249 – COERÊNCIA – V
O homem, desde épocas imemoráveis, buscou a um deus. A história de todos os povos revela isso. APIS, deus egípcio, representado por um boi; OSIRIS, principal deus egípcio. E muitos outros. ASSUR, principal deus da Assíria; BAAL, deus dos cananeus; ASTAROTE, deusa dos sidonios; MILCOM, deus dos Hititas; DAGOM, deus dos filisteus; MARDUQUE, deus babilônico; ORMUZ, deus persa; ARIMÃ, deus do mal na PÉRSIA; BRAMA, grande deus hindu. TRIMURTI, a trindade hindu, composta de BRAMA, o criador. VISNU, conservador; CIVA, o destruidor. Os gregos têm mais de trinta deuses no monte Olimpo. Os romanos, outra carrada de deuses. Citamos alguns nomes para provar que desde o início da história os homens inventam deuses na sua cega busca, adorando o Sol, a Lua, os animais, e o próprio homem quando sentava num trono.
Deus, o verdadeiro Deus, criador de tudo e de todos, resolveu se revelar à humanidade com seus atributos reais, pois os atributos dos falsos deuses, fruto da imaginação humana, eram cruéis e impiedosos, exatamente como são os homens. Mas Deus enviou alguém em seu lugar para realizar tão grande obra. O nome dessa pessoa é Jesus Cristo. E Cristo veio no momento designado já desde a eternidade (Gl. 4:4-5). E a obra que Jesus Cristo realizou revelou o Pai, revelou o caráter do Pai, revelou as obras do Pai, revelou a justiça do Pai, revelou o amor do Pai, revelou a vontade do Pai, a graça do Pai, o reino do Pai e a criação do Pai.
Jesus declarou: “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo. 14:6). Não há dois caminhos, mas um só: o caminho dado por Moisés não leva ao Pai. Moisés disse ao povo: Deus está no Monte Sinai (Ex. 19:11, 20). Jesus disse: O Pai está em mim. “Quem me vê a mim vê o Pai”(Jo. 14:8-9). O deus revelado por Moisés estava fora de Moisés, e o Deus revelado por Jesus Cristo estava dentro de Cristo. Jesus então explicou esse mistério a Felipe: “Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não as digo de mim mesmo, mas o Pai, que está em mim, é quem faz as obras. Crede-me que estou no Pai, e o Pai em mim; crede-me, ao menos, pelas mesmas obras” (Jo. 14:10-11). A diferença entre Moisés e Jesus, é que Moisés dizia: Estão vendo aquela coluna de fogo? Aquele é Jeová (Ex. 13:21-22). E Jesus dizia: Querem ver e conhecer Deus? Olhem para mim. Eu e o Pai somos um (Jo. 10:30). Quem quiser conhecer o Pai tem de me conhecer primeiro (Jo. 8:19). Deus, o Pai, o criador, nunca se comunicou com os homens antes de Jesus, por isso Paulo declarou: “Aquele que tem, ele só, a imortalidade, e habita na luz inacessível; a quem nenhum dos homens viu, nem pode ver jamais” (I Tm. 6:16). E Jesus também declarou: “Todas as coisas me foram entregues por meu Pai; e ninguém conhece o Filho senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar” (Mt. 11:27). Vejamos então como Deus, o Pai, pode ser visto em Jesus Cristo:
- O Pai enviou Jesus para mostrar que ele não condena ninguém, e nunca condenou, pois Deus, o Pai, ama as suas criaturas e não quer que pereçam (Jo. 3:16-17).
- Deus, o Pai, conhece o estado de miséria moral dos homens e das mulheres. Deus conhece o poder das paixões carnais que arrastam inexoravelmente todos a práticas reprováveis e perversas, mas quer que todos se salvem e venham ao conhecimento da verdade (I Tm. 2:3-4). Para provar que Deus, o Pai, não condena ninguém, Paulo escreveu: “A graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” (Tt. 2:11). E para que não ficasse nenhuma dúvida, Paulo ainda disse o seguinte: “Porque para isso trabalhamos e lutamos, pois esperamos no Deus vivo, que é o salvador de todos os homens, principalmente dos fiéis” (I Tm. 4:10). Diante de todas essas revelações sobre o caráter magnânimo de Deus Pai, o apóstolo João disse: “Amados, amemo-nos uns aos outros; porque o amor é de Deus; e qualquer que ama é nascido de Deus, e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor” (I Jo. 4:7-8). De Deus não desce nada mau ou danoso ao homem. “Toda boa dádiva e todo dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em que não há mudança nem sombra de variação” (Tg. 1:17). O Pai sempre foi, é, e será bom e misericordioso, e não muda (II Co. 1:3-4).
Jesus, imagem expressa de Deus, só fez o bem. “Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com Espírito Santo e com virtude, o qual andou fazendo o bem, e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele”(At. 10:38). Jesus curava a todos indistintamente. Quando João Batista, da prisão, mandou perguntar-lhe se ele era o Cristo, respondeu: “Ide, e anunciai a João as coisas que ouvis e vedes: Os cegos vêem, e os coxos andam; os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho” (Mt. 11:4-5). Jesus, contrariando a lei do Velho Testamento, não condenou uma adúltera, pega em flagrante, e ainda a livrou dos que iam apedrejá-la (Jo. 8:1-11). Uma prostituta entrou numa casa onde Jesus fora convidado por um fariseu para comer. Jesus se sentou à mesa e a pecadora levou um vaso de alabastro com ungüento, e ungiu os pés de Jesus, e em pranto banhava os seus pés com lágrimas e os enxugava com os cabelos. O fariseu ficou escandalizado, mas Jesus perdoou os pecados da meretriz, concedendo-lhe a salvação. Jesus declarou, a respeito de si mesmo: “Ninguém tem maior amor do que este; de dar a sua vida pelos seus amigos” (Jo. 15:13). Quem eram esses amigos? A resposta está em Mateus 9:9-13.
Jesus revelou aos judeus que o queriam apedrejar: “Tenho-vos mostrado muitas obras procedentes de meu Pai; por quais destas obras me apedrejais?” (Jo. 10:32). As palavras que Jesus falava, não era ele que falava, mas o Pai, que nele estava (Jo. 17:7-8). Jesus fez tantas obras boas que não foram registradas. Se fossem, nem ainda no mundo todo poderia caber (Jo. 21:25). E Jesus não cansava de repetir. As obras que eu faço, não sou eu que faço, mas o Pai, que está em mim. As palavras que vos digo, não as digo de mim mesmo (Jo. 14:10).
A pergunta que se faz é a seguinte: As obras que Jesus fez, e as coisas que ensinou, o exemplo que deu, o amor com que amou, tudo vinha de Deus Pai? (Jo. 17:7-10). O apóstolo João viu o amor de Deus nas obras de Jesus, na bondade de Jesus, uma imagem tão perfeita de Deus Pai, que declarou: “No que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna” (I Jo. 5:20). Pois se é assim a verdade sobre Deus, o Pai de Jesus, por que Jeová se revelou a si mesmo, e de modo tão diverso? Revelou-se aos egípcios com pragas e pestes. Revelou-se diversas vezes com ira furiosa e incontida, disposto destruir o seu próprio povo (Ex. 32:10; Nm. 14:11-12). Apesar de ter prometido a Moisés que o perdoaria (Nm. 14:19-20), não perdoou, e jurou na sua ira que não entraria no seu repouso, isto é, em Canaã, conforme lhe havia prometido (Ex. 3:8-10; Hb. 3:17-19). Se de Deus, o Pai, só vem o que é bom, por que Jeová, ouvindo o clamor do povo faminto, mandou comida, e quando mastigavam, os matou? (Sl. 78:23-31). Por que Jeová se deleita em destruir os pecadores? Deus, o Pai, salva os pecadores e Jeová se deleita em destruí-los? (Dt. 28:63). Se o amor do Pai vem do céu, do reino do seu amor, por que a ira de Jeová é mais profunda que o inferno? (Tg. 1:17; Dt. 32:22-24). As diferenças de comportamento e de caráter são tão evidentes, tão gritantes, que a teologia jamais poderá desfazer, pois tudo está escrito no Novo e no Velho
Testamentos. Quem tem olhos para ler, leia. Quem tem olhos para ver, veja.
autoria: PASTOR OLAVO SILVEIRA PEREIRA
ABIP – ASSOCIAÇÃO BÍBLICA INTERNACIONAL DE PESQUISA