jacó cultivou de tal maneira o corpo espiritual que o corpo físico, amortecido, não lhe causou problemas que tanto afligem os cristãos dos nossos dias. Qual é o fruto de Jacó? Ele é o pai do reino de Israel. As doze tribos de Israel tem o nome dos doze filhos de Jacó. Jacó era tão vidrado na bênção de Deus, que lutou toda a noite com o anjo de Jeová e o venceu. Para lutar com um espírito é preciso ter um corpo espiritual. E o anjo vencido por Jacó disse: “Deixa-me ir”. Jacó respondeu: “Não te deixarei ir se me não abençoares”. E o anjo o abençoou ali. Mas Jacó afirmou que lutou com o Deus de Israel (Gn. 32:24-30).
Paulo, que tinha corpo espiritual, disse: “Eu subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ser reprovado” (I Co. 9:27).
Autoria: Pastor Olavo Silveira Pereira