A IMAGEM DE DEUS I (Gn. 1:26-27)
Jeová destruiu toda a humanidade no dilúvio, homens, mulheres e crianças de peito também. Só escapou Noé e sua família. Uns trezentos anos depois, quatro cidades pecadoras foram destruídas a fogo por Jeová, fora as doenças e pragas que precederam a destruição, pois adiante dele vai a peste e não a misericórdia (Hb. 3:5). As quatro cidades foram Sodoma, Gomorra, Admá e Zeboim. Todas destruídas com ira e furor, isto é, não havia amor pelas almas perdidas (Dt. 29:22-24). A ira e o furor de Jeová não são exclusivos dos povos bárbaros, mas são reservados também para o seu povo de Israel.
Tendo Jeová libertado o povo de Israel do cativeiro egípcio, se desgostou com o seu povo no caminho, embora Paulo tenha afirmado que o amor não se ofende, não busca os seus interesses, não se irrita, tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta, (I Co. 13:4-7) e cheio de ira e furor destruiu a todos no deserto ((Nm. 14:26-37). Ao condená-los à morte, Jeová falou: “Quarenta anos estive desgostoso com esta geração, e disse: É um povo que erra de coração, e não tem conhecimento dos meus caminhos. Por isso jurei na minha ira que não entrarão no meu repouso” (Sl. 95:10-11). Morreram sem apelação mais de um milhão de pessoas. Os egípcios foram tratados por Jeová com enormes pragas e pestes.
Os que se convertem ao cristianismo, movidos pelo amor do Deus Pai de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, e cheios do amor do Pai, derramado pelo Espírito Santo (Rm. 5:5; 15:30), ao lerem as atrocidades cometidas por Jeová contra velhos, mães, e crianças, perguntam: Por que Deus era tão cruel, e agora é tão bom? Por que antes de Jesus Cristo, Deus era cheio de ódio e furor, e agora é cheio de amor? Deus muda? No Novo Testamento lemos: “Toda a boa dádiva e todo o Dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação” (Tg. 1:17). O deus do Velho Testamento deixa a gente aterrorizado e com medo.
Os crentes, orientados pelos teólogos, respondem: Deus não tinha outra maneira de agir com os homens, tal era a sua brutalidade assassina. O homem era tão animal e cruel, que só obedecia pela violência. Folheando as páginas do Velho Testamento, vamos encontrar uma resposta diferente. Segundo as Escrituras, o primeiro homem deste mundo foi Adão, e a primeira mulher chamada-se Eva. Este casal gerou dois filhos: Caim e Abel. Vejamos o que a Bíblia diz de Abel, que viveu há seis mil anos.“Esta é a mensagem que ouvistes desde o princípio; que nos amemos uns aos outros. Não como Caim, que era do maligno, e matou a seu irmão. E porque causa o matou? Porque as suas obras eram más e as de seu irmão justas” (I Jo. 3:11-12).
O apóstolo João revela que as obras de Abel eram justas, logo não eram obras de um bruto, mas de um ser equilibrado e bom. Na carta aos Hebreus lemos: “Pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunhos de que era justo, dando Deus testemunho dos seus dons, e por ela, depois de morto, ainda fala” (Hb. 11:4). Abel era um varão cheio de fé e humildade, coisas que os brutos não conhecem. Pela vida de Abel podemos concluir que desde o princípio deste mundo existem maus e bons, justos e injustos, bondosos e cruéis, mansos e violentos como Caim e Abel. O discurso dos teólogos não convence quem estuda a Bíblia. Eles querem acobertar atrocidades cometidas em público por aquele deus.
O justo sendo assassinado pelo injusto. A morte de Abel, não resistindo a inveja de Caim, forma um quadro tão sublime, que seu sangue derramado é figura do sangue de Cristo, isto é, ambos são cordeiros sem mácula. “E a Jesus, o Mediador de uma Nova Aliança, e ao sangue da aspersão, que fala melhor do que o sangue de Abel” (Hb. 12:24). Afirmar que os homens eram animais irracionais e brutos é cegueira do fanatismo religioso.
Temos outro exemplo antes do dilúvio, cujo nome é Enoque. Este varão andou com Deus trezentos anos. Se um bruto andar com Deus deixa de ser bruto para ser anjo, pois a companhia de Deus são os anjos.
O dilúvio ocorreu no ano 1656 depois de Adão, ou 2344 anos antes de Cristo. Pois no ano 522 depois de Adão, isto é, 1134 anos antes do dilúvio, nasceu Enoque. Na época de Enoque, o comportamento do gênero humano era assustador, mas não era tanto como hoje, pois não havia cinema pornô, nem vídeos pornô, nem alucinógenos, nem era oficializado o matrimônio entre dois gays ou duas lésbicas; também não havia tantos pedófilos e tarados; e esse foi o motivo do dilúvio universal, pois essas coisas eram reprovadas por Jeová. Nesse ambiente de trevas totais, Enoque anda com Deus trezentos anos (Gn. 5:22). Hoje, os cristãos andam com o mundo e não com Deus, logo Enoque põe no bolso qualquer cristão moderno. No livro aos hebreus lemos a respeito de Enoque: “Pela fé Enoque foi trasladado para não ver a morte, e não foi achado, porque Deus o trasladara; visto como antes da sua trasladação alcançou testemunho de que agradara a Deus” (Hb. 11:5).
Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago, deixou escrito o seguinte: “E destes, profetizou Enoque, o sétimo depois de Adão, dizendo: Eis que é vindo o Senhor com milhares de seus santos, para fazer juízo contra todos e condenar entre eles todos os ímpios, por todas as suas obras de impiedade, que impiamente cometeram, e por todas as duras palavras que ímpios pecadores disseram contra ele” (Jd. 14-15). Enoque foi um grande profeta e anjo de Deus, como não se vê hoje. Um homem altamente espiritual e santo. Tanto a vida de Abel como a de Enoque clamam contra essa teoria insensata de que os homens eram brutos e animais, e só podiam ser tratados com violência. Hoje existe mais brutalidade do que no início, pois se os entendidos afirmam que o Evangelho da graça de Deus foi manifestado quando os homens atingiram um grau de amadurecimento racional e espiritual adequados a revelação do amor de Deus; a culpa e a condenação tem de ser maiores pois o mal praticado é mais consciente, a malícia é maior e a perversidade não tem limites.
Mas como Deus é amor, e enviou o seu Filho unigênito para salvar a todos, em meio a este caos de trevas morais e espirituais, em meio a guerras fratricidas, no meio de ódio, corrupção e apostasia, não destrói nem mata os pobres homens, mas pela boca de Paulo nos diz. “ONDE ABUNDOU O PECADO SUPER ABUNDOU A GRAÇA” (Rm. 5:20).
Autoria: Pastor Olavo Silveira Pereira