(247) – O REI DA GLÓRIA – II

247 – O REI DA GLÓRIA – II

 

No  folheto de O Rei da Glória nº 1 enfocamos que Davi declarou que Jeová é o rei da glória (Sl. 24:7-10). Jeová se dizia glorificado nas pragas e pestes, nas matanças e nas vinganças descritas com minúcias no Velho Testamento. Mais ou menos como os vitoriosos generais romanos, que voltavam das conquistas trazendo os troféus da vitória. Na frente, o general garboso e soberbo; logo atrás os príncipes e generais vencidos e acorrentados como animais. Depois vinha o exército com o despojo de ouro, prata, objetos, armas, e as mulheres, belas mulheres. Em Israel não era diferente, pois Jeová nada inovou em matéria de comportamento social, apesar de se autodenominar oleiro (Jr. 18:1-6). EmDt. 21:10-14, a mulher prisioneira estava na mão do seu senhor para dispor dela como bem lhe parecesse (Nm. 31:8-9; Dt. 20:10-14; 21:10-14). O despojo e o saque faziam parte dos vencedores(Nm. 31:12;  Dt. 2:35; Dt. 3:7; Dt. 20:14; Js. 22:7-8). Quem orientou o povo de Israel? O rei da glória (Sl. 24).

Voltemos ao Novo Testamento.

Jesus declarou: “Quem fala de si mesmo busca a sua própria glória, mas o que busca a glória daquele que o enviou, esse é verdadeiro, e não há nele injustiça” (Jo. 7:18). Na primeira parte do verso, em que Jesus diz: “Quem fala de si mesmo busca a sua própria glória”, é óbvio que Jesus está reprovando o comportamento de Jeová. Esse ponto focalizamos no folheto anterior. Agora analisaremos a segunda parte, na qual Jesus diz: “O que busca a glória daquele que o enviou é verdadeiro”. Falando a respeito de si mesmo Jesus disse: “Se eu me glorifico a mim mesmo, a minha glória nada é” (Jo. 8:54). Por que Jesus se pronunciou dessa forma? Primeiro porque está escrito: “Louve-te o estranho, e não a tua boca: o estrangeiro e não os teus lábios” (Pv. 27:2). Em segundo lugar porque a exaltação de si próprio é necessidade de quem tem falhas. Ninguém vê virtude em quem manda pragas e pestes; nem vê justiça em quem mata os filhos pelos pecados dos pais; nem tampouco vê bondade em quem manda comida ao faminto, e depois o mata enquanto come (Is. 14:21; Sl. 78:23-31). Não há misericórdia em quem não perdoa (Jr. 13:14-15). Dentro deste quadro desonroso para o rei da glória, a única saída era falar bem de si mesmo e exaltar qualidades inexistentes. Esse é o pecado da jactância.

Jesus ocupava-se de buscar a glória do Pai, e não a sua. Leiamos: “Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que me deste a fazer” (Jo. 17:4). Jesus não testificava de si mesmo (Jo. 5:31). Ele disse:“Eu não busco a minha glória; há quem a busque” (Jo. 8:50). Jesus era tão precavido em matéria de glória, que disse: “Eu não recebo glória dos homens” (Jo. 5:41).

Receber glória dos homens massageia o ego. Jeová recebia glória dos homens. “A todos os que são chamados pelo meu nome, e os que criei para a minha glória; eu os formei; sim, eu os fiz” (Is. 43:7).“Porque, como o cinto está ligado aos lombos do homem, assim eu liguei à mim toda a casa de Israel, e toda a casa de Judá, para me serem por povo, e por nome, e por louvor, e por glória” (Jr. 13:11).

Jeová não repartia a sua glória com ninguém (Is. 42:8; 48:11; 49:3). E Jesus, em contrário, repartiu com os discípulos a glória que recebeu do Pai. “Eu lhes dei a glória que a mim me destes, para que sejam um, como nós somos um” (Jo. 17:22).

É preciso fazer uma ressalva. No salmo oito lemos: “Que é o homem mortal para que dele te lembres? E o filho do homem para que o visites? Contudo, pouco menor o fizeste do que os anjos, e de glória e de honra o coroaste. Fazes com que ele tenha domínio sobre as obras das tuas mãos; tudo puseste debaixo dos seus pés: todas as ovelhas e bois, assim como os animais do campo. As aves dos céus. Assim como os peixes do mar, e tudo o que passa pela vereda dos mares” (Sl. 8:4-8). Note-se que o homem foi feito por Jeová menor do que os anjos. O homem criado por Jesus é maior do que os anjos, pois vai julgá-los (II Co. 5:17; I Co. 6:3). O homem criado por Jeová teria domínio sobre os animais, mas o homem criado por Jesus tem domínio sobre os anjos. A glória que Jesus vai dar aos cristãos, seus servos fiéis, é ser igual a ele. Paulo assim se expressa sobre o assunto: “Porque para mim tenho por certo que as aflições deste mundo presente não são para comparar com a glória que em nós há de se manifestar” (Rm. 8:18)“Quando Cristo, que é a nossa vida se manifestar, então também vós vos manifestareis com ele em glória” (Cl. 3:4). E Paulo continua: “Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter elegido desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito, e fé da verdade; para o que, pelo nosso evangelho vos chamou, para alcançardes a glória de Nosso Senhor Jesus Cristo” (II Ts. 2:13-14).

Agora, Pedro está com a palavra: “Aos presbíteros, que estão entre vós, admoesto eu, que sou também presbítero com eles, e testemunha das aflições de Cristo, e participante da glória que se há de revelar” (I Pd. 5:1). O apóstolo Pedro esclarece um detalhe na vida gloriosa de cristão, dizendo: “Se pelo nome de Cristo sois vituperados, bem aventurados sois, porque, sobre vós repousa o Espírito da glória de Deus”(I Pd. 4:14). E o apóstolo Paulo, sobre a operação gloriosa do Espírito Santo, acrescenta o seguinte: “Ora, o Senhor é Espírito; e onde está o Espírito de Senhor aí há liberdade. Mas todos nós, com cara descoberta, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito de Senhor” (II Co. 3:17-18).

Notem os leitores que o cristão verdadeiro não é transformado de queda em queda; ou de pecado em pecado; ou de escândalo a escândalo, mas de glória em glória, ou de vitória em vitória. Pedro chamou a atenção de alguns cristãos do seu tempo, dizendo: “Porque, que glória será essa, se, pecando sois esbofeteados e sofreis?” (I Pd. 2:20). Cristão, quando peca, vai ser esbofeteado por Satanás. João afirma que todo cristão que é nascido de novo não peca, e o que de Deus é gerado, conserva- se a si mesmo, e o maligno não lhe toca (I Jo. 5:18). Mas, se pecar, o maligno toca. O pecado abre a porta para Satã, mas a santidade é uma fortaleza inexpugnável.

Para terminar, lembramos que Cristo nunca proclamou a sua própria glória, porque ela não consistia em palavras, mas em obras, e as obras falam mais alto que as palavras. Se Jesus fosse Jeová, como pretendem alguns, estaria matando, mandando pragas e pestes, provocando guerras entre irmãos, tomando vinganças cruéis; e neste caso estaria proclamando a sua glória com palavras. Mas graças a Deus que não foi assim. E Jesus jamais poderia ser chamado de rei da glória, pois os reis sempre erram em alguma coisa. Mas Jesus é o Deus da Glória, pois o Deus verdadeiro jamais comete injustiça ou erro(I Jo. 5:20).

autoria: PASTOR OLAVO SILVEIRA PEREIRA

ABIP – ASSOCIAÇÃO BÍBLICA INTERNACIONAL DE PESQUISA

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