234 – AS PORTAS DO INFERNO
A primeira coisa a definir é o que é o inferno. No hebraico, a palavra SHEOL se aplica a, ou traduz, três conceitos: MORTE, SEPULTURA e LUGAR DE TORMENTO. Os tradutores do hebraico sabem qual a tradução certa pelo sentido da frase. Quando alguém era condenado por um crime, e era apedrejado até a morte, a palavra sheol podia ser traduzida por morte, ou inferno, pois o condenado era réu de condenação ao inferno, isto é, tormento após a morte.
No Novo Testamento, Jesus declarou a : “tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt. 16:18). Que é que Jesus está revelando? Que neste mundo onde vivemos, o único lugar onde o inferno não entra é a sua Igreja, que ia ser edificada. Antes de Jesus, as portas do inferno prevaleceram sobre tudo e sobre todos 100%. Paulo, o apóstolo, nos diz: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm. 3:23). As portas do inferno, neste mundo estão escancaradas, e todos entraram por elas.
E tem mais: O inferno, sendo também a morte, é o império e o reino de Satanás, pois na carta aos hebreus lemos: “E, como os filhos participam da carne e do sangue, também Jesus participou das mesmas coisas, para que, pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo” (Hb. 2:14).
Vamos ver o que as Escrituras falam sobre o assunto:
1. Jeová formou um Jardim de delícias para ele mesmo, chamado Jardim do Éden, lá na banda do oriente. E Jeová fez brotar da terra toda árvore agradável à vista e boa para comida. É lógico também que colocou lá árvores odoríferas, flores perfumadas de toda espécie. E plantou a árvore da vida bem no centro do jardim; e a árvore da ciência do bem do mal (Gn. 2:8-9). “E tomou Jeová o homem que havia formado, e pôs no Jardim do Éden para o lavrar e guardar” (Gn. 2:15). E Jeová vinha pelas tardes passear no seu Jardim fechado. A serpente tinha a chave e chegou mais cedo. Seduziu Eva, e esta comeu do fruto da árvore da ciência, proibida por Jeová. Eva deu o fruto também a Adão, e ele comeu, com ela (Gn. 3:1-6). Quando Jeová chegou no jardim para passear, o estrago estava feito. Vendo-se ofendido pela desobediência, Jeová lançou uma maldição sobre a serpente, lançou outra sobre a inexperiente Eva, lançou outra sobre Adão pela desobediência, e por fim amaldiçoou a terra para produzir espinhos e pragas eternamente (Gn. 3:8-19). Cheio de ira, Jeová os expulsou do Jardim e fechou a porta a sete chaves, e colocou querubins e uma espada inflamada para guardar o caminho da árvore da vida. Que desastre. A serpente acabou com o Jardim do Éden. Os homens foram condenados à morte, e as portas do inferno prevaleceram contra os planos de Jeová (Rm. 5:12). O projeto de Jeová está em Ml. 2:15.
2. Dois mil anos mais tarde, Jeová tomou a semente de Abrão, seu amigo (Is. 41:8) que estava cativa de Faraó há 400 anos, e a libertou pela mão de Moisés (Ex. 3:7-8). Com grande alarde, e com terríveis pragas, tirou o povo do Egito, e os levou ao pé do Monte Sinai. Lá de cima do monte, que estava coberto de trevas, nuvens, tempestades e raios, deu os dez mandamentos e fez um pacto com o povo. Moisés, que subira ao monte, lá ficou por quarenta dias. O povo, embaixo, nesse espaço de tempo exigiu que Arão lhes fizesse um bezerro de ouro, igual ao boi Apis, que eles adoraram no Egito. Fizeram uma grande festa com muita algazarra. O furor de Jeová foi tanto, que Moisés custou a convencê-lo a não destruir o povo, a descendência de Abraão, que Jeová tinha jurado multiplicar e abençoar (Gn. 22:16-18; Ex. 32:1-14). O pacto estava quebrado antes mesmo de entrar em vigor, pois Moisés quebrou as tábuas de pedra do concerto (Ex. 32:19). Que tragédia. As portas do inferno prevaleceram contra o concerto de Jeová com o seu povo eleito.
3. Jeová, aconselhado por Moisés, muito a contragosto, continuou o projeto, que era estabelecer o seu reino aqui na terra, pois dissera antes: “Se vocês guardarem o meu concerto, serão meu povo particular entre todos os povos, serão o meu reino sacerdotal e o povo santo” (Ex. 19:5-6). Era um reino teocrático. Jeová mesmo declara a Samuel o fim do seu reinado, quando o povo pediu a Samuel que lhes desse um outro rei, menos complicado e mais humano. Jeová, então, disse: “Ouve a voz do povo em tudo quanto te disserem, pois não te têm rejeitado a ti, antes a mim me têm rejeitado para eu não reinar sobre ele” (I Sm. 8:4-7). Começou a desgraça do reino. O maior rei, de nome Salomão, foi o pior, pois era tirano com o povo (I Rs. 12:4-11). O reino de Israel deveria ser luz para este mundo, pois Jeová disse: “Vós sois as minhas testemunhas” (Is. 43:10-12; 44:8). Mas as portas do inferno prevaleceram contra o reino de Jeová, que declarou: “E, chegando as nações para onde foram, profanaram o meu santo nome” (Ez. 36:20; Is. 52:5). Jeová, que se declara o rei de Israel (Is. 43:15), e não tendo poder para conduzi-lo em seus caminhos, teve a infeliz idéia de dividir o reino em dois (I Rs. 11:11-12; 35-36). Os dois reinos corromperam-se ainda mais (Ez. 23:1-11). As portas do inferno prevaleceram de tal maneira que o reino do norte se desfez pelos Assírios (II Rs. 17:20-23). O reino do sul, isto é, Judá, também foi destruído pelos caldeus (II Rs. 23:27; Lm. 5:1-16).
4. O inferno prevaleceu contra o sacerdócio instituído por Jeová, pois ele mesmo declara: “Porque tanto o profeta como o sacerdote estão contaminados; até na minha casa achei a sua maldade, diz Jeová. Portanto o seu caminho lhes será como lugares escorregadios na escuridão; serão empurrados e cairão nele; porque trarei sobre eles mal, diz Jeová. Nos profetas de Samaria bem vi eu loucura; profetizavam da parte de Baal e faziam errar o meu povo Israel. Mas nos profetas de Jerusalém vejo uma coisa horrenda; cometem adultérios, e andam com falsidade, e esforçam as mãos dos malfeitores, para que não se convertam da sua maldade; eles tem se tornado para mim como Sodoma, e os moradores dela como Gomorra” (Jr. 23:11-14).
5. Jeová disse: “Assim diz Deus, Jeová, que criou os céus e o estendeu, e formou a terra, e a tudo quanto produz; que dá a respiração ao povo que está nela, e o espírito aos que andam nela” (Is. 42:5). E o salmista diz mais: “Trema perante ele toda a terra; pois o mundo se firmará, para que não se abale. Alegrem-se os céus, e regozije -se a terra; e diga-se entre as nações: Jeová reina” (I Cr. 16:30-31). E Isaías, o profeta, declarou: “Porque Jeová dos exércitos o determinou, quem pois o invalidará? E a sua mão estendida está; quem pois o fará voltar atrás? (Is. 14:27). “Operando eu, quem impedirá?” (Is. 43:13). O apóstolo Paulo fala de outro poder mais forte que o de Jeová, que subjugou a criação: “Porque a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus. Porque a criação ficou sujeita a vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou, na esperança de que a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação geme e está com dores de parto” (Rm. 8:19-22). Jeová garantiu que o que determina, não pode ser mudado, pois é o todo poderoso; e Satanás subjuga toda a criação? As portas do inferno prevaleceram contra a criação de Jeová de tal modo que Pedro disse: “Os céus e a terra que agora existem, pela palavra de Deus se reservam como tesouro, e se guardam para o fogo até o dia do juízo, e da perdição dos homens ímpios” (II Pd. 3:7). Nada se aproveita desta criação de Jeová, sobre a qual ele reina (Is. 42:5).
As portas do inferno só não prevalecem sobre a Igreja de Jesus Cristo nosso Senhor (Mt. 16:18). Jesus fundou um novo mundo na sua Igreja (Ap. 13:8). O reino de Deus Pai está dentro das portas da Igreja(Lc. 17:20-21). Fazem parte desse reino glorioso os que, pela fé em Jesus, nascerem de novo (Jo. 3:3-6). Nenhum homem ou mulher, nascidos da cópula carnal são filhos de Deus Pai, mas só os nascidos do Espírito Santo (Jo. 1:12-13). Esses nascidos de novo são obra das mãos de Jesus, e uma nova criatura, como disse Paulo, são criados em verdadeira justiça e santidade (Ef. 4:22-24; II Co. 5:17).
Autoria: PASTOR OLAVO SILVEIRA PEREIRA
ABIP – ASSOCIAÇÃO BÍBLICA INTERNACIONAL DE PESQUISA