Jesus é o Deus da paz. “Deixo-vos a minha paz, a minha paz vos dou” (Jo.14:27). “Ora o mesmo Senhor da paz vos dê sempre paz de toda maneira” (2 Ts.3:16). “E a paz de Deus, para a qual também fostes chamados em um corpo, domine os vossos corações” (Col.3:15). “E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus” (Fl.4:7). Somos portadores da paz de Cristo. “Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens” (Rm.12:18). O Cristão está sempre transbordando de paz porque está cheio do Espírito Santo (Rm.14:17-19). Quem não tem paz com todos os homens, e especialmente com os irmãos, não tem o Espírito Santo, ou o extinguiu (1 Ts.5:19).
Se Deus é o Deus da paz e traduziu a sua paz na cruz pela morte de seu Unigênito Filho (2 Co.5:19), surge-nos uma dúvida e uma pergunta: Por que Jeová, que se revelou a si mesmo, era o Deus da inimizade? Logo no início, em Gn.3:15 esta escrito: “E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”.
Satanás deveria ser inimigo da Igreja porque é mau, e não porque Jeová determinou. Ordenando a inimizade, Jeová é igualmente Deus da mulher e Deus de Satanás, pois a serpente é Satanás. Segundo Jeová, a Igreja tem um ponto fraco no calcanhar, e a serpente fere a Igreja que deveria ser pura e Santa, conforme diz o apóstolo Paulo: “Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus, porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo. Mas temo que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo” (2 Co.11:2-3). Satanás feriu o calcanhar de Eva derrubando-a, e Paulo teme que o mesmo aconteça com a Igreja? E Jeová profetiza a obra da serpente que ele mesmo colocou no paraíso para enganar Adão e Eva?
Jeová lançou inimizade entre Caim e Abel, pois aceitou a oferta de Abel e rejeitou a de Caim, sendo eles criaturas primitivas e não tendo consciência das coisas futuras. O sacrifício de Abel foi figura dos sacrifícios da lei, e não do sacrifício de Jesus conforme Hebreus 12:24: “E a Jesus, o Mediador de uma Nova Aliança, e ao sangue da aspersão, que fala melhor do que o de Abel”.
Jeová lançou inimizade entre Ismael e Isaque. A historia foi assim: Sarai era estéril, e como Jeová tinha prometido um filho a Abraão, Sarai entregou a serva Hagar a Abraão para ver se o filho nasceria. Sarai agiu desta forma pois culpou a Jeová da sua esterilidade (Gn.16:2). Hagar deu um filho a Abraão, e nasceu a inimizade entre Sarai e Hagar (Gn.16:5). Quem escolheu o nome foi Jeová. “Multiplicarei sobremaneira tua semente, que não será contada, por numerosa que será. Disse-lhe mais o Anjo de Jeová: “Eis que concebeste e terás um filho, e chamarás o seu nome Ismael, e ele será homem bravo, e a sua mão será contra todos, e a mão de todos contra ele; e habitará diante da face de todos os seus irmãos” (Gn.16:10-12). Alem da inimizade entre Sarai e Hagar, Jeová lançou inimizade entre Ismael e Isaque, isto é, entre os árabes e Israelitas, pois Isaque é o pai dos Israelitas e Ismael o pai dos árabes. Paulo afirma que Ismael perseguia a Isaque (Gl.4:28-29).
Evidentemente Abraão contou a seu filho Isaque que a inimizade foi tramada por Jeová, e Isaque temia ter filhos. Esse temor está em Gn.31:42,53. No hebraico a palavra temor é a mesma de testículo. Sendo assim Isaque temia ter filhos inimigos como aconteceu com Abraão, seu pai. E aconteceu pior. Os filhos de Isaque eram gêmeos e inimigos desde o ventre apesar da oração de Isaque (Gn.25:21-23). “E Esaú queria matar a Jacó, seu irmão” (Gn.27:41). “E Jacó fugiu para não morrer” (Gn.27:41-43).
Jeová criou inimizade entre Leia e Raquel, dando filhos a Leia e não a Raquel (Gn.30:14-15). Os filhos de Leia eram inimigos do filho de Raquel.(Gn.37:3-4). Como inimigos que eram projetaram matá-lo (Gn.37:19-20).
Jeová dividiu o reino de Israel em dois. É claro que Jeová sabia que haveria guerra entre os dois reinos. Judá ficou para Roboão e dez tribos ficaram com Jeroboão (1 Rs.11:35-36). Feita a divisão, Jeová proibiu a guerra entre os dois reinos (1 Rs.12:21-24), mas houve guerra entre Roboão e Jeroboão todos os seus dias (1 Rs.14:30; 15:6-7). Na geração seguinte, houve guerra entre Asa, rei de Judá, e Baasa, rei de Israel (1 Rs.15:16-17).
Jeová sabia que haveria guerra, pois o reino dividido não subsistiria (Mt.12:25). O fato é que Judá e Israel eram inimigos forjados por Jeová. Tudo o que Jeová faz, produz inimizades e confrontos. Até a lei que deu produz inimizade. Leiamos: “Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto, porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede da separação que estava no meio, na sua carne DESFEZ A INIMIZADE, ISTO É, A LEI DOS MANDAMENTOS, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz, e pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades” (Ef.2:13-16).
Quando um muçulmano e um Judeu se convertem a Cristo acabam as inimizades; porem, se ambos permanecem cada um na sua religião de origem, a inimizade permanece. Quem criou a inimizade foi Jeová; o Deus da inimizade, logo ele é contra Cristo, o Deus da paz.
O mais interessante da questão é que Jesus veio a dois mil anos e estabeleceu a benção da paz, mas as inimizades perduram entre árabes e judeus, isto é, entre Ismael e Isaque, provando com isso que as trevas de Jeová, neste mundo, prevalecem sobre a luz de Cristo. Esse mesmo espírito demoníaco da inimizade reina hoje nas igrejas cristãs, onde os tradicionais condenam os pentecostais.
Terminamos este opúsculo perguntando ao leitor: Qual é o teu Deus; o da inimizade ou o da paz. Eles não são os mesmos, mas Jesus Cristo disse: “Eu e o Pai somos um” (Jo.10:30).
Autoria Pastor Olavo S. Pereira