MINISTÉRIO DA MORTE
São palavras do apóstolo Paulo estas: “E se o ministério da morte gravado em pedras com letras, veio em glória, de maneira que os filhos de Israel não podiam fitar os olhos na face de Moisés, por causa da glória do seu rosto, a qual era transitória” (II Co. 3:7). Que é que está se esforçando para explicar? É que o concerto de Jeová, feito com Israel no Monte Sinai, tendo como base as duas tábuas de pedra gravadas pelo próprio Jeová, contendo os dez mandamentos, era o ministério da morte e não da vida. Paulo disse também que o ministério da lei veio em glória porque o rosto de Moisés resplandecia depois que desceu do monte para falar ao povo. E como o povo não pudesse fitar o rosto de Moisés, este o cobria com um véu (Ex. 34:28-35). A terceira coisa que Paulo revela, é que a glória era transitória, ou melhor, estava sendo abolida (II Co. 3:9-11). Paulo declarou também, que o ministério da morte, regido pela lei de Jeová, era também ministério da condenação, e era igualmente glorioso (II Co. 3:9). Morte e condenação não podem vir coroadas de glória, mas de vergonha, ou de dor, ou de separação daquilo que se ama. Como diz Paulo que veio em glória?
O ministério da morte é de Jeová; pois ele deu a lei gravada em duas tábuas de pedra, e a lei acusa, condena e mata. Na lei de Jeová não está previsto o perdão, nem dos homens, e nem de deus (Jeová). Na lei de Jeová, lemos: “Se houver morte, então darás vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, queimadura por queimadura, ferida por ferida, golpe por golpe” (Ex. 21:23-25).
Mas a pergunta continua: Porque o Ministério da Morte veio em glória? A resposta é simples. Jeová declara que é glorificado quando mata as pessoas.
Quando Jeová ia destruir o exército de Faraó pelas águas do mar vermelho, fez as seguintes declarações: “Eu endurecerei o coração de Faraó, para que os persiga, e serei glorificado em Faraó, e em todo o seu exército, e saberão os egípcios que eu sou Jeová” (Ex. 14:4). Mais tarde Jeová deu ordem a Moisés, dizendo: “E tu, levanta a tua vara, e estende a tua mão sobre o mar, e fende-o, para que os filhos de Israel passem pelo meio do mar em seco. E eis que eu endurecerei o coração dos egípcios, para que entrem nele atrás deles; e eu serei glorificado em Faraó, e em todo o seu exército, nos seus carros e nos seus cavaleiros, e os egípcios saberão que eu sou Jeová; quando for glorificado em Faraó, nos seus carros e nos seus cavaleiros” (Ex. 14:16-18). Os filhos de Israel entraram pelo meio do mar em seco, e os egípcios entraram também para os matar e destruir. E Jeová alvoroçou o exército egípcio para não alcançar Israel quebrando as rodas dos carros de guerra. Pela madrugada Moisés estendeu a sua vara sobre o mar depois que Israel passou, e as águas se fecharam novamente (Ex. 14:21-29). O texto termina dizendo:“Assim Jeová salvou Israel naquele dia da mão dos Egípcios; e Israel viu os egípcios mortos na praia do mar”(Ex.14:30). E Jeová foi glorificado na morte de todo o exército egípcio. Isto entra em choque com as palavras do apostolo João, que diz: “E a vida eterna é esta; que te conheçam a ti só, como único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo a quem enviaste” (Jo. 17:3). Neste texto entendemos que a glória de Deus, o Deus verdadeiro, é dar a vida eterna. Deus, o Pai, nada tem a e com a morte. Voltando ao assunto da glória de Jeová, Moisés cantou um cântico: “Jeová é varão de guerra; Jeová é o seu nome. Lançou no mar os carros de Faraó e o seu exército; e os seus príncipes escolhidos afogaram-se no mar vermelho. Os abismos os cobriram; desceram as profundezas como pedras. A tua destra, ó Jeová, se tem glorificado em poder; a tua destra, ó Jeová, tem despedaçado o inimigo” (Ex. 15:3-6). É incrível, mas Jeová se sente glorificado matando os inimigos. Não podemos deixar de lembrar que os egípcios, como inimigos, foram forjados pelo próprio Jeová. No Salmo 105:23-25 lemos que ele mudou o coração dos egípcios para que odiassem o povo de Israel. E depois ainda endurecia Faraó e o povo para que não se convertessem (Ex. 4:21; 7:3; 10:1, 20, 27; Ex. 11:10; 14:4, 17). Os malvados não eram os egípcios; o malvado era Jeová. Em vez de se glorificar na salvação do seu povo, glorificou-se na morte dos egípcios. “Ó Jeová, quem é como tu entre os deuses? Quem é como tu glorificado em santidade, terrível em louvores, obrando maravilhas? Estendes-te a tua mão direita e a terra os tragou” (Ex. 15:10, 12).
Ora, se a glória de Jeová era matar, o ministério da morte veio em glória. Paulo explica que essa glória era transitória e passageira (II Co. 3:7-11). Glória efêmera. E como Moisés foi o mediador desse concerto da morte, quando desceu do Monte Sinai com as tábuas da lei; gravadas em pedras, seu rosto também resplandecia (Ex. 34:29). Paulo explica que o brilho do rosto de Moisés era a glória do ministério da morte (II Co. 3:7).
Glória esquisita. Hoje, os ladrões e assassinos falam da glória dos seus crimes, dizendo: Eu já apaguei quarenta. Jeová também é glorificado matando, pois Isaias diz: “Porque com fogo e com a sua espada entrará Jeová em juízo com toda a carne, e os mortos de Jeová serão multiplicados” (Is. 66:16). “E serão os mortos de Jeová; naquele dia, desde uma extremidade da terra até a outra extremidade da terra; não serão pranteados, nem recolhidos, nem sepultados, mas serão como o estrume sobre a face da terra” (Jr. 25:33). O importante destes textos, é que está escrito: “MORTOS DE JEOVÁ”. Se forem os mortos que dormem em Cristo, como lemos em I Ts. 4:14 e I Co. 15:12-18, mortos estes que deixaram o mundo; crucificaram a carne com suas paixões e concupiscências; deixaram as ambições humanas de tal forma, que são chamados de mortos que morrem no Senhor Jesus (I Ts. 4:16-18). Mas os mortos de Jeová são os condenados ao inferno, vítimas da vingança de Jeová. Este é o ministério da morte, do qual não escaparam nem os que Jeová salvou do Egito (Jd. 5). E os que não entraram foram todos malditos de Jeová; como lemos em Hb. 3:17-19. Pois Moisés também foi proibido de entrar, e assim pereceu junto com os malditos e rejeitados (Dt. 34:1-5).
O ministério de Cristo e dos apóstolos é o ministério da justiça porque Cristo justifica o pecador condenado por Jeová (II Co. 3:6-9; II Co. 5:21). Jesus disse: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo. 14:6). E acerca do Deus, Pai de Jesus, Paulo disse: “Porque isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, que quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade” (I Tm. 2:3-4). Como Jeová condenava e matava, e o Pai só salva, concluímos que Jeová é o deus deste mundo tenebroso, e o Deus Pai nada tem a ver com este mundo de Jeová (Sl. 24:1).
Autoria: Pastor Olavo Silveira Pereira