CULTO AOS ANJOS 2
O apóstolo Paulo declarou enfaticamente: “Ninguém vos domine a seu bel-prazer com pretexto de humildade e culto de anjos, metendo-se em coisas que não viu; estando debalde inchado na sua carnal compreensão” (Cl. 2:18). Paulo escreveu esta carta aos colossenses, isto é, aos cristãos da Igreja fundada por Epafras na cidade de Colossos, situada na Ásia Menor. No texto acima, Paulo recomenda muito cuidado com o culto prestado aos anjos na Igreja. A história da Igreja não registra nenhum caso desse culto no Velho Testamento. Desde que Jeová tomou Israel por seu povo, e o libertou do Egito pela mão de Moisés, exigiu adoração exclusiva. Quem prestasse culto a outro deus morreria. “Ouve, Israel, Jeová nosso deus, é o único deus” (Dt. 6:4). “O que sacrificar aos deuses, e não só a Jeová, será morto” (Ex. 22:20). Jeová não perdoava quem adorasse outro deus (Ex. 20:3-5; Dt. 13:11). E até hoje os judeus esperam o Messias de Jeová (Mashia Ben Juseff). Vamos analisar biblicamente, sem opiniões pessoais, apenas citando textos, a natureza de Jeová, começando pelo Monte Sinai, quando o povo recebeu a lei:
Foi Jeová quem falou pessoalmente no Monte Sinai: “E subiu Moisés a deus, e Jeová o chamou do Monte dizendo: Assim falarás à casa de Jacó, e aos filhos de Israel: Vós tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águias, e vos trouxe a mim. Agora, pois, se ouvirdes minha voz, e guardardes o meu concerto, então sereis a minha propriedade particular dentre todos os povos, porque toda a terra é minha; e vós me sereis um reino sacerdotal e o povo santo. Estas palavras falarás aos filhos de Israel. E veio Moisés, e chamou os anciãos do povo, e expôs diante deles todas as palavras que Jeová lhe tinha ordenado. Então todo o povo respondeu a uma vós, e disseram: Tudo o que Jeová tem falado faremos. E relatou Moisés a Jeová as palavras do povo. E disse Jeová a Moisés: Eis que eu virei a ti numa nuvem espessa, para que o povo ouça, falando eu contigo, e para que também te creiam eternamente. Disse também Jeová a Moisés: Vai ao povo e santifica-os hoje e amanhã, e lavem eles os seus vestidos, e estejam eles prontos para o terceiro dia; portanto no terceiro dia Jeová descerá diante dos olhos de todo o povo sobre o Monte Sinai” (Ex. 19:3-11). “E Moisés levou o povo fora do arraial ao encontro de deus; e puseram-se ao pé do monte. E todo o Monte Sinai fumegava, porque Jeová descera sobre ele em fogo; e o seu fumo subiu como o fumo de um forno, e todo o Monte tremia grandemente. E o sonido da buzina ia crescendo grandemente; Moisés falava, e deus lhes respondia em voz alta. E, descendo Jeová sobre o Monte Sinai; sobre o cume do monte, chamou Jeová a Moisés ao cume do Monte; e Moisés subiu. E disse Jeová a Moisés: Desce, e protesta ao povo que não ultrapasse o termo para ver Jeová, afim de muitos deles não perecerem” (Ex. 19:17-21). Logo em seguida, no capítulo vinte de Êxodo, Jeová dita em voz alta os dez mandamentos (Ex. 20:1-17). Acabando Jeová de falar, diz o texto que Moisés chegou às trevas onde Jeová estava (Ex. 20:21). Mas o apóstolo João declara que Deus, o Pai, é luz, e não há nele trevas nenhumas (I Jo. 1:5). Como pode a luz se esconder nas trevas, se a luz espanta as trevas? Só se a luz estiver apagada. No Novo Testamento lemos que Jesus é luz, e quem está perto vê a luz, é iluminado, e anda na luz (Jo. 8:12; 12:46). E Jesus declarou que enquanto está presente, a luz inunda o ambiente, e só voltam as trevas quando se retira (Jo. 12:35). E neste texto Jesus afirma que quem anda em trevas não sabe para onde vai; mas Jeová está em trevas. Há outros textos que revelam que Jeová está em trevas quando ditou os dez mandamentos(Dt. 4:10-13; 5:22-23). No livro de Hebreus lemos que as trevas eram tão medonhas, que o povo não podia suportar aquelas palavras de Jeová, e Moisés ficou todo assombrado e tremendo (Hb. 12:18-21). É que naquelas trevas estavam ocultos os anjos das trevas junto com Jeová. Estevão, o primeiro mártir do cristianismo, declarou as seguintes palavras quando estava sendo julgado pelos sacerdotes: “Vós, que recebestes a lei por ordenação dos anjos, e não a guardaste” (At. 7:53). E eles, ouvindo isto, enfureciam-se em seus corações, e rangiam os dentes contra ele. O apóstolo Paulo revela o mesmo em sua carta aos Gálatas. “Para que é a lei? Foi ordenada por causa das transgressões, até que viesse a posteridade a quem a promessa tinha sido feita, e foi posta pelos anjos na mão de um mediador” (Gl. 3:19). Isto quer dizer que Moisés foi mediador entre os anjos e Israel. No livro aos Hebreus, lemos que quem falou a lei no Monte Sinai foram os anjos (Hb. 2:2). E Estevão também confirmou isso, dizendo sobre Moisés: “Este é o que esteve entre a congregação no deserto, com o anjo que lhe falava no Monte Sinai” (At. 7:38).
Ora, se foi Jeová quem falou no Monte Sinai, e Estevão, e também Paulo, concordam que foi um anjo, esse anjo é Jeová, e por isso se ocultava nas trevas, para que o povo não descobrisse, pois com ele estavam outros anjos das trevas.
Jacó também sabia que Jeová é nome de um anjo. Vejamos: Quando Jacó retornava a sua terra depois de vinte anos, durante uma noite lutou com um varão até que a alva subia. E aquele varão tocou a juntura da coxa de Jacó durante a luta. E o varão suplicou a Jacó dizendo: “Deixa-me ir porque a alva já subiu. E Jacó lhe disse: Não te deixarei ir, se não me abençoares. E o varão disse: Qual é o teu nome? E ele disse: Jacó. E o varão lhe disse: Não se chamará mais o teu nome Jacó, mas Israel; pois como príncipe lutaste com deus e com os homens, e prevaleceste” (Gn. 32:24-28). Este varão que mudou o nome de Jacó para Israel é Jeová, pois em Gn. 35 lemos: “E apareceu Jeová deus outra vez a Jacó, vindo de Padã-Arã, e abençoou-o, e disse-lhe deus: O teu nome é Jacó; não se chamará mais o teu nome Jacó, mas Israel será o teu nome. E chamou o seu nome Israel” (Gn. 35:9-10). Pois o profeta Oséias revela que o deus que lutou com Jacó é anjo. Leiamos: “No ventre pegou do calcanhar de seu irmão, e pela sua força como príncipe se houve com deus. Como príncipe lutou com o anjo, e prevaleceu; chorou, e lhe suplicou. Em Betel o achou, e ali falou conosco; sim, com Jeová, o deus dos exércitos” (Os. 12:3-5). Não há dúvidas. Jeová é anjo que se passa por deus aos olhos do povo de Israel.
Quando Paulo se refere ao culto prestado aos anjos, refere-se a Jeová, que é um deles, pois se nunca houve em Israel culto aos anjos, e Paulo declara que havia, e só se prestava culto a Jeová, o culto aos anjos era o culto prestado a Jeová. Declarou o grande apóstolo: “Portanto ninguém vos julgue pelo comer ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo. Ninguém vos domine a seu bel prazer com pretexto de humildade e culto dos anjos, metendo-se em coisas que não viu; estando debalde inchado em sua carnal compreensão, e não ligado à cabeça” (Cl. 2:16-18). E Paulo continua jogando luz nas trevas: “Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro Evangelho. O qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o Evangelho de Cristo. Mas, ainda que alguns de nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro Evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema” (Gl. 1:6-8).
O mesmo Paulo fala que existem dois Evangelhos. O da incircuncisão e o da circuncisão (Gl. 2:7).Estes dois Evangelhos são o da lei de Jeová, e o da graça de Deus Pai e de Cristo (Tt. 2:11; II Co. 8:9). Quem adora a Jeová como deus e lhe presta culto, estabelece o Evangelho da circuncisão de Jeová, e quem adora e cultua unicamente a Jesus Cristo, estabelece o Evangelho da graça. Paulo declara que quem aceita o evangelho da circuncisão de Jeová, está fora de Cristo e, caiu da graça (Gl. 5:1-4). E disse mais: “Mas eu em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do Evangelho da graça de Deus” (At. 20:24).
Uma coisa é certa. Os que, como nós, aceitam o Evangelho da graça de Deus, amam a todos, oram por todos, ajudam a todos, inclusive os perseguidores. Mas os que adoram a Jeová como deus, perseguem os que descobriram que Jeová é anjo, condenam impiedosamente, e esperam que a maldição de Jeová nos mate. É grande a diferença entre a luz e as trevas.
Autoria: Pastor Olavo Silveira Pereira