COÊRENCIA – 10
Paulo declarou: “Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que agora resiste até que do meio seja tirado; e então será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo sopro da sua boca, e aniquilará pelo esplendor da sua vinda” (II Ts. 2:7-8). A Bíblia é o livro dos mistérios. A sabedoria de Deus está oculta em mistérios (I Co. 2:7). Existe o mistério do trasladamento da Igreja militante (I Co. 15:51). O mistério da graça (Ef. 3:2-3). O mistério do casamento (Ef. 5:32). O mistério do Evangelho (Ef. 6:19). O mistério de Cristo (Cl. 2:2; 4:3). É claro que o mistério da injustiça é mais um dentre tantos (II Ts. 2:7-8).
A teologia tem se ocupado em discernir o mistério da injustiça, interpretando que os versos três e quatro, do capítulo dois, da II Carta aos Tessalonicenses, fala do Anti-Cristo. Mas isto é uma interpretação, pois não está escrita a palavra Anti-Cristo. Segundo essa interpretação, o Anti–Cristo seria um líder político eleito por dez nações para guerrear contra o comunismo russo, que por fim resultaria numa guerra mundial. O mistério da injustiça, segundo essa exegese, seria o império da iniqüidade, pois todas as virtudes, como o amor, a justiça e a bondade, a fidelidade, a honestidade, etc., deixarão de existir nos homens.
Os escritores silenciaram com a falência do comunismo. Certamente estão buscando novas fórmulas para vender livros aos incautos.
O apóstolo João descreve o caráter do Anti-Cristo, que segundo ele, não era um homem, mas um espírito que já estava na Igreja do seu tempo (I Jo. 2:18). O Anti-Cristo não liderava um movimento político, mas era autor de uma doutrina que negava que Jesus era o Messias — o Cristo (I Jo. 2:22). Os sacerdotes, os fariseus, saduceus e escribas tinham o espírito do Anti–Cristo. João disse mais: “Todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne, não é de Deus; mas este é o espírito do Anti-Cristo, do qual já ouviste que há de vir, e eis que está já no mundo” (I Jo. 4:3).
Voltemos ao mistério da injustiça. O mistério do reino de Deus já existia desde a fundação do mundo. O mistério da graça já existia antes da criação deste mundo, e só foi revelado a Paulo (Ef. 3:1-9). Assim também, o mistério da injustiça já existia, e iria ser revelado (II Ts. 2:7-9).
O que é mistério da injustiça? Ora, se a justiça de Deus, o Pai, só foi manifestada aos homens na pessoa de Jesus Cristo, através da cruz, segue-se que antes de Jesus Cristo operava o mistério da injustiça.
Citamos alguns versos bíblicos esclarecedores e comprobatórios.
1. A justiça de Deus começa a se cumprir no batismo de Cristo (Mt. 3:15).
2. Paulo declara: “Aquele que não conheceu pecado, se fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (II Co. 5:21). Ora, se toda a justiça se cumpre no batismo (Mt. 3:15), e se Cristo se fez pecado por nós, para que nele sejamos feitos justiça de Deus, é obvio que no batismo, Cristo assume nossos pecados, para depois morrer na cruz em nosso lugar .
3. É por isso que no batismo somos perdoados (At. 2:38) e lavados (At. 22:16).
4. Israel conhecia a justiça da lei, mas não conhecia a justiça de Deus, que é a fé em Jesus Cristo; e pela lei, procurando estabelecer sua própria justiça, não se sujeitaram a justiça de Deus (Rm. 10:1-3).
5. A lei de Jeová não opera a justiça de Deus, pois o homem só é justificado pela fé em Cristo Jesus(Rm. 3:21-23; 3:28).
6. A justiça de Deus só foi demonstrada quando Cristo foi batizado e morreu na cruz (Rm. 3:26), e não quando Jeová deu a lei 1.600 anos antes.
VAMOS PROVAR QUE O PERÍODO DA LEI OPEROU O MISTÉRIO DA INJUSTIÇA.
1. Os mandamentos da lei de Jeová eram fracos e inúteis, logo operavam o mistério da injustiça (Hb. 7:18).
2. A lei nenhuma coisa aperfeiçoou, logo operava o mistério da injustiça, pois Jeová afirmou que quem guardasse a lei viveria (Lv. 18:5; Ez. 20:11; 20:21; Hb. 7:19).
3. A lei opera as paixões dos pecados, que conduzem à morte e não à vida, logo a lei opera o mistério da injustiça (Rm. 7:5).
4. A força do pecado é a lei de Jeová, logo a lei opera o mistério da injustiça (I Co. 15:56).
5. O mandamento da lei opera a concupiscência carnal, logo, a lei opera o mistério da injustiça (Rm. 7:7-8).
6. A lei é santa, e boa e espiritual, mas o seu efeito é desastroso como vimos acima, logo opera o mistério da injustiça (Rm. 7:12-14).
7. A lei de Jeová constitue o ministério da morte, logo opera o mistério da injustiça (II Co. 3:6-8).
8. O apóstolo Paulo declarou que a justiça da lei era esterco, e sendo ele fariseu zeloso, jogou fora o esterco para ficar com a fé em Cristo (Fl. 3:5-9).
9. Qualquer Cristão que guardar a lei, ou parte da lei caiu da fé, e perde a salvação que há em Cristo(Gl. 5:1-4). Fica provado que a lei opera o mistério da injustiça.
- O absurdo é que, diante de tantas provas bíblicas de que a lei é imperfeita e inútil; e por isso mesmo Cristo mudou a lei (Hb. 7:12; Jo. 13:34), Jeová afirmasse que havia justiça de Deus na lei. Moisés disse da parte de Jeová: “E será para nós justiça quando tivermos cuidado de cumprir todos estes mandamentos perante Jeová, nosso deus, como nos tem ordenado (Dt. 6:25).
- E o profeta Isaías diz inspirado por Jeová: “Ouvi-me, vós que conheceis a justiça, vós, povo, em cujo coração está a minha lei; não temais o opróbrio dos homens, nem vos turbeis pelas suas injúrias, porque a traça os roerá como a um vestido, e o bicho os comerá como a lã; mas a minha justiça durará para sempre, e a minha salvação de geração em geração” (Is. 51:7-8). Que grande mentira! E QUE INCOÊRENCIA! “Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que agora resiste até que do meio seja tirado; e então será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca, e aniquilará pelo esplendor da sua vinda; a esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira, e com todo o engano da injustiça para os que perecerem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem” (II Ts. 2:7-10). O mistério da injustiça existe porque o deus deste mundo cegou o entendimento dos incrédulos (II Co. 4:4).
Autoria: Pastor Olavo Silveira Pereira