240 – O POMO DA DISCÓRDIA
Houve uma grande discussão entre os cristãos do início da Igreja. Em Atos 15 fica claro que havia dois grupos discordantes. Um grupo era formado de cristãos judeus. Estes ensinavam que para se salvar era obrigatória a circuncisão de Jeová (Gn. 17:13-14). Na lei de Jeová, que Moisés transmitiu ao povo, está escrito que nenhum estrangeiro assalariado, ou hóspede, poderia participar da páscoa de Jeová a não ser que fosse circuncidado (Ex. 12:45-48). Como os judeus se julgavam os filhos legítimos de Jeová e herdeiros das promessas de Jeová, e por isso consideravam os gentios como estrangeiros e rejeitados por deus, só podiam ser de Cristo, isto é, o Messias de Jeová e libertador de Israel, se fossem circuncidados. Esse fato deu origem a uma grande discussão. Paulo e Barnabé isentavam os cristãos gentílicos da circuncisão e da lei; e os fariseus convertidos queriam obrigá-los a se fazerem judeus com seus rituais ultrapassados, pois Paulo dizia: “Porque em Cristo Jesus nem a circuncisão nem a incircuncisão tem virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura” (Gl. 6:15).
O próprio Pedro que pregava o evangelho da circuncisão foi contra essa exigência absurda (At. 15:7-11). Para Paulo e Barnabé o concerto eterno da circuncisão foi desfeito por Cristo na Igreja (Gn. 17:13). Se Jeová fosse Jesus, teria mudado, pois estabeleceu um concerto eterno que deixou de ser eterno. O fato é que, naquela contenda, o Espírito Santo tomou o lado dos gentios, e os desobrigou da circuncisão e da lei (At. 15:28-29). Mas a Igreja estava dividida. Os cristãos fariseus misturavam fé e lei, e os gentios não observavam a lei do Velho Testamento e de Jeová (Gl. 2:7-9).
Estevão, o primeiro mártir, sendo judeu, se colocou contra a lei (At. 6:13-14). O escritor da carta aos hebreus era contra a lei, declarando que o concerto da lei foi abrogado por causa da sua fraqueza e inutilidade, e nunca aperfeiçoou ninguém (Hb. 7:18-19). E Paulo, sendo judeu e fariseu observador da lei, se colocou contra a lei e os sacrifícios da lei. Leiamos a acusação contra Paulo: “E já acerca de ti foram informados de que ensinas a todos os judeus que estão entre os gentios a apartarem-se de Moisés, dizendo que não deviam circuncidar seus filhos, nem andar segundo o costume da lei” (At. 21:18-21; 21:28). Paulo chama o concerto da lei de ministério da morte e da condenação (II Co. 3:6-10). E disse mais: Aquele concerto e aquele ministério endurecem o coração dos que o validam, e se tornam em um véu que tira a visão de Jesus Cristo, e impede a conversão (II Co. 3:14-16).
ONDE ESTÁ A VERDADE?
A lei era o instrumento de Jeová para a salvação. Isaías diz: “A lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, nunca verão a alva” (Is. 8:20). “Atendei-me, povo meu e nação minha, porque de mim sairá a lei, e o meu juízo se estabelecerá como luz dos povos. Perto está a minha justiça e vem saindo a minha salvação” (Is. 51:4-5). “Ouvi-me, vós que conheceis a justiça, vós, em cujo coração está a minha lei… A minha justiça durará para sempre, e a minha salvação de geração em geração” (Is. 51:7-8). “O mandamento é uma lâmpada, e a lei uma luz; e as repreensões de Jeová são caminho da vida” (Pv. 6:23). O salmista declara: “Tenho desejado a tua salvação, ó Jeová; a tua lei é todo o meu prazer” (Sl. 119:174). “Os meus estatutos e os meus juízos guardareis; os quais, fazendo-os o homem, viverá por eles. Eu sou Jeová”(Lv. 18:5). O mesmo está em Ezequiel 20:11,13,21.
A obediência e a guarda da lei unem o homem a Jeová. “E tomou o livro do concerto, e o leu aos ouvidos do povo, e eles disseram: Tudo o que Jeová tem falado faremos, e obedeceremos. Então tomou Moisés aquele sangue, e espargiu-o sobre o povo, e disse: Eis aqui o sangue do concerto que Jeová tem feito convosco sobre todas estas palavras” (Ex. 24:7-8). “A misericórdia de Jeová é de eternidade a eternidade sobre aqueles que o temem, e a sua justiça sobre os filhos; sobre aqueles que guardam o seu concerto, e sobre os que se lembram dos seus mandamentos para os cumprirem” (Sl. 103:17-18). Jeremias fala de maneira inconfundível que o concerto da lei une a Jeová. “Eis que dias vêem, diz Jeová, em que farei um concerto novo com a casa de Judá e com a casa de Israel. Não conforme o concerto que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porquanto eles invalidaram o meu concerto, apesar de eu os haver desposado, diz Jeová, mas este é o concerto que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz Jeová: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu deus, e eles serão o meu povo” (Jr. 31:31-33).
Se a lei de Moisés une o fiel a Jeová, surge no Novo Testamento um grande problema, pois a lei afasta de Deus, o Pai de Jesus Cristo. Vejamos o que Paulo declara: “Que diremos pois? Que os gentios que não buscavam a justiça, alcançaram a justiça? Sim, mas a justiça que é pela fé. Mas Israel, que buscava a lei da justiça, não chegou a lei da justiça” (Rm. 9:30-31). E Paulo continua: “Irmãos, o bom desejo do meu coração e a oração a Deus por Israel é para sua salvação. Porque lhes dou testemunho de que tem zelo de Deus, mas não com entendimento, porquanto não conhecendo a justiça de Deus, e procurando estabelecer a sua própria justiça, não se sujeitaram a justiça de Deus, que é Cristo” (Rm. 10:1-4). Acabamos de registrar que a salvação estava em guardar e obedecer a lei, e agora Paulo afirma que a salvação vem pela fé e sem a observância da lei? (Rm. 3:28; Gl. 2:16).
Mas, segundo Paulo, a observância da lei não separa só do Pai, mas também de Jesus Cristo. A lei é muito perigosa. Além de ser incentivadora das paixões e dos pecados, é também a força do pecado (Rm. 7:5; I Co. 15:56). Mas, pior do que isso, a lei separa de Cristo, isto é, impossibilita a salvação. “Estai pois firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a meter-vos debaixo do jugo da servidão. Eis que eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará. E de novo protesto a todo o homem, que se deixa circuncidar, que está obrigado a guardar toda a lei. Separados estais de Cristo vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído” (Gl. 5:1-4).
Cremos que não é difícil concluir, que, se a obediência aos preceitos da lei unem a Jeová, como provamos acima, e por outro lado separam de Jesus e do Deus Pai de Jesus, Jeová é um elemento estranho aos planos do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
autoria: PASTOR OLAVO SILVEIRA PEREIRA
ABIP – ASSOCIAÇÃO BÍBLICA INTERNACIONAL DE PESQUISA