(209) – OS FILHOS DE DEUS

 

OS FILHOS DE DEUS

     Jeová foi quem se revelou a si mesmo como deus a Moisés, e através de Moisés a Israel, seu povo escolhido entre as nações existentes. “Porque és povo santo a Jeová vosso deus, e Jeová te escolheu, de todos os povos que há sobre a face da terra, para lhe seres o povo próprio” (Dt. 14:2). O fato se deu da seguinte forma; de acordo com a promessa feita a Abraão, o povo de Israel se multiplicou no Egito (Gn. 15:13-14). O próprio Jeová criou ciúmes e inveja nos irmãos de José, e por isso mesmo venderam-no como escravo a uns ismaelitas, que o venderam a Potifar, eunuco de Faraó (Gn. 37:27-28). José, colocado por Jeová como governador do Egito, mais tarde, mandou buscar seu pai Jacó e toda sua família, ao todo setenta pessoas, para escapar de grande fome existente em toda a terra. No Egito, os descendentes de Jacó se multiplicaram. Eram milhares de pessoas, geradas pelos costumes lascivos do Egito, e pela idolatria, pelo espaço de quase quatrocentos anos. O Faraó existente no fim dos quatrocentos anos escravizou os israelitas, e os obrigou a trabalhos forçados. O povo gemia debaixo desse jugo de ferro. Tudo acontecendo de acordo com projeto minucioso de Jeová, que chama Moisés, e o constitui como libertador de Israel, usando como armas convincentes pragas e pestes. Faraó, vencido pelas terríveis pragas de Jeová, deixa sair o povo em liberdade depois deles saquearem o Egito (Ex. 3:7-17; 12:29-36).

Este povo, gerado pelos maus costumes do Egito recebe no monte Sinaí uma lei que proíbe tudo o que eles já estavam acostumados a fazer, e Jeová lhes diz: “Filhos sois de Jeová vosso deus; não vos dareis golpes, nem poreis colva entre vossos olhos por causa de algum morto” (Dt. 14:1). O povo, habituado aos sacrifícios pagãos do Egito, não mudou com a proibição. Por outro lado, não eram novas criaturas geradas pelo Espirito Santo. Todos eram carne, portanto carnais e submetidos as inclinações carnais (Ef. 2:2-3). Mas Jeová deu a lei, isto é, os dez mandamentos, e cobrava a obediência sob pena de maldição. Isso se encontra nos capítulos 27 e 28 do livro de Deuteronômio. Como é absolutamente impossível ao homem carnal cumprir a lei na sua vida, Paulo afirma que a lei de Jeová estava enferma pela carne (Rm. 8:3). Jeová cobrava um comportamento espiritual dos nascidos carnais, tratando-os como filhos espirituais, responsabilizando-os e punindo-os de forma cruel por uma perfeição impossível de ser alcançada. Essa cobrança, despótica e impiedosa, foi feita pelo espaço de mil e seiscentos anos, isto é, desde a saída do Egito até o nascimento de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

Jeová se considerava traído pelos filhos desde o início. “Recompensais assim a Jeová, povo louco e ignorante? Não é ele teu pai, que te adquiriu, te fez e te estabeleceu?” (Dt. 32:6). “Sacrifícios ofereceram aos diabos, não a deus; aos deuses que não conheceram, novos deuses que vieram há pouco, dos quais não se estremeceram vossos pais. Esqueceste-te da rocha que te gerou, e em esquecimento puseste o deus que te formou. O que, vendo Jeová, os desprezou, provocado a ira contra seus filhos e filhas; e disse: Esconderei o meu rosto deles, verei qual será o seu fim, porque são geração de perversidade, filhos em quem não há lealdade” (Dt. 32:17-20). O quadro pode ser representado da seguinte forma: Um juiz, curador de menores, recolhe no centro da cidade de São Paulo expressivo grupo de meninos de rua, pivetes, viciados em drogas, assaltantes, sem noção de moral, etc., e diz: Agora vocês são meus filhos. Não vão mais roubar, praticar indecências, cheirar cola de sapateiro, porque vocês são meus escolhidos. Quem desobedecer será atingido por maldições por mim criadas. Pragas, pestes, tumores malignos, hemorróidas e ainda por cima vocês sofrerão a minha vingança sem piedade.

O povo de Israel foi abandonado por Jeová para morrer no deserto, antes de entrar na terra prometida. Novecentos anos depois, no tempo do profeta Isaías Jeová continuava com o mesmo discurso: “Ouvi, ó céus, e presta ouvidos, tu ó terra, porque fala Jeová: criei filhos e exalcei-os, mas eles prevaricaram contra mim” (Is.1:2). Jeová imputava por toda eternidade o mal desse pobre povo: “Vai pois agora, escreve isso numa tábua perante eles e aponta-o num livro; para que fique escrito para o tempo por vir, para sempre e eternamente. Porque povo rebelde é esse, filhos mentirosos, filhos que não querem ouvir a lei de Jeová” (Is. 30:8-9). Mais à frente, Jeová diz, de forma incoerente: “Certamente eles são meu povo, filhos que não mentirão” (Is. 63:8).

Para ficar provado que todas as crianças nascidas da cópula carnal eram filhos, não só dos pais carnais, mas também filhos de Jeová, está escrito na escritura: “Além disto, tomaste a teus filhos e tuas filhas, que por mim geraras, e os sacrificaste a elas, (Imagens) para serem consumidas. A caso é pequena a sua prostituição? E mataste a meus filhos, e os entregaste a elas para fazerem passar pelo fogo” (Ez. 16:20-21; 23:37).

No Novo Testamento, o apóstolo João muda o conceito sobre os filhos de Deus. “Mas, a todos que o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; aos quais crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus” (Jo. 1:12-13). Os nascidos da carne e do sangue, que eram filhos de Jeová, não são, nem podem ser filhos do Deus Pai de Jesus. Para se tornar filho de Deus, o homem tem de receber Jesus pela fé, crer nele, e nascer de outra maneira. “Jesus respondeu, e disse: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura pode tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer, sendo velho? Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne, é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito” (Jo. 3:3-6). A água a que João se refere é a palavra de Jesus, isso é, o Evangelho da Graça (Ef. 5:25-26). Nascer do Espírito, é a obra da regeneração, impossível ao homem carnal e comum (Tt. 3:5-6). Paulo declara que, aqueles nascidos da carne, e filhos de Jeová, como vimos acima, não são filhos de Deus. “Não são os filhos da carne que são filhos de Deus, mas os filhos da promessa são contados como descendência” (Rm. 9:8). O apóstolo Pedro diz: “Arrependei- vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo; porque esta  promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe; a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar” (At. 2:38-39).

Deus, o Pai de Jesus Cristo, toma os filhos de outro, e que não são seus filhos, e mediante a fé em Cristo, e a obra regeneradora do Espírito Santo, isto é, o novo nascimento, os torna filhos. Estes são realmente os filhos de Deus. Jeová iludiu os israelitas, cegando-lhes os olhos (Jr.4:10; Is. 6:10). E continuou iludindo na Igreja através da mesma cegueira. “O deus deste século, cegou o entendimento dos incrédulos, para que não lhes resplandeça a luz do Evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus” (II Co. 4:4).

Autoria:  Pastor Olavo S. Pereira

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