JOSÉ E O ABISMO
Como vimos no folheto 178, o abismo é a terra; e foi criado o abismo antes dos homens (Pv. 8:26-27; Sl. 104:5-6). Sendo este mundo onde vivemos um abismo medonho e coberto de trevas, “No princípio criou Deus o céu e a terra. A terra, porém estava sem forma e vazia (caos total). E havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas” (Gn. 1:1-2). A casa preparada por aquele deus para os homens que ia criar, era um abismo tenebroso; um caos total. A idéia de que antes do pecado de Adão, isto aqui era um mar de rosas é inteiramente falso. Jeová afirmou que o caos começou com o pecado, em Gênesis 3:17-19, o que não é verdade. Hoje, a ciência prova que os homens primitivos, que viveram centenas de milhares de anos antes de Adão, viviam num mundo adverso, lutando contra feras e contra a fúria das tempestades. Com o passar dos anos descobriram quais eram as plantas e frutas venenosas, quando morriam por as comer. Eram dizimados por pestes, e tiveram que lutar muito para não serem devorados pelas bestas feras. Em meio ao desespero tiveram de inventar os machados de pedra lascada e lanças pontiagudas, pois viviam no meio de um verdadeiro inferno. Por falar em inferno, encontramos textos bíblicos revelando que inferno e abismo são a mesma coisa. Davi disse: “Jeová, fizeste subir a minha alma da sepultura; conservaste-me a vida para que não descesse ao abismo” (Sl. 30:3).. Na passagem em que Nabucodonosor é figura de Satanás, (segundo a teologia), lemos: “E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, da banda dos lados do norte. Subirei acima das mais altas nuvens, e serei semelhante ao altíssimo. E contudo, levado serás ao inferno, ao mais profundo do abismo” (Is. 14:13-15). Sendo o abismo também o inferno, o anjo e rei do abismo, isto é, do inferno, é Abadon, que quer dizer: “Destruidor” (Ap. 9:11). Quando Jeová declara a Faraó que o abismo o exaltou, está declarando que o poder maligno do inferno, o exaltou (Ez. 31:1-4). O abismo é algo tão medonho e infernal, que os dois mil demônios expulsos do gadareno rogaram a Jesus que não os mandassem para lá (Lc. 8:26-31). Pois bem. No Velho Testamento lemos que José, filho de Jacó, recebeu as bênçãos do abismo, isto é, do inferno. Será isso possível? Quando Jacó, antes de morrer, reuniu seus filhos e os abençoou, na vez de José disse: “Pelo deus de teu pai, o qual te ajudará, e pelo Todo-Poderoso, o qual te abençoará com as bênçãos dos céus de cima, com as bênçãos do abismo que está embaixo” (Gn. 49:22-25). E repete em Dt. 33:13. Da mesma maneira que o céu fica em cima e o inferno embaixo (Pv. 15:24), o abismo fica em baixo e o céu em cima. Mas a pergunta que nos assalta o pensamento é: Quais as bênçãos do abismo conferidas a José? É simples. Foram as bênçãos de Faraó. Recordemos a história: Jacó e toda a sua família habitavam em Canãa (Gn. 37:1). E Jacó amava a José, filho de Raquel, mais que a todos os seus irmãos, que eram onze. Estes, por inveja e ódio venderam-no a uns ismaelitas (Gn. 37:27). Os ismaelitas, por sua vez, indo ao Egito, venderam José a Potifar, eunuco de Faraó (Gn. 39:1). Potifar teve seus negócios multiplicados porque a bênção de Jeová estava sobre José, e Jeová é o deus do ouro e da prata (Gn. 39:1-5). José era formoso de parecer, e por isso a mulher de Potifar pôs os olhos nele, e também tentou seduzi-lo. José escapou, mas seu vestido ficou na mão dela, que sentindo-se desprezada acusou-o diante de Potifar, por vingança (Gn. 39:6-15). Potifar entregou José na casa do cárcere, onde estavam presos o copeiro e o padeiro do rei (Gn. 39:20; 40:1). Estes homens contaram seus sonhos a José, e este os interpretou pela revelação de Jeová. Não é que Jeová conhecesse o futuro, mas ele mesmo é quem manipulava todas as coisas, e o comportamento das pessoas; por isso é que surgiu a doutrina da predestinação, que, se fosse verdade, não adiantaria o condenado se converter; e o salvo podia pecar quanto quisesse, pois na última hora se converteria. A isso poderíamos chamar, o chiqueiro do Senhor. O fato é que, de acordo com os sonhos, o copeiro de faraó, em três dias foi restaurado no seu antigo cargo, mas o padeiro, ao terceiro dia foi enforcado (Gn. 40:1-23).
Aconteceu que Faraó teve um sonho terrível, depois de dois anos. Sonhou que estava em pé diante do rio, e eis que subiam do rio sete vacas, formosas a vista, e gordas de carne, e pastavam no prado. E eis que do rio, subiam após elas outras sete vacas, feias a vista, e magras de carne. E as sete vacas magras comiam as sete vacas gordas. Depois sonhou Faraó outra vez; e eis que brotavam do mesmo pé, sete espigas cheias e boas; e eis que sete espigas miúdas e queimadas do vento oriental, brotavam após elas. E as espigas miúdas devoravam as sete espigas grandes e cheias. Então acordou Faraó, e pela manhã o seu espírito perturbou-se, e mandou chamar todos os adivinhadores, e sábios do Egito. Contou-lhes os sonhos, mas nenhum pode interpretá-los. Vendo Faraó indignado, lembrou-se o copeiro, de José, e narrou a Faraó como interpretara seu sonho. Faraó mandou trazer José da prisão, e este, ouvindo os sonhos, os interpretou da parte de Jeová, dizendo: Os dois sonhos são um só, e deus notificou a Faraó o que vai fazer. As sete vacas gordas são sete anos de fartura, e as sete vacas magras e feias serão outros sete anos de fome. O mesmo quadro se repete nas sete espigas cheias e nas sete espigas miúdas e queimadas. Vai haver sete anos de fartura, e em seguida sete anos de fome. Faraó deve precaver-se cobrando um quinto da produção em todo o Egito por sete anos, para enfrentar os outros sete anos de fome. O espírito de Faraó se acalmou, e disse a José: “Tu estarás sobre a minha casa, e por tua boca se governará todo o meu povo; somente no trono eu serei maior que tu. Toma o meu anel na tua mão. E Faraó vestiu José de vestes principescas, e colocou um colar de ouro no seu pescoço. E o fez subir no segundo carro que tinha, e clamavam diante dele: AJOELHA! E disse Faraó a José: Eu sou Faraó, porém ninguém levantará a mão ou o pé em toda a terra do Egito.” Estas são as bênçãos do abismo, profetizadas por Jacó em Gn. 49:25 e por Moisés em Dt. 33: 13. José recebeu as bênçãos do inferno? Se abismo e inferno são a mesma coisa, foi isso mesmo que recebeu. E Jacó também, pois José o levou para o Egito com toda a família. Mas quem é Faraó para poder dar as bênçãos do inferno? Faraó é o dragão. Quem diz é o profeta Ezequiel. “Assim diz o Senhor Jeová: Eis-me contra ti, ó Faraó, rei do Egito, grande dragão, que pousas no meio dos teus rios” (Ez. 29:3). E quem é o dragão? “E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada diabo e satanás, que engana todo o mundo” (Ap. 12:9). Ora, se o diabo é o dragão, Faraó é figura de Satanás, e a bênção do abismo que José recebeu vindo de baixo, foi dada por Satanás, o príncipe deste mundo. Pode um homem justo, puro, fiel e santo como José ser entregue por Jeová na mão de Satanás? Claro que pode, pois se Jeová entregou o fiel e justo Jó na mão de Satanás, porque concordaram ambos que na provação e na dor Jó blasfemaria de Deus, porque não entregaria também a José? A um provou com miséria e angústia, e a outro provou com poder e glória. No caso de José há um detalhe que deve ser observado, Jacó declarou que quem deu a José as bênçãos do abismo, isto é, do inferno, foi Jeová, o todo-poderoso (Gn. 49:25). Quais são as bênçãos do inferno? Riqueza, poder e glória, poder secular, poder político; todas as coisa que põem em risco a alma dos homens.
José, entretanto faz uma declaração. Toda essa história foi planejada e executada por Jeová (Gn. 45:4-8). E o que planejava? O cativeiro no Egito e a corrupção do seu povo, pois Ezequiel diz: “Houve duas mulheres, filhas de uma mãe. Estas prostituíram-se no Egito; prostituíram-se na sua mocidade; ali foram apalpados os seios da sua virgindade” (Ez. 23:2-3). É claro que o todo poderoso poderia ter evitado isso, pois disse: “Eu sou o oleiro, e vós o barro”(Jr. 18:6).
Autoria: Pastor Olavo Silveira Pereira