AS COISAS QUE O OLHO NÃO VIU
O grande apóstolo Paulo faz a seguinte e estonteante declaração: “As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam” (I Co. 2:9). Que é que Paulo está dizendo? Que as coisas preparadas por Deus nunca foram vistas por homem nenhum, nunca foram ouvidas pelo ouvido humano antes de Cristo encarnar, e são coisas tão diferentes das coisas que compõem a esfera deste mundo, que jamais poderia subir ao coração de qualquer homem, isto é, são coisas totalmente alheias as coisas deste mundo. Isto nos leva a concluir, que as coisas que o olho viu, e o ouvido ouviu, e subiram ao coração do homem, não foram preparadas por Deus.
1) Que é que o olho viu e o ouvido ouviu? O povo viu o Monte Sinai ardendo em fogo, e a escuridão, e as trevas, e a tempestade, e ao sonido da trombeta, e à voz das palavras, a qual os que a ouviram pediram que se lhes não falassem mais; porque não podiam suportar o que se lhes mandava: Se até um animal tocasse o monte seria apedrejado. E tão terrível era a visão, que Moisés disse: “Estou todo assombrado e tremendo” (Hb. 12:18-21). Certamente este espetáculo aterrorizante não foi preparado por Deus, o Pai de Jesus e Nosso Pai, pois as que preparou para os salvos nunca o olho viu, nem o ouvido ouviu.
2) Que mais o olho viu e o ouvido ouviu? O povo viu as dez terríveis pragas com as quais Jeová feriu toda a terra do Egito; a praga das águas do Egito que se tornaram sangue (Ex. 7:19). A praga das rãs, que subiram até na cama de Faraó e encheram o Egito (Ex. 8:6-8). A praga dos piolhos (Ex. 8:17). A praga das moscas (Ex. 8:21-24). A praga da peste nos animais (Ex. 9:4-7). A praga das úlceras (Ex. 9:8-12). A praga da saraiva (Ex. 9:23-26). A praga dos gafanhotos (Ex. 10:12-15). A praga das trevas (Ex. 10:21-23). A décima e última praga foi a da morte de todos os primogênitos do Egito, na qual o povo de Israel viu os mortos e ouviu o grande pranto (Ex. 12:29-30). Certamente estas horríveis pragas acompanhadas de lamentos não foram preparadas por Deus, o Pai, pois as que ele preparou, ouvido nenhum ouviu, e olho nenhum viu desde a criação deste mundo.
3) O povo de Israel, saído do Egito, viu o mar vermelho se abrir em dois. As águas pareciam um grande e altíssimo muro à direita e à esquerda; e o povo passou pelo meio do mar em seco por toda a noite. O povo viu também Jeová arrancando as rodas dos carros de guerra de Faraó; e causando grande confusão. O povo viu o ruído do quebra-quebra. Depois viram o mar se fechar destruindo o exército de Faraó. Os corpos mortos foram arrastados para a praia. Um espetáculo macabro; mas tudo isto não foi preparado por Deus, nosso Pai, pois as coisas que ele preparou para os seus, o olho não viu, nem o ouvido ouviu (Ex. 14:21-31).
4) O povo de Israel peregrinou quarenta anos pelo deserto antes de entrar em Canaã, a terra prometida. Foram quarenta anos de castigo e sofrimento, porque não creram, até que toda aquela geração que saiu do Egito morresse no deserto (Nm. 14:28-34). Claro que não foi o Deus que Jesus revelou que preparou esta peregrinação fúnebre de quarenta anos, morrendo de 100 a 150 pessoas por dia. Mais um espetáculo macabro.
5) O povo peregrinando sem rumo quarenta anos, era guiado de dia por uma coluna de nuvem, e de noite por uma coluna de fogo. O texto bíblico diz: “E Jeová ia adiante deles, de dia numa coluna de nuvem, para os guiar pelo caminho, e de noite numa coluna de fogo, para os alumiar, para que caminhassem de dia e de noite. Nunca tirou de diante da face do povo a coluna de nuvem, de dia, nem a coluna de fogo, de noite” (Ex. 13:21-22). Jeová ia adiante do carro fúnebre. O povo caminhava de dia e de noite, condenados à morte. Saíram do Egito com a promessa de receber um lugar de descanso e paz, e agora, caminhando a marcha fúnebre. Iam caindo e morrendo de fome e sede, queimados e ressecados pelo sol ardente. Jamais o Deus Pai faria uma atrocidade destas, pois dele só vem o bem (Tg. 1:17). E o Deus Pai é salvador de todos os homens (I Tm. 4:10). E viram e ouviram muitas coisas mais.
Mas o que é que até os dias de Cristo, o olho não viu, e o ouvido não ouviu? “QUE DEUS É AMOR” (I Jo. 4:8). O amor, que é benigno, “não trata com leviandade, não se ensoberbece, mas é sofredor, não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal, tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha” (I Co. 13:4-8). Que contraste. O deus de Israel era furioso e iracundo (Dt. 32:22; Sl. 7:11; Os. 13:11).
Que mais o ouvido não ouviu e o olho não viu? Que Deus ama os inimigos. E se os ama, não é inimigo de ninguém, pois é, amor (Rm. 5:8-10; I Jo. 4:10).
Há mais coisas que o olho não viu e o ouvido não ouviu? Claro que há. Um pecador não precisa mais ser destruído a fogo como em Sodoma e Gomorra, pois ele pode crer e nascer de novo (Jo. 3:3-6). O bandido que se converte a Cristo pode se tornar uma nova criatura. Paulo nos diz: “Não erreis; nem os devassos, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, herdarão o reino de Deus. E é o que alguns de vós tem sido, mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do Nosso Deus” (I Co. 6:10-11).
Que mais? O novo nascimento é uma nova geração, e os que foram novamente gerados pela palavra da verdade são os primeiros criados pelo Deus Pai (Jo. 3:3-6; Tg. 1:18). O velho homem, descendente de Adão deixa de existir para vir à luz um novo homem justo e santo (Ef. 4:22-24).
E, que mais o olho não viu e o ouvido não ouviu? O apóstolo João o diz: “E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, como Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo a quem enviaste” (Jo. 17:3). No Velho Testamento ver o deus era ser condenado à morte (Ex. 33:18-23). No Novo Testamento, ver a Deus é ter a vida eterna. “A vontade daquele que me enviou é esta; que todo aquele que vê o Filho, e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo. 6:40).
E há mais coisas que o olho não viu. A glória de Deus é dada aos que crêem em Cristo. Mas que glória? Não a glória falada no Sl. 8:4–9, mas a glória do próprio Deus. Jesus disse: “Eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um como nós somos um” (Jo. 17:22). E Paulo diz: “Mas a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu poder” (Fl. 3:20-21). Todas estas coisas, antes de Cristo, o ouvido não ouviu e o olho não viu. GLÓRIA A DEUS!
Autoria: Pastor Olavo Silveira Pereira