250 – COERÊNCIA VI
O apóstolo João revelou aos homens a verdadeira natureza de Deus, dizendo: “Amados, amemo-nos uns aos outros; porque o amor é de Deus; e qualquer que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus; Porque Deus é amor” (1 Jo. 4:7-8). No Novo Testamento encontramos três tipos de amor: Ágape, o amor caridade, isto é, amor que está no sujeito e não no objeto. Este é o amor que é Deus. É o amor que ama, mesmo não sendo amado. Este amor se acha em dois versos do Novo Testamento (Rm. 5:8; I Jo. 4:10). Este é o amor que não cessa nunca, e que Paulo define muito bem, dizendo: “O amor é sofredor, e benigno; O amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta, o amor nunca falha” (I Co. 13:4-8). Este amor não existe nos homens. Esse dom celestial só pode ser achado no homem através do Espírito Santo. É Paulo quem diz: “O amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm. 5:5; 15:30). Essa obra do Espírito Santo é explicada também por Paulo na carta aos Efésios 3:16-21. O segundo tipo de amor corresponde aos afetos familiares, é o amor Fileo. O terceiro tipo de amor é o amor Eros. Este é o amor possessivo, e está no objeto, não no sujeito. Quando muda o objeto, muda o amor. Esse amor possessivo abrange riquezas, arte, conhecimento das coisas, e também o amor erótico. Mas o nosso estudo se baseia no amor ÁGAPE, definido na primeira carta aos Coríntios 13:4-8 e Efésios 3:16-21.
- Se Deus é amor, e o amor não faz o mal (Rm. 13:10), por que Jeová forja o mal, e o pratica? “Fala aos homens de Judá, e aos moradores de Jerusalém, dizendo: Assim diz Jeová: Eis que estou forjando um mal contra vós, e projeto um plano contra vós: convertei-vos pois agora cada um do seu mau caminho, e melhorai as vossas ações” (Jr. 18:11). “Porque eu pus o meu rosto contra esta cidade para mal, e não para bem, diz Jeová; na mão do rei da Babilônia se entregará” (Jr. 21:10). “Sucederá qualquer mal a cidade, e Jeová não o terá feito?” (Am. 3:6).
- Se Deus é amor, e ama a todos neste mundo, e não poupou a vida de seu Filho Jesus Cristo para salvar todo aquele que crê (Jo. 3:16-17; I Tm. 1:15), por que Jeová odeia os ímpios e pecadores? (Sl. 11:5; 5:5; 78:58-59; Ml. 1:2-3).
- Se Deus é bom, como afirmou Jesus em Mateus 19:16-17, por que Jeová deu ao seu povo mandamentos que não eram bons? “Rejeitaram os meus estatutos, e profanaram os meus sábados, e os seus olhos se iam após os ídolos de seus pais, pelo que também lhes dei estatutos que não eram bons, e juízos pelos quais não haviam de viver; e os contaminei em seus próprios dons, nos quais faziam passar pelo fogo seus filhos; para os assolar, para que soubessem que eu sou Jeová” (Ez. 20:24-26).
- Se Deus, o Pai, é amor, e o amor não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal, tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta, como está escrito em I Co. 13:5-7, por que Jeová se enfurecia para depois matar? Eis o que vaticinou Jeová ao seu povo Israel: “O que estiver longe morrerá de peste, e o que estiver perto cairá à espada, e o que ficar de resto e cercado morrerá de fome; e cumprirei contra eles o meu furor”(Ez. 6:12). “Os filhos comerão os pais, e os pais comerão os filhos no meio de ti, e executarei juízos em ti, espalharei o remanescente aos quatro ventos” (Ez. 5:10).
- Se no Novo Testamento, o apóstolo, cheio do Espírito Santo, disse: “Abençoai os que vos perseguem, abençoai e não amaldiçoeis” (Rm. 12:14), por que Jeová amaldiçoava a seu povo? E por que o anjo de Jeová amaldiçoava os que não eram seu povo? (Gl. 3:10; Jz. 5:23). E Jesus, que é um com o Pai (Jo. 10:30), morreu para nos resgatar das maldições de Jeová? (Gl. 3:13).
- Disse Jesus sobre o amor e bondade do Pai: “Amai pois a vossos inimigos, e fazei bem, e emprestai, sem nada esperardes, e será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo; porque Ele é benigno até para com os ingratos e maus” (Lc. 6:35). Se esse é o sentimento do Pai para com os maus, por que Jeová se deleitava em matar e destruir? “Assim como Jeová se deleitava em vós, em fazer-vos bem e multiplicar-vos, assim Jeová se deleitará em destruir-vos e consumir-vos” (Dt. 28:63). Este prazer é mórbido nos homens. Mas…
- Se Deus, o Pai, é o Deus da paz, como disse Paulo: “O mesmo Senhor da paz vos dê sempre paz de toda a maneira” (II Ts. 3:16); e continua: “E a paz de Deus, para a qual também fostes chamados em um corpo, domine em vossos corações” (Cl. 3:15); ora, se o reino de Deus é um reino de paz, alegria e justiça (Rm. 14:17); se Deus chamou-nos para a paz (I Co. 7:15); se Deus é uma fonte de paz que excede o nosso entendimento, e guarda nossos corações e sentimentos em Cristo (Fl. 4:7), por que Jeová é o deus da guerra e da destruição? (Ex. 15:3). Por que Jeová tinha um livro secreto com guerras futuras? (Nm. 21:14). E por que Jeová jurava ódio e guerra eterna contra certos povos? (Ex. 17:16).
- Se Deus, o Deus revelado por Jesus Cristo, é amor, e por isso é bom, e quer que todos os homens se salvem, como disse Paulo: “Porque isto é bom agradável diante de Deus nosso Salvador, que quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade”(I Tm. 2:3-4), por que Jeová predestinou um povo para a perdição? “Mas, ó homem, quem és tu, que a deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro poder sobre o barro; para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra? E que dizeis se Deus [Jehovah](Jr. 18:1-6), querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição” (Rm. 9:20-22).
- Se Deus, por amar os seus filhos, vigia o bem sobre eles até que a obra do aperfeiçoamento seja completa, por isso o apóstolo Paulo declarou: “Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade” (Fl. 2:13); “Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até o dia de Jesus Cristo” (Fl. 1:6); “E o mesmo Deus de Paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo” (I Ts. 5:23), por que Jeová vigiava o mal para destruir o seu povo? “Eis que velarei sobre eles para o mal, e não para o bem; e serão consumidos todos os homens de Judá; que estão na terra do Egito, a espada e a fome, até que se acabe de todo” (Jr. 44:27).
- Se o Novo Testamento é a Palavra da Vida (Fl. 2:16), e Paulo, mais uma vez, nos diz que a manifestação e aparição de Nosso Salvador Jesus Cristo aboliu a morte, e trouxe à luz a vida e a incorrupção pelo Evangelho (II Tm. 1:10), por que a palavra de Jeová matava seus filhos? “Por isso os abati pelos profetas; pela palavra da minha boca os matei” (Os. 6:5).
Jeová manifesta sentimentos totalmente contrários aos do Pai. Analisando as palavras de Jeová, dá para pensar que é Deus, mas analisando suas obras, não encontramos nele nenhum traço do Pai revelado em Jesus Cristo.
autoria: PASTOR OLAVO SILVEIRA PEREIRA
ABIP – ASSOCIAÇÃO BÍBLICA INTERNACIONAL DE PESQUISA