LADRÕES E SALTEADORES
Jesus fez pronunciamentos que tem dado dor de cabeça aos teólogos e estudiosos das Sagradas Escrituras. Uma delas, reproduzimos aqui: “Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não os ouviram. Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens. O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo. 10:8-10). A quem Jesus se referia, quando disse; todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores? Referia-se a Assur, deus dos Assírios? Amom, deus dos Egípcios? Dagon, deus dos filisteus? Marduque, deus dos babilônicos? Ormuzd, deus dos persas? Zeus, deus grego? Eram às centenas os deuses. A quem Jesus se referia? “A TODOS”. Por que Jesus não excetuou o deus de Israel? Por que não ressalvou o nome Jeová? Jesus foi categórico dizendo: TODOS QUANTOS VIERAM ANTES DE MIM. Não estamos acusando nenhum nome.
Analisemos a vida e a doutrina de Jesus Cristo, para tirarmos alguma conclusão sobre o assunto em questão. Nós vivemos, todos os homens, numa esfera material e física; Jesus viveu em outra esfera, a espiritual. Vejamos o que pregou: “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e os ladrões minam e roubam, mas ajuntai tesouros no céu, onde não há traças nem ladrões” (Mt. 6:19-20). A riqueza de Jesus é na esfera espiritual. Ele disse aos escribas e fariseus, os religiosos do seu tempo: “Vós sois de baixo, eu sou de cima; vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo” (Jo. 8:23). A salvação que Jesus pregava, era para arrancar o homem da esfera material e assim adequá-lo para viver na esfera espiritual do reino de Deus, que não faz parte deste mundo (I Jo. 2:15-17; Tg. 4:4; Jo. 17:13-16).
Jesus, ao ser crucificado, o foi entre dois ladrões e salteadores (Mt. 27:38; Lc. 23:39-41). É assombroso que Jesus pregou e viveu o amor, e foi morto como ladrão (Jo. 13:34; 15:13). Pregou a virtude e a caridade, e foi morto como ladrão e salteador (Mt. 6:19-20; 19:16-24). Jesus foi humilde e pregou a humildade, e foi morto como ladrão (Mt. 11:29; Is. 53:2-3). Jesus renunciou a tudo e pregou a renúncia, mas foi morto como ladrão (II Co. 8:9; Fl. 2:4-8; Lc. 14:33). Jesus pregou a justiça, mas foi morto como ladrão (Mt. 5:20). Jesus era o Messias prometido e esperado para assentar no trono de Davi e dominar os reinos deste mundo com vara de ferro, mas foi rejeitado, despojado, escarnecido e crucificado. Quem foram os salteadores que saquearam espiritualmente a Jesus? Foram seus patrícios, os judeus. Foram os príncipes e sacerdotes que incitaram os escribas e fariseus, e estes por sua vez incitaram o povo; e a massa gritava a Pilatos: crucifica-o, crucifica-o . Pedro afirma que foram os Judeus que o crucificaram (At. 2:36). Os soldados romanos apenas deram cumprimento ao pedido dos Judeus, pois Pilatos disse: “Eu lavo as minhas mãos do sangue deste justo” (Mt. 27:23-31). Há outros textos que imputam aos judeus a responsabilidade da morte de Jesus (At. 3:14-15; 5:30; 13:27-32).
No Velho Testamento, e no tempo dos Assírios, Babilônicos, Persas, Gregos e Romanos, as cidades fortificadas eram objeto da cobiça dos reis, que formavam grandes exércitos para assaltar, saquear, tomar mulheres e escravos. Era uma carnificina. O reino vencido ficava tributário. Esse método desumano foi usado por Israel a mando de Jeová. Leiamos o texto: “Quando te chegares a uma cidade a combatê-la, apregoar-lhe-ás a paz. E será que, se te responderem em paz, e te abrir, todo o povo que se achar nela te será tributário e te servirá” (Dt. 20:10-11). “Mas se te resistir, então a sitiarás, e Jeová teu deus a dará na tua mão, e passarás a fio de espada todo o varão, salvo somente as mulheres e as crianças e os animais; porém, todo o despojo tomarás para ti” (Dt. 20:12-14). A história dos povos enquadra o povo de Jeová, como um bando de nômades que andavam assaltando, matando e saqueando outras tribos. E sob o comando de Jeová. Sendo assim, Jeová nada acrescentou no desenvolvimento social e cultural do seu povo.
Quando os povos em geral evoluíram socialmente e culturalmente, o deus Jeová se tornou paciente, meigo e salvador?
Hoje, a barbárie, o ódio, o vício, as atrocidades, a corrupção, as taras, o crime organizado, o tráfico, a corrupção de menores, o terrorismo, sequestros, chacinas, prostituição, tudo aumenta com a evolução do homem, e deus tolera? Incoerência. Mas voltamos ao passado: Jeová ensinou o seu povo a assaltar e saquear. Leiamos os textos bíblicos dessa escola divina. Sofonias, profeta que profetizou antes do cativeiro babilônico, portanto, entre 640 AC e 587 AC, quando Judá foi para o cativeiro, declarou da parte de Jeová: “Tão certo como eu vivo, diz Jeová dos exércitos, o Deus de Israel, Moabe será como Sodoma, e os filhos de Amom como Gomorra, campo de ortigas e poços de sal, e assolação perpétua; o resto do meu povo os saqueará; e os possuirá” (Sf. 2:9). Mil anos antes fez seu povo saquear o Egito (Ex. 3:19-22; 12:35-36). Na ocupação de Canãa, chefiados por Josué, ordenou o saque dos povos de Canãa depois dos assaltos (Js. 6:19, 21, 24). Durante os mil anos seguintes, entregou Israel ao saque e aos assaltantes, por causa da desobediência. “A ira de Jeová se acendeu contra Israel, e os deu na mão dos roubadores, e os roubaram; e os entregou na mão dos inimigos em redor, e não puderam estar de pé diante dos inimigos. Por onde quer que saiam, a mão de Jeová era contra eles para mal” (Jz. 2:14-15). Nesse período dos juízes foram 380 anos de saques contra Israel. Quando Nabucodonosor destruiu Jerusalém, saqueou e destruiu o templo de Jeová (II Cr. 36:18-19). Isso aconteceu no ano 587 AC.
Mas, Jeová prometeu restaurar o trono de Davi; promete levantar um rei para reinar com vara de ferro sobre as nações. Disse Jeová: “Eu, porém, ungi o meu rei sobre o meu santo monte de Sião. Recitarei o decreto: Jeová me disse: Tu és meu filho, eu hoje te gerei. Pede-me e eu te darei as nações por herança, e os fins da terra por tua possessão. Tu os esmigalharás com uma vara de ferro; tu os despedaçarás como a um vaso de oleiro” (Sl. 2:6-9). É claro que isso ainda não aconteceu, e a Igreja aguarda ansiosa o cumprimento dessa profecia, que será cumprida num tempo onde os povos estarão evoluídos socialmente, culturalmente, e historicamente, isto é, no tempo das viagens interplanetárias, da energia nuclear, do conhecimento do genoma humano, isto é, o conhecimento do DNA, o código da vida.
Neste tempo de tanta evolução científica, Israel será restaurado. O Messias se assentará no trono de Davi. “Os filhos dos estrangeiros edificarão os teus muros, e os seus reis te servirão. As tuas portas não se fecharão, e estarão abertas continuamente, para que tragam a ti as riquezas das nações, porque a nação ou reino que não te servirem, perecerão e serão assolados” (Is. 60:10-12). “Vos sereis chamados sacerdotes e ministros de Jeová; e comereis a abundância das nações” (Is. 61:6). O que estes textos revelam é que os povos serão tributários debaixo do jugo hebreu, ordenado por Jeová. Os povos tendem a evoluir historicamente, cientificamente e culturalmente. Jeová não, pois ele não muda (Ml. 3:6). Seu governo será sempre draconiano e truculento segundo a profecia. O reino de Cristo será diferente. Paulo declarou. “O reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz, e paz, e alegria no Espírito Santo”(Rm. 14:17). Se Jesus fosse aprovar no futuro a política de Jeová, não teria dito: “Os que vieram antes de mim, são ladrões e salteadores” (Jo. 10:8).
Autoria: Pastor Olavo Silveira Pereira