(302) – JEROBOÃO

JEROBOÃO

                                                                                                                                                     Quem era Jeroboão? Um efraimita, filho de Nebate, muito hábil e industrioso desde a infância. Salomão, conhecendo suas aptidões fê-lo intendente dos tributos de toda a casa de José (I Rs. 11:28).

“Aconteceu que, saindo Jeroboão de Jerusalém, o encontrou o profeta Aías, o silonita, no caminho, e ele estava vestido de um vestido novo, e sós estavam os dois no campo. E Aías pegou no vestido novo que sobre si tinha, e o rasgou em doze pedaços. E disse a Jeroboão: Toma para ti os dez pedaços, porque assim diz Jeová deus de Israel: Eis que eu rasgarei o reino da mão de Salomão, e a ti darei as dez tribos. Porém ele terá uma tribo, por amor de Davi, meu servo, e por amor de Jerusalém, a cidade que elegi de todas as tribos de Israel. Porque me deixaram, e se encurvaram a Astarote, deusa dos sidônios, a Quemós, deus dos moabitas, e a Milcom, deus dos filhos de Amom; e não andaram nos meus caminhos, para fazerem o que parece reto aos meus olhos” (I Rs. 11:29-33). E Jeová disse mais: “Porém eu não tomarei nada deste reino da mão de Salomão nos seus dias, por amor de Davi. Mas da mão de seu filho tomarei o reino, e a ti to darei as dez tribos dele, e a seu filho darei uma tribo, para que Davi, meu servo, sempre tenha uma lâmpada diante de mim em Jerusalém, a cidade que elegi para pôr ali o meu nome” (I Rs. 11:34-36).

Este texto deixa bem claro que foi Jeová quem escolheu Jeroboão, filho de Nebate, e lhe deu as dez tribos, que formaram o reino do norte. Aconteceu que, Jeroboão pensou o seguinte em seu coração: O templo está em Jerusalém, e o povo irá lá para adorar e fazer sacrifícios. Com isso o coração do povo tornará para Roboão, filho de Salomão, e a mim me matarão (I Rs. 12:26-27). Então o rei Jeroboão fez dois bezerros de ouro, e disse ao povo: Muito trabalho vos será o subir a Jerusalém; vês aqui teus deuses, o Israel, que te fizeram subir da terra do Egito. E pôs um bezerro em Betel, e outro em Dã. E este feito se tornou em pecado diante de Jeová, e o povo se corrompeu (I Rs. 12:28-30).

Jeová então planeja destruir toda a casa de Jeroboão, o homem que ele, o deus de Israel, tinha escolhido para ser o rei das dez tribos. “Eis que trarei mal a casa de Jeroboão, e separarei de Jeroboão todo o homem até o menino, tanto o encerrado como o desamparado em Israel; e lançarei fora os descendentes da casa de Jeroboão, como se lança fora o esterco, até que de todo se acabe. Quem morrer de Jeroboão na cidade os cães o comerão, e o que morrer no campo as aves o comerão, porque Jeová o disse” (I Rs. 14:10-11).

Nesta manobra política tenebrosa de Jeová, ele cometeu no mínimo quatro erros crassos e injustos que não se coadunam com a imagem do Deus amoroso, perdoador e perfeito, revelado por Jesus Cristo no Novo Testamento.

  1. Dividiu o reino de Israel em dois. Não sabia Jeová que o “reino dividido não subsiste?” Foi Jesus, que é um com o Pai, quem revelou essa verdade dizendo: “Todo o reino, dividido contra si mesmo é devastado; e toda a cidade ou casa, dividida contra si mesma não subsistirá” (Mt. 12:25; I Rs. 11:35-36). Divididos, os dois reinos começaram a guerrear entre si. Um Deus verdadeiro sabe isso.
  2. Jeová escolheu um mau homem para reinar sobre as dez tribos. Ora, Salomão declara que Jeová sonda os corações em Pv. 21:2. E declarou mais: “Se disseres: Eis que o não sabemos; porventura aquele que pondera os corações não o considerará? E aquele que atenta para a tua alma não o saberá?” (Pv. 24:12). O profeta Daniel disse: “Ele revela o profundo e o escondido; conhece o que está em trevas, e com ele mora a luz” (Dn. 2:22). Sobre o profeta Jeremias, o próprio Jeová disse: “Antes que te formaste no ventre te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta” (Jr. 1:5). O rei Davi declara que Jeová esquadrinha os corações, e entende todas as imaginações e pensamentos (I Cr. 28:9). E disse mais Davi: “Tu conheces o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento” (Sl. 139:2). Ora, conhecendo Jeová os pensamentos e intenções dos homens, e conhecendo as suas tendências, mesmo antes de nascer, não podia ter colocado um rei perverso sobre Israel, a não ser com a intenção de destruir o reino (o mal de Jeroboão está em I Rs. 12:26-30).
  3.  A terceira injustiça de Jeová está no fato de mandar destruir toda a casa de Jeroboão, incluindo os filhos e as crianças, anulando a sua própria lei, que diz: “Os pais não morrerão pelos filhos, nem os filhos pelos seus pais; cada um morrerá pelo se próprio pecado” (Dt. 24:16; I Rs. 14:10-11).
  4. O quarto erro com injustiça está em que Jeová pôs a culpa de ter escolhido Jeroboão para ser rei sobre Israel. Leiamos o texto: “Jeová rejeitou a toda a semente de Israel, e os oprimiu, e os deu nas mãos dos despojadores, até que os tirou de diante de sua presença. Porque rasgou a Israel da casa de Davi; e fizeram rei a Jeroboão, filho de Nebate. E Jeroboão apartou a Israel de seguir a Jeová, e os fez pecar um grande pecado” (II Rs. 17:20-21). Homem que não reconhece a própria culpa não tem honra nem dignidade. No caso de um deus essa atitude é abominável. Um deus culpando inocentes porque quer destruí-los. Nero fez isso. Mandou incendiar Roma e pôs a culpa nos cristãos porque queria matá-los.

Mas os crimes de Jeová não param aí. Salomão, em oração pediu sabedoria a Jeová. Foi atendido prontamente. Jeová lhe disse: “Eis que te dei um coração tão sábio e entendido, que antes de ti teu igual não houve, e depois de ti teu igual se não levantará” (I Rs. 3:12). A sabedoria foi tão terrena e carnal, que Salomão, o lúbrico, casou com setecentas mulheres princesas, e ainda teve trezentas concubinas para deleite sexual. A sabedoria foi tão terrena e diabólica, que Salomão a usou para oprimir o povo cobrando altos tributos. Pois para alimentar mil mulheres, os servos, os príncipes nos banquetes,“o provimento de Salomão era, a cada dia, trinta coros de flor de farinha, e sessenta coros de farinha. Dez vacas gordas, vinte vacas de pasto, e cem carneiros, afora os veados e as cabras monteses, e os corsos, e as aves cevadas” (I Rs. 4:22-23). Recebia Salomão 666 talentos de ouro cada ano, além dos negócios com outros reis (I Rs. 10:14-15). O jugo imposto por Salomão era tão pesado, que depois da sua morte, o povo foi a seu filho Roboão, o novo rei, suplicando: “Teu pai agravou o nosso jugo; agora, pois, alivia tu a dura servidão de teu pai, e o seu pesado jugo que nos impôs, e nós te serviremos” (I Rs. 12:4)Roboão, abandonando a prudência, e seguindo o louco conselho dos rapazes irresponsáveis que haviam crescido com ele, respondeu ao povo, dizendo: “Meu dedo mínimo é mais grosso que os lombos de meu pai. Assim que, se meu pai vos carregou de um jugo pesado, ainda eu aumentarei o vosso jugo; meu pai vos castigou com açoites, porém eu vos castigarei com escorpiões” (I Rs. 12:10-11). Esta declaração insensata de Roboão causou a separação do reino de Israel em dois. A idéia que nos fica é que Roboão era irresponsável. Mas não é assim. As palavras de Roboão são repetidas no segundo livro das crônicas de Israel, onde se lê: “Assim o rei não deu ouvidos ao povo, porque esta mudança veio de Jeová, para confirmar a palavra falada por Aías, o profeta, a Jeroboão, filho de Nebate” (II Cr. 10:14-15). Incrível. Não foram palavras de Roboão, mas sim palavras de Jeová usando a boca de Roboão para fazer o mal. Se este era o plano de Jeová, ele também usou Salomão para fazer o mal, e assim a sabedoria dada a Salomão era maléfica.

Autoria: Pastor Olavo Silveira Pereira

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