DRAGÃO 3
Como mostramos no folheto “DRAGÃO 2”, Jeová disse: “Abrirei a minha boca numa parábola; proporei enigmas da antigüidade” (Sl. 78:2). E o apóstolo Paulo nos revela uma parábola de Jeová no Novo Testamento: “Dizei-me os que quereis estar debaixo da lei, não ouvis vós a lei? Porque está escrito que Abraão teve dois filhos. Um da escrava e outro da livre. Todavia o que era da escrava nasceu segundo a carne, mas, o que era da livre, por promessa. O que se entende por alegoria; porque estes são os dois concertos. Um, do monte Sinai, gerando filhos para a servidão, que é Hagar. Ora, esta Hagar é Sinai, um monte da Arábia, que corresponde a Jerusalém que agora existe, pois é escrava com seus filhos. Mas a Jerusalém que é de cima é livre, a qual é mãe de todos nós” (Gl. 4:21-26). Nesta alegoria Paulo revela que o concerto de Jeová é neste mundo; e revela que o povo de Israel, que é povo de Jeová, é escravo da lei. A Jerusalém da terra é a base deste concerto, e Jeová declara que habita na Jerusalém terrena. “Porque Jeová elegeu a Sião; desejou-a para sua habitação, dizendo: Este é o meu repouso para sempre, aqui habitarei, pois o desejei” (Sl. 132:13-14). “Bendito seja Jeová desde Sião, que habita em Jerusalém. Louvai a Jeová” (Sl. 135:21). “E alguns dos chefes dos pais, vindo à casa de Jeová, que habita em Jerusalém, deram ofertas voluntárias para a casa de Deus” (Ed. 2:68). “E vós sabereis que eu sou Jeová vosso deus, que habito em Sião, o monte da minha santidade; e Jerusalém será santidade” (Jl. 3:17).
Ora, Jesus declarou, dizendo: “Vós sois de baixo, eu sou de cima; vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo” (Jo. 8:23). E disse mais: “O meu reino não é deste mundo” (Jo. 18:36). E Paulo declarou: “O Senhor Jesus me livrará de toda má obra, e guardar-me-á para o seu reino celestial” (II Tm. 4:18). São portanto dois reinos com duas cabeças diferentes. Jeová só pregava o reino terreno, e Jesus só pregava o reino celestial, que nunca foi mencionado no Velho Testamento. Jesus falou, dizendo: “A lei e os profetas duraram até João; desde então é anunciado o reino de Deus” (Lc. 16:16). Quando Jeová chamou Abrão, este habitava em Harã, e tinha setenta e cinco anos (Gn. 12:1-4). E o chamou para lhe mostrar a terra dos cananeus como herança eterna. “E te darei a ti, e a tua semente depois de ti, a terra de tuas peregrinações, toda a terra de Canaã em perpétua possessão, e ser-lhes-ei o seu deus” (Gn. 17:8). Mas Estêvão declara outra coisa acerca do chamado de Abrão: “Varões, irmãos, e pais, ouvi. O Deus da glória apareceu a nosso pai Abraão, estando na Mesopotâmia, antes de habitar em Harã, e disse-lhe: Sai da tua terra e dentre a tua parentela, e dirige-te à terra que eu te mostrar. Então saiu da terra dos caldeus e habitou em Harã. E dali, depois que seu pai faleceu, deus o trouxe para esta terra (Canaã) em que habitais agora. E não lhe deu nela herança” (At. 7:2-5). Em Gn. 12:1-4 Jeová chamou Abrão quando morava em Harã. Estêvão, no texto acima de At. 7:2-5, declarou que houve outro chamado, quando Abrão morava em Ur dos Caldeus, portanto Abrão deveria ser muito jovem, pois seu pai morou muito tempo em Harã, e só depois de sua morte Abrão se mudou para Canaã. Certamente foi Jesus, o Deus da glória, que apareceu a Abrão em Ur dos Caldeus, e lhe pregou o evangelho, como lemos em Gl. 3:5-9. E João, sobre isto, revela que Abrão viu o dia de Cristo e se alegrou (Jo. 8:56). E Cristo também lhe falou do reino de Deus, o Pai, e da Jerusalém celestial, e da ressurreição dos salvos, e da cruz, etc.. E Abrão creu em Cristo, de forma que, quando mais tarde, Jeová lhe prometeu a terra de Canaã como herança, Abrão ficou com a herança celestial, isto é, a Jerusalém celestial, e não aceitou a dádiva de Jeová (Hb. 11:8-10). Jeová, frustado porque Abrão ficou firme na promessa futura de Cristo, o levou ao Egito, para lá corromper Sarai, como amante de Faraó; e deu-lhe Hagar, esperando que Abrão caísse com ela, o que não aconteceu, pois Abrão era reto. Sendo o Egito corrupto como lemos em Ez. 23:1-4, 8, 19 e 27, se Jeová levou Abrão e Sarai para o chiqueiro, é óbvio que os queria na lama. A escrava dada a Abrão era formosa e sensual. O projeto era perfeito, para estragar e inviabilizar o plano de Cristo, e configurar o seu plano terreno. O fato é que Abrão voltou do Egito tão fiel como quando entrou, e habitou na terra da promessa de Jeová, como em terra alheia por cem anos, pois foi para Canaã com 75 anos e morreu com 175 (Gn. 25:7). E Abraão, pois foi mudado o seu nome, viveu em Canaã, o presente de Jeová, como estrangeiro e peregrino, com ânsias de partir para a celestial pátria (Hb. 11:13-16).
Sobre Faraó, a escritura diz: “Assim diz Jeová: Eis-me contra ti, ó Faraó, rei do Egito, grande dragão, que pousas no meio dos teus rios, e que dizes: O meu rio é meu, e eu o fiz para mim” (Ez. 29:3). Sobre o Egito, no livro do Apocalipse, falando das duas testemunhas de Jesus, lemos: “E, quando acabarem o seu testemunho, a besta que sobe dos abismos lhes fará guerra, e os vencerá, e os matará, e jazerão seus corpos mortos na praça da grande cidade que espiritualmente se chama Sodoma e Egito, onde o seu Senhor também foi crucificado” (Ap. 11:7-8). A corrupção do Egito, pelo livro do Apocalipse, era igual a corrupção de Sodoma, e também de Jerusalém, que foi amamentada pelo leite impuro do Egito, como lemos em Ez. 23:1-4. E sobre o dragão, que era Faraó, lemos: “E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo” (Ap. 12:9). Este foi o cenário preparado por Jeová para contaminar Sarai, que é figura da nação de Israel, como Abrão é figura do próprio Jeová. Também Jeová introduziu a escrava egípcia na família de Abrão. Como tinha prometido a Abrão um filho (Gn. 15:1-4). Por dez anos Abrão e Sarai esperaram o filho desejado e prometido. Por fim, já desiludida, Sarai força Abrão a se deitar com a egípcia Hagar, e assim gerar o filho prometido. Nasceu o filho de Hagar, que o anjo de Jeová deu o nome de Ismael, e que quer dizer “deus está ouvindo”. Depois do nascimento de Ismael, quando este tinha quatorze anos, Sara, sem o concurso da cópula, concebeu milagrosamente, e nasceu Isaque, o filho prometido, que não é figura de Israel, mas da Igreja, como lemos em Gl. 4:21-26. A figura de Israel é Ismael. Vemos que Faraó, o grande dragão, desempenhou papel importantíssimo no projeto de Jeová, que a influência corrupta do Egito se amalgamou no coração de Israel a tal ponto, que causou a destruição dos dois reinos, e o livro de Apocalipse, escrito mais de cem anos depois de Cristo chama Jerusalém, a cidade onde Jeová habitava de Sodoma e Egito (Ap. 11:7-8). Como Jeová se auto-denomina o oleiro, que fabrica o povo a seu gosto, como o oleiro fabrica o vaso, é o autor da corrupção, e destruição do reino de Israel.
Autoria: Pastor Olavo Silveira Pereira