(230) – PAULO E O VELHO TESTAMENTO – II

PAULO E O VELHO TESTAMENTO – II

 

É tão difícil a alguém que está preso à lei de Jeová sair livre, que Paulo, num esforço monumental, revela, que, para se desembaraçar daquele velho concerto, temos primeiro que considerá-lo velho, inútil, caduco e sem valor nenhum para o homem que busca a Deus. Aliás, a lei de Jeová não une o crente a Deus, mas separa; e não separa o crente do pecado, mas ensina a pecar. Vamos focalizar alguns pontos nos quais Paulo se coloca contra o Velho Testamento de Jeová (Hb. 7:18-19; Rm 3:20; 7:5):

  1. O grande apóstolo dos gentios foi quem teve a revelação da graça de Deus e do mistério de Jesus Cristo: “Se é que tendes ouvido a dispensação da graça de Deus, que para convosco me foi dada; como me foi este mistério manifestado pela revelação de Deus” (Ef. 3:2-3). “Para que os seus corações sejam consolados, e estejam unidos em amor, e enriquecidos da plenitude da inteligência, para conhecimento do mistério de Deus – Cristo” (Cl. 2:2). E Paulo disse: “A mim, o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as riquezas incompreensíveis de Cristo, e demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério, que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou” (Ef. 3:8-9). O verdadeiro propósito de Deus para com os homens esteve oculto até a vinda de Jesus Cristo. “Descobrindo-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que propusera em si mesmo, de tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na Terra” (Ef. 1:9-10). É por isso que o Evangelho da graça de Deus é também mistério. Paulo falou dizendo: “E por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra com confiança, para fazer notório o mistério do evangelho” (Ef. 6:19).
  2. No Velho Testamento vigorava a justiça da lei, que consistia na observância dos mandamentos da lei de Jeová, que falou dizendo: “Ouvi-me, vós que conheceis a justiça, vós, povo, em cujo coração está a minha lei” (Is. 51:7). Mas Paulo, que recebeu a revelação de Deus, declarou: “Israel, que buscava a lei da justiça, não chegou à lei da justiça. Por que? Porque não foi pela fé, mas como pelas obras da lei” (Rm. 9:31-32). E continua, dizendo: “Sendo justificados gratuitamente pela graça, pela redenção que há em Cristo Jesus, ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus, para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus” (Rm. 3:24-26). “Aquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós, para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (II Co. 5:21). “Se a justiça provém da lei, segue-se que Cristo morreu debalde” (Gl. 2:21). Paulo condenou a justiça da lei!
  3. Paulo revelou, não a restauração do Velho Testamento e o velho concerto como lemos em Hb. 8:8-11, mas um Novo Testamento com um novo concerto, totalmente diferente. Eis o que Paulo pregou:“Jesus nos fez capazes de ser ministros dum Novo Testamento, não da letra, mas do Espírito, porque a letra mata, mas o Espírito vivifica” (II Co. 3:6). Como a lei de Moisés nunca vivificou a ninguém, Paulo nos diz: “Se o Espírito daquele que dos mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dos mortos ressuscitou a Cristo também vivificará os vossos corpos mortais pelo seu Espírito que em vós habita” (Rm. 8:11). Em segundo lugar, Paulo revela que a lei, gravada nas pedras, era o ministério da morte(II Co. 3:7). Em terceiro lugar, Paulo afirma que o ministério da condenação foi o da lei, e tinha a glória de Jeová (II Co. 3:9). No verso 10, Paulo diz que aquele ministério da condenação, que veio em glória, não foi glorificado, e por que não foi glorificado? Porque Jesus Cristo aboliu o Velho Testamento em relação à justiça da lei, que finalmente não era a justiça do verdadeiro Deus (Rm. 3:24-28). Paulo condenou a justiça da lei de Jeová, e condenou as bases do Velho Testamento.
  4. O evangelho da circuncisão, pregado pelo apóstolo Pedro, incluía não só a circuncisão mas toda a lei de Jeová. Paulo declarou: “Quando viram que o evangelho da incircuncisão me estava confiado, como a Pedro o da cincuncisão” (Gl. 2:7). O da circuncisão era o evangelho para judeus somente, e o da incircuncisão era o evangelho somente para os gentios. Vejamos como Paulo põe fim a essa estória dos dois evangelhos: “Estai, pois firmes, na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a meter-vos debaixo do jugo da servidão. Eis que eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará. E de novo protesto a todo o homem que se deixa circuncidar, que está obrigado a guardar toda a lei. Separados estais de Cristo, vós que vos justificais pela lei; da graça tendes caído” (Gl. 5:1-4). Paulo condenou o Evangelho da circuncisão pregado por Pedro. E condenou também a circuncisão estabelecida como concerto perpétuo entre Jeová e Abraão com sua descendência (Gn. 17:13-14). “Porque em Cristo Jesus nem a circuncisão nem a incircuncisão tem virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura” (Gl. 6:15).
  5. Paulo pregava direto contra a lei e a circuncisão. Chegando em Jerusalém, encontrou muitos discípulos judeus, convertidos a Jesus Cristo, que já tinham sido minados pelos fariseus, que lhes disseram o seguinte a respeito de Paulo: “E já acerca de ti foram informados de que ensinas todos os judeus que estão entre os gentios a apartarem-se de Moisés, dizendo que não devem circuncidar seus filhos nem andar segundo o costume da lei” (At. 21:21). Avisado dessas coisas, no dia seguinte Paulo foi ao templo. Os judeus da Ásia, vendo-o no templo, fizeram grande alvoroço, dizendo: “Varões israelitas, acudi: Este é o homem que por todas as partes ensina a todos, contra o povo e contra a lei, e contra este lugar” (At. 21:28).
  6. Paulo se confessa judeu de alta linhagem. “Circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; segundo a lei fui fariseu, segundo o zelo, perseguidor da Igreja, segundo a justiça que há na lei, irrepreensível” (Fl. 3:5-6). Então, em seguida, Paulo diz: “Na verdade, tenho por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como esterco, para que possa ganhar a Cristo, e seja achado nele, não tendo a minha justiça que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça quem vem de Deus pela fé” (Fl. 3:8-9). Para Paulo, a linhagem nobre, a circuncisão, a justiça da lei, tudo era esterco diante da fé na obra de Cristo. Paulo realmente foi contra aquele conjunto complicado de ordenanças, mandamentos, abluções e tradições que para nada serviam (Hb. 7:18-19).

As maldições de Jeová sobre os pecadores estão em Dt. 28:15-68. Quando essas terríveis maldições caem sobre os homens? Quando quebram a lei de Jeová. Paulo descreve com clareza: “Todos aqueles pois que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque escrito está: maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei,  para fazê-las” (Gl. 3:10; Dt. 27:26). Quem pecasse, isto é, quem infringisse um dos preceitos da lei, cometia pecado e ficava debaixo da maldição, e a maldição permanece por muitas gerações, pois na lei de Jeová, o segundo mandamento declara que Jeová visita a maldade dos pais nos filhos até a terceira ou quarta geração. Há muitos casos em que a maldição se torna hereditária e eterna. Foi assim a maldição do rei dos amalequitas (Ex. 17:16). A maldição de Geazi (II Rs. 5:27). Paulo revela que Cristo nos resgatou das maldições da lei, fazendo-se maldição por nós (Gl. 3:13). Jeová sempre usou o método de mandar pragas, pestes, maldições e toda sorte de opressão e violência para intimidar o homem, afim de que não peque. O método de Jesus é totalmente diferente. Não é castigar, mas resgatar. Não é prometer desgraças, mas acumular de bênçãos, pois violência não atrai ninguém. Eis o que Paulo falou: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo” (Ef. 1:3). Jeová inspirava medo, pavor, terror. Jesus inspira amor, paz e alegria.

 

autoria: PASTOR OLAVO SILVEIRA PEREIRA

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