Manancial 1
O que é manancial? É uma fonte abundante de água, que corre incessantemente. Uma nascente de águas cristalinas. Na sua epístola universal, Tiago afirma que de um mesmo manancial não pode sair água doce e água amargosa (Tg. 3:11-12). É por isso que Jesus ensinou seus discípulos, dizendo:“Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios d’água viva correrão do seu ventre”(Jo. 7:38). Jesus não falou água amargosa ou água de fel, mas disse: “Rios de água viva”, e outra vez Jesus disse: “Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte d’água que salte para a vida eterna” (Jo. 4:14).
Se Jeová, o deus que se revelou a Israel através de Moisés, é Jesus Cristo, ou é o Pai de Jesus, tem de ser também uma fonte de água doce, água da vida, água do amor e da graça, água da bênção, etc., pois de uma mesma fonte não se pode beber água doce e água amargosa.
1. Jeová declarou: “Quando teu irmão empobrecer, e as suas forças decaírem, então sustentá-lo-ás, como estrangeiro e peregrino, para que viva contigo. Não lhe darás o teu dinheiro com usura, nem darás o teu manjar com interesse” (Lv. 25:35-37). “A teu irmão não emprestarás à usura; nem à usura de dinheiro, nem à usura de comida, nem à usura de qualquer coisa que se empreste à usura; ao estranho emprestarás à usura” (Dt. 23:19-20). Jeová dava água doce a seu povo Israel, e água salgada aos outros povos.
2. “Quando teu irmão empobrecer, estando ele contigo, e se vender a ti, não o farás servir de escravo. No ano do jubileu sairá livre e tornará à sua família, porque são meus servos, que tirei da terra do Egito; não serão vendidos como se vendem os escravos” (Lv. 25:39-42). “E quanto a teu escravo ou a tua escrava que tiveres, serão das gentes que estão ao redor de vós; deles comprareis escravos e escravas, também os comprareis dos filhos dos forasteiros que peregrinam entre vós, deles e das suas gerações que estiverem convosco, que tiverem gerado na vossa terra; e vos serão por possessão. E possui-los-eis por herança para vossos filhos depois de vós; perpetuamente os fareis servir, mas sobre vossos irmãos, os filhos de Israel, não será assim” (Lv. 25:44-46). Jeová é uma fonte cujo manancial jorra água doce e água amarga. Água doce da liberdade para o seu povo Israel, e água amarga da escravidão para os outros povos.
3. Sobre a paz com povos vizinhos, Jeová estabeleceu as condições seguintes: “Quando te chegares a uma cidade para combatê-la, apregoar-lhe-ás a paz. Se te responder em paz, e te abrir as portas, todo o povo que se achar nela te será tributário e te servirá. Porém, se ela não fizer paz contigo, mas antes te fizer guerra, então a sitiarás. E Jeová teu deus a dará na tua mão; e todo varão que houver nela passarás ao fio da espada. Pouparás as mulheres, as crianças, e os animais; e tudo o que houver na cidade, todo o seu despojo tomarás para ti” (Dt. 20:10-14). Se a cidade faz paz, fica pagando tributo para sempre, e com trabalho escravo. Se não faz paz, Jeová, o deus da guerra, os entrega para serem mortos, as mulheres e filhos roubados, e a cidade saqueada. O manancial de Jeová só tinha água doce para Israel; para outros povos era água de fel e amargura. Esse tipo de fonte de águas é condenado por São Tiago.
4. Sobre a guerra, Jeová deu as seguintes instruções a seu povo Israel: “Se diligentemente ouvires a minha voz, e fizeres tudo o que eu disser, então serei inimigo dos teus inimigos, e adversário dos teus adversários” (Ex. 23:22). Água doce para Israel, e água amarga para outros povos, e sem motivo, pois o povo de Israel não era diferente dos outros povos, por isso o apóstolo Paulo declarou, dizendo: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm. 3:23). Deus, o Pai de Jesus, não faz diferença entre os povos, Paulo disse: “Porquanto não há diferença entre judeus e gregos; porque um mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam” (Rm. 10:12). Jeová não agiu dessa maneira no Velho Testamento. Para que Israel fosse escravo no Egito, como os egípcios eram como irmãos dos israelitas por causa de José; Jeová mudou o coração dos egípcios para que odiassem Israel. Lemos isso no Salmo 105:23-25. Depois endureceu o coração de Faraó para não se converter, e por fim matou a todos os primogênitos do Egito. É incrível e cruel que aquele deus, para poder dar água de fel aos egípcios, mudou seu coração de bom para mau. Quando os assírios, 700 anos mais tarde, chefiados por Senaqueribe invadiram Judá, Jeová tomou o lado do seu povo contra os assírios, isto é, água doce para seu povo e água de fel para os assírios, pois o anjo de Jeová matou cento e oitenta e cinco mil assírios numa noite, e acabou com seu exército, e também providenciou a morte de Senaqueribe (II Rs. 19:35-37). O que não se entende é, como o Deus revelado por Jesus no Novo Testamento, deixou todos os povos andarem nos seus próprios caminhos (At. 14:15-16). Jeová prometeu aos filhos de Israel a terra de Canaã como herança, mas os cananeus moravam na terra e eram os legítimos donos. Então Jeová se tornou inimigo dos cananeus. Josué registrou o seguinte: “Não houve cidade que fizesse paz com os filhos de Israel, senão os heveus, moradores de Gibeão, por guerra as tomaram todas. Porquanto de Jeová vinha, que seus corações endurecessem, para saírem ao encontro a Israel na guerra, para os destruir totalmente, como Jeová tinha ordenado a Moisés” (Js. 11:19-20). Água doce para Israel, e água amarga para os povos de Canaã. E sem piedade. Fonte benigna para Israel, e fonte maligna para outras raças. “Nenhum moabita nem amonita entrará na congregação de Jeová; nem ainda a sua décima geração entrará na congregação de Jeová eternamente; porquanto não saíram com pão e água, a receber-vos no caminho, quando saíeis do Egito” (Dt. 23:3-4).
De repente Jeová mudou. Passou a dar água doce para os povos ímpios e perversos, e água de fel para seu povo Israel. Começou dando água doce aos assírios. “Eis que Jeová fará vir sobre eles às águas do rio, fortes e impiedosas, isto é, o rei da Assíria; com toda a sua glória; e subirá sobre todos os seus leitos, transbordando, e passará a Judá, inundando-o” (Is. 8:7-8). Depois deu água doce a Nabucodonosor, seu servo, e água de fel a Judá (Jr. 27:1-8). O próprio povo Judeu declara ter bebido dessa água maligna.“Jeová nosso deus, nos fez calar, e nos deu a beber a água de fel” (Jr. 8:14). E o próprio Jeová disse:“Portanto assim diz Jeová dos exércitos, deus de Israel; eis que darei de comer alosna a este povo, e lhes darei a beber água de fel” (Jr. 9:15); (Alosna é absinto). Jeová disse mais: “Farei em ti o que nunca fiz, e o que jamais farei, por causa de todas as tuas abominações. Porquanto os pais comerão os filhos no meio de ti, e os filhos comerão seus pais; e espalharei o remanescente aos quatro ventos” (Ez. 5:9-10). E Jeová confessa como deu a seu povo essa água de fel. “Quando eu enviar as terríveis flechas da fome contra eles, para sua destruição, as quais eu mandarei para vos destruir” (Ez. 5:16). Tal foi a fome que Jeová produziu, que as mães piedosas cozinhavam e comiam os próprios filhos (Lm. 4:10).
O Deus Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo não serve água de fel. Dele só procede a água doce, pois Deus é amor (I Jo. 4:8). Dele só provém o que é bom (Tg. 1:17). Deus, o Pai, quer que todos se salvem. Os bons e os maus, os justos e os injustos, os pecadores e os santos, os hebreus e os gentios, pois Deus, o Pai, é de todos.
“Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos, e em todos” (Ef. 4:6).
Autoria: Pastor Olavo Silveira Pereira