A FÉ E A LEI
Pergunta-se: Que é a fé? A bíblia dá uma resposta: “A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem” (Hb. 11:1). Fé é uma coisa que ninguém vê, só o que a tem, e porque tem fé, tem esperança de conseguir. Isso é fé.
Mas que é fé? Para o cristão, fé é crer em Jesus Cristo, como único e suficiente Salvador. Por que único? Pedro disse: “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens pelo qual devamos ser salvos” (At. 4:12). Com estas palavras Pedro está declarando que todos neste mundo estão perdidos e condenados; e precisam ser salvos, isto é, precisam sair deste abismo negro, cheio de doenças, pestes, pragas, guerras, miséria e morte como prêmio final. Mas, que é fé afinal? Fé é ter convicção absoluta de que nada posso fazer por mim mesmo para escapar das maldições ordenadas por Jeová no livro de Dt. 28:15-68. Estas terríveis maldições foram ordenadas para os hebreus quando Moisés transmitiu a lei de Jeová, mas se estenderam a todos os povos, mesmo os que nunca ouviram falar de Jeová, o deus deste mundo, que declarou pela boca de Davi: “Minha é a terra e a sua plenitude; o mundo e aqueles que nele habitam” (Sl. 24:1). Mas, se um homem for bom e justo, e cheio de boas obras, está perdido e condenado? O apóstolo Paulo responde a esta questão, dizendo: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não das obras, para que ninguém se glorie” (Ef. 2:8-9).
Existem dois tipos de obras boas: As obras da caridade pessoal, e as obras da lei. As obras da lei são as que o jovem rico praticou para ser salvo. Mas Jesus lhe mostrou que faltava a renúncia, por amor aos pobres deste mundo (Mt. 19:16-24). Concluímos que fé é crer com certeza que a obediência aos preceitos da lei apenas provam que alguém é cristão autêntico; as obras da caridade provam que o indivíduo não é egoísta, e alheio aos sofrimentos e infortúnios dos outros. Quando alguém não tem caridade, esse tal é insensível e anormal, pois o homem, como foi criado, é imagem de Deus, e Deus é caridade (I Jo. 4:7-8).
Vamos dar alguns textos que provam que as obras da lei não levam ninguém a Deus. “Nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado” (Rm. 3:20). Dele quem? Por que Paulo não disse: Deus? O verso seguinte esclarece: “Mas agora se manifestou sem a lei a justiça de Deus, tendo o testemunho da lei e dos profetas; isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre todos os que crêem” (Rm. 3:21-22). Se no verso 20 Paulo falou DELE, é porque Deus, o Pai, é outro. Textos auxiliares: Rm. 3:24-28; Gl. 2:16.
Vamos colher um pensamento: As obras da lei não levam a Deus, mas afastam de Deus. A parábola do fariseu e do publicano prova que o fariseu, honesto observador da lei, não foi aceito por Deus. Concluímos que a lei é obstáculo intransponível entre o fiel e Deus. Mas foi Jeová que deu a lei (Dt. 4:1-14; Ex. 24:12; II Cr. 17:9; Is. 5:24; Lv. 26:46).
Se a lei aproxima o homem de Jeová, mas afasta de Deus Pai, Jeová não é o Pai (Lc. 18:9-14).
Mais um pensamento: As obras da lei unem o homem a Jeová e apartam de Deus Pai, logo Jeová deu a lei para que ninguém escape das suas mãos para ir a Deus. Não é lógico isso? Se as obras da lei afastam de Deus, Jeová conseguiu afastar os homens da pessoa de Deus Pai, e também de Jesus (Gl. 5:1-4).
Fé é crer com certeza que, se eu creio em Jesus Cristo como único Salvador, e buscá-lo com todas as minhas forças, Ele não vai me abandonar no meio do caminho como Jeová fez com Israel. O apóstolo João registrou no seu Evangelho as palavras de Jesus dizendo: “O que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora”(Jo. 6:37). E Paulo escreveu, para fortalecer nossa esperança: “Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até o dia de Jesus Cristo” (Fl. 1:6).
Jeová tirou o seu povo, Israel, do Egito com grandes promessas, mas depois abandonou-os no meio do caminho. “Eu não subirei no meio de ti, porquanto és povo obstinado, para que te não consuma eu no caminho” (Dt. 33:3). “O senhor Jeová me disse: Que vês tu, Amós? E eu disse: Um prumo. Então disse Jeová: Eis que eu porei o prumo no meio do meu povo Israel; nunca mais passarei por ele.” (Am. 7:8). E Amós continua sua profecia, dizendo: “O senhor Jeová assim me fez ver: e eis aqui um cesto de frutas do verão. E disse: Que vês, Amós? E eu disse: Um cesto de frutos do verão. Então Jeová me disse: Chegou o fim sobre o meu povo Israel; daqui em diante nunca mais passarei por ele” (Am. 8:1). O salmista revela que Jeová é o Sol de Israel (Sl. 84:11). E Jeremias declarou: “Pôs-se o seu sol sendo ainda meio-dia” (Jr. 15:9). Jeová não apenas abandonou o seu povo, mas ainda os entregou às paixões infames. “O meu povo não quis ouvir a minha voz, e Israel não me quis, pelo que eu os entreguei aos desejos dos seus corações, e andaram segundo os seus próprios conselhos” (Sl. 81:11-12). Paulo fez referência a este salmo na carta aos Romanos 1:23-27.
Mas Jeová, além de abandonar o seu povo, e entregá-los às paixões infames para desonrarem seus corpos, ainda contaminou os dons dados ao seu povo para que queimassem os recém nascidos a Moloque (Ez. 20:26). E como se não bastasse tudo isso ainda vigiou o mal sobre eles para que não pudessem se arrepender e mudar de vida (Dn. 9:14; Jr. 44:27). O povo chamava a Jeová, dizendo: “Por que, ó Jeová, nos fazes desviar dos teus caminhos? Por que endureces o nosso coração, para que não te temamos?” (Is. 63:17). Ora, se Jeová deu a lei para afastar os homens de Deus; e a lei produz as paixões pecaminosas (Rm. 7:5), também endurece o coração, e obriga a pecar.
Com Jesus é diferente. Ele pega o homem totalmente destruído pelo mal e pelo vício, e opera tal transformação, que o apóstolo João chama isso de novo nascimento (Jo. 3:3-6). Paulo chama isso de uma nova criação (II Co. 5:17). E quem opera esse prodígio? O Espírito Santo colocado por Jesus dentro do cristão (I Co. 6:10-11).
Autoria: Pastor Olavo Silveira Pereira