O ÚLTIMO ADÃO – II
O apóstolo Paulo revela que o Adão do jardim do Éden é figura de alguém que deveria vir, e que estava ligado à lei de Jeová. “Porque até a lei estava o pecado no mundo, mas o pecado não é imputado, não havendo lei. No entanto a morte reinou desde Adão até Moisés, até sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão, o qual é figura daquele que havia de vir” (Rm. 5:13-14). É possível identificar a pessoa da qual Adão é figura? Era figura de Jesus Cristo? Não pode ser pelas seguintes razões:
1. Adão caiu em transgressão, isto é pecou (Rm. 5:12-14), mas Jesus Cristo não pecou (Hb. 4:15; I Pd. 2:21-22). Adão foi figura de alguém que pecou.
2. A mulher de Adão, seduzida pela serpente, induziu Adão a pecar (Gn. 3:1-6; I Tm. 2:14). Jesus, ao contrário, santificou sua mulher (Ef. 5:25-27). Lá, a mulher derrubou Adão, aqui, o último Adão levantou a mulher (II Co. 11:2-3).
3. O primeiro Adão legou à sua descendência, pecado e morte (Rm. 5:12). Jesus Cristo, o último Adão, trouxe do Pai, uma herança gloriosa a todos os que crêem: RESSURREIÇÃO E VIDA ETERNA (I Co. 15:21-22).
4. A primeira Eva, e esse é o nome que Adão lhe pôs, quer dizer MÃE DOS VIVENTES (Gn. 3:20). Mas isso não é verdade, pois ela é a mãe de todos os mortais. “Porque, se pela ofensa de um só, a morte reinou por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça, e o dom da justiça, reinarão em vida por um só, JESUS CRISTO” (Rm. 5:17). A igreja, que é a última Eva, e esposa de Cristo, é a mãe dos viventes, e a semente que gera esses imortais é a PALAVRA DE DEUS (Lc. 8:11; I Pd. 1:23).
5. O primeiro Adão é o Pai do cativeiro, pois trouxe a escravidão da corrupção a todos (Rm. 8:19-21). Cristo, o último Adão, liberta completamente o homem, com uma libertação total e perfeita; pois liberta o homem do pecado (Rm. 6:17-18). E libertados do pecado são libertos da morte, pois o salário do pecado é a morte (Rm. 6:23; Ez. 18:4). E são também libertados da lei de Jeová, pois a força do pecado é a lei (I Co. 15:56). E o cristão, percebendo que a sua carne é amiga do pecado (Rm. 7:25), e que a carne se opõe à obra santificadora do Espírito Santo (Gl. 5:16-17), e que, vivendo na carne será condenado à morte eterna (Rm. 8:13); e, percebendo que a carne é o grande mal da vida cristã (Rm. 7:18); o próprio Cristo afirmou que a carne não presta (Jo. 6:63). A única saída para a carne é a cruz; e o cristão, porque ama a Cristo, vai para a cruz. Paulo, admiravelmente, declara pelo Espírito Santo: “Os que são de Cristo crucificaram a carne com suas paixões e concupiscências. Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito” (Gl. 5:24-25). Cumpre-se assim as palavras de Jesus: “Se o filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres”( Jo. 8:36).
6. O primeiro Adão é autor da condenação que pesa sobre toda a humanidade (Rm. 5:18). O último Adão é o autor da graça e da salvação. “A graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens]” (Tt. 2:11; Hb. 12:2).
7. O primeiro Adão é o fundador do reino da morte, que é o reino de Satanás (Rm. 5:17). Jesus aniquilou o império da morte de Satã, e estabeleceu o reino dos vivos ressuscitados, que é o reino de Deus (Hb. 2:14-15; Cl. 1:12-13); e que já está entre nós (Lc. 17:20-21; Cl. 3:1-3).
Vimos por estes sete argumentos bíblicos que Adão não é figura de Jesus Cristo; mas Paulo declara que Adão é figura daquele que havia de vir (Rm. 5:14). Quem será este, que devia vir? Satanás não é, pois Satã foi quem derrubou Adão através da mulher. Quem seria esse tal? Satã foi pecador e perverso desde o princípio (I Jo. 3:8), mentiroso e enganador desde o princípio (Jo. 8:44; Ap. 12:9). Adão é figura de alguém que viria depois dele e Satanás veio antes. Vamos descobrir o mistério: O jardim do Éden nos traz a solução cabal do problema, pois aquele jardim era uma pálida figura do verdadeiro, que também viria depois. Leiamos a profecia de Ezequiel. “Filho do homem, dize a Faraó, rei do Egito, e à sua multidão: A quem és semelhante na tua grandeza? Eis que a Assíria era um cedro do Líbano, de ramos formosos, de sombrosa ramagem e de alta estatura, e o seu topo estava entre os ramos espessos! As águas o fizeram crescer, o abismo o exalçou; as suas correntes corriam em torno da sua plantação, e ela enviava os seus regatos a todas as árvores do campo. Por isso se elevou a sua estatura sobre todas as árvores do campo, e se multiplicaram os seus ramos, e se alongaram as suas varas, por causa das muitas águas que enviava. Todas as aves do céu se aninhavam nos seus ramos, e todos os animais do campo geravam debaixo dos seus ramos, e todos os grandes povos se assentavam à sua sombra. Assim era ele formoso na sua grandeza, na extensão dos seus ramos, porque a sua raiz estava junto a muitas águas. Os cedros não o podiam escurecer no jardim de deus, as faias não igualavam os seus ramos, e os castanheiros não eram como os seus renovos; nenhuma árvore no jardim de deus se assemelhou a ele na sua formosura. Formoso o fiz com a multidão de seus ramos, E TODAS AS ÁRVORES DO ÉDEN, QUE ESTAVAM NO JARDIM DE DEUS, TIVERAM INVEJA DELE” (Ez. 31:2-9). Fantástico! Jeová revela por Ezequiel, que o verdadeiro jardim do Éden existiu historicamente durante o tempo do Egito, da Assíria, da Caldéia e da Pérsia. Estes quatro grandes reinos existiram num período de tempo de 1500 anos, terminando com o fim do reino de Judá no ano 587 A.C.. Nesse jardim do Éden as nações eram árvores. A Assíria era um cedro, e o Egito outro(Ez. 31:2-3). As águas eram povos (Ap. 17:15). Os regatos enviados eram exércitos conquistadores (Ez. 31:4). As aves do céu são anjos e demônios (Ez. 31:6; Mt. 13:4, 19). Os animais simbolizam raças (Ez. 31:6; Sl. 32:9; Mt. 23:33).
Adão comendo das árvores (Gn. 2:16), simboliza a supremacia de Israel sobre os outros povos (Is. 2:1-3; 61:6). A árvore da vida é a lei (Lv. 18:5, Ez. 20:11). A árvore da ciência é a desobediência. Os quatro rios do jardim são também quatro nações. O primeiro é Pisom (Jordão, que é o reino de Israel). O segundo é Giom (Nilo, que simboliza o Egito (Jr. 46:8-10). O terceiro é o Tigre, que simbolizava a Assíria(Is. 8:7). E o quarto é o Eufrates, que passava por dentro da cidade de Babilônia. Assim, foi regado o jardim do Éden por quatro rios, isto é, Israel foi regado pelo jugo egípcio, depois pelos cananeus no período dos juízes. Os assírios regaram a sangue e escravidão, a Israel (II Rs. 17:20-23). E por último foram regados a sangue na Babilônia de Nabucodonosor. É só ler o livro das lamentações de Jeremias, especialmente o capítulo cinco.
Nesta história toda faltaram dois personagens: Adão e Eva. Eva é figura de Israel, esposa de Jeová (Ez. 16:8; Is. 50:1). A charada está decifrada. O Adão a quem Paulo se refere em Rm. 5:14, não é Jesus Cristo, mas é alguém com poder semelhante, e esse foi, e é Jeová; o cabeça de Israel, que entregou seu povo na mão de satanás, como aconteceu com Adão e Eva. Adão deveria ter protegido Eva, e Jeová deveria ter protegido Israel, mas o abandonou. E se Jeová é o marido, é o Adão figurado em Gênesis, capítulos 2 e 3. Adão e Eva expulsos do paraíso são Jeová e o seu povo, expulsos de Canaã (o jardim do Éden) (II Rs. 23:27). há uma coisa que precisa ser esclarecida. Jesus não é cabeça de Israel, mas sim da Igreja (Cl. 1:18; Ef. 1:22-23). E Paulo faz uma terrível revelação. “Cristo é cabeça de todo varão, e o varão é cabeça da mulher, e Deus é cabeça de Cristo” (I Co. 11:3). Ora, se Deus não é cabeça dos homens, e Jeová era cabeça de Israel (Is. 43:15), Jeová não é o Pai. Deus só é cabeça de Cristo, porque Cristo é submisso ao Pai, e é mediador entre o Pai e os homens (I Tm. 2:5). Deus, o Pai, não trata com os homens (I Tm. 6:16). Israel foi regado com guerras, vinganças e maldições (Is. 58:11; Jr. 31:12). A igreja de Jesus é regada com amor somente.
Autoria: Pastor Olavo Silveira Pereira