(169) – VENDEDOR DE ESCRAVOS

VENDEDOR DE ESCRAVOS

 

A escravidão é a condição mais miserável e aviltante do homem. O escravo nunca tem razão porque não tem direitos. Escravo não tem lar nem família. Não tem dignidade nem vontade. É como um animal de carga e sem remuneração.

Após o descobrimento do Brasil as incursões dos franceses e ingleses obrigaram o governo português a colonizar o Brasil. Não havia mão de obra, e a maneira mais prática e barata era trazer mão de obra escrava, para que colonos portugueses se animassem a mudar para a nova terra. Em 1.550, dez por cento da população portuguesa era de escravos africanos.  Começa então o tráfico, que na época era uma atividade comercial como outra qualquer. Ia-se aos chefes das tribos, em geral nas costas do Golfo da Guiné. Os traficantes os selecionavam como gado, pois os negros eram considerados objetos, máquinas. Eram transportados em navios negreiros, sem o mínimo de higiene, amontoados em porões imundos. Grande parte morria durante a viagem. Terminada a longa travessia desembarcavam os escravos em Recife, em Salvador ou no Rio de Janeiro, onde eram leiloados em praça pública.  Os compradores eram cruéis, pois o escravo tinha de dar lucro. Viviam em senzalas. Os desobedientes eram corporalmente castigados. Os instrumentos de castigo eram o bacalhau, palmatória, tronco, açoite, chibata. O ferro em brasa era usado nos mais rebeldes. Os condenados ao tronco ficavam até três dias expostos ao sol e a chuva em jejum. A chibata era uma vara comprida para flagelar. O açoite era formado de um cabo de madeira de cuja ponta saiam diversas tiras de couro com nós nas pontas.

Em Roma os escravos eram tirados dos povos conquistados. Uma grande parte era condenada às galés, navios movidos a vela e remos. Acorrentados remavam até a morte. Muitos condenados eram de linhagem nobre. Todos os povos da antiguidade escravizavam os vencidos. Entre os anos 1.347 e 1.389, reinava um poderoso monarca, sultão dos turcos. Marchou contra Tamerlão, rei dos tártaros, com um exército de 400.000 homens à cavalo, e outro tanto à pé. Este rei foi vencido pelos exércitos de Tamerlão, o tártaro, e fundador do segundo império mongol. De manhã Bajazeto era o rico e poderoso sultão dos turcos, à tarde, vencido, foi transformado em escravo, e a humilhação imposta por Tamerlão era que, em todas as refeições Bajazeto era colocado debaixo da mesa e obrigado a roer os ossos com os cães. E toda vez que Tamerlão montava em seu cavalo, Bajazeto era colocado de quatro e servia de estrado para que o seu senhor montasse no cavalo. Por muitos anos viveu assim Bajazeto, até que de paixão e tristeza, morreu. Isso é a escravidão.

O povo e os reis de Israel foram reduzidos a essa condição miserável e aviltante, não pela vontade dos conquistadores, mas pela vontade do seu deus Jeová, pois Jeová aprovava a escravidão, como mostramos no folheto de nº 157. “Quando te chegares a uma cidade para combatê-la, apregoar-lhe-ás a paz, e será que se te responder em paz, e te abrir, todo o povo que se achar nela te será tributário e te servirá” (Dt. 20:10-11). “E quanto ao teu escravo ou a tua escrava que tiveres, serão das gentes que estão ao redor de vós; deles comprareis escravos e escravas” (Lv. 25:44-46). A escravidão envolve acepção de pessoas, e Jeová afirmou que não faz acepção, logo mentiu. Moisés disse: “Jeová vosso deus é o deus dos deuses, e senhor dos senhores, o deus grande, poderoso e terrível, que não faz acepção de pessoas” (Dt. 10:17).

Jeová obrigou o seu povo à escravidão, entregando-os aos caldeus. Vamos transcrever um trecho do livro das Lamentações de Jeremias. “A nossa herdade passou a estranhos, e as nossas casas a forasteiros. Órfãos somos, sem pai, nossas mães são como viúvas. A nossa água por dinheiro a bebemos, por preço vem a nossa lenha. Os nossos perseguidores estão sobre os nossos pescoços; estamos cansados e não temos descanso” (Lm. 5:2-5). “Servos dominam sobre nós; ninguém há que nos arranque da sua mão. Com perigo de nossas vidas trazemos o nosso pão, por causa da espada do deserto. Nossa pele se enegreceu como um forno, por causa do ardor da fome. Forçaram as mulheres em Sião, as virgens nas cidades de Judá. Os príncipes foram enforcados pelas mãos deles; as faces dos velhos não foram reverenciadas. Aos mancebos obrigaram a moer, e os moços tropeçaram debaixo da lenha. Os velhos não têm assento na porta, os mancebos já não cantam. Cessou o gozo do nosso coração; converteu-se em lamentação a nossa dança” (Lm. 5:8-15).

            Concordamos em que haja castigo para o filho rebelde. Mas no caso de Israel, foram entregues a uma cruel escravidão, e a um jugo de corrupção e não de reeducação. O verso onze relata que as mulheres e as virgens eram o pasto dos corruptores. Se alguém quiser defender os atos desse deus cruel, vingativo e despótico, nós citamos o Salmo 44, que diz: “TU NOS ENTREGASTE COMO OVELHAS PARA COMER, E NOS ESPALHASTE ENTRE AS NAÇÕES. TU VENDES POR NADA O TEU POVO, E NÃO AUMENTAS A TUA RIQUEZA COM O SEU PREÇO” (Sl. 44:11-12). O salmista, nesta declaração, afirma que Jeová não queria educar o seu povo, e sim pisar, flagelar, corromper e destruir. Vendeu de graça e não teve lucro nenhum, isto é, não visava lucro espiritual. Era puro sadismo. Jeová mesmo falou, dizendo: “Desamparei a minha casa, abandonei a minha herança; entreguei a amada da minha alma na mão dos seus inimigos” (Jr. 12:7). “Pelo que Jeová rejeitou a toda a semente de Israel, e os oprimiu, e os deu na mão dos despojadores, até que os tirou de diante da sua presença, porque rasgou a Israel da casa de Davi” (II Rs. 17:20-21). E o mesmo planejou para Judá e Jerusalém. “Também a Judá hei de tirar de diante da minha face, como tirei a Israel, e rejeitarei esta cidade de Jerusalém que elegi, como também a casa de que disse: Estará ali o meu nome” (II Rs. 23:27).

            O Pai de Jesus e verdadeiro Deus quer salvar todos os pecadores, todos os maus, ladrões, assassinos e prostitutas, mentirosos e idólatras, enfim todos. “Quer que todos se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (I Tm. 2:4). “Deus é o Salvador de todos os homens, principalmente dos fiéis” (I Tm. 4:10). E como o Pai faz isso? Mandando para o cativeiro? Ferindo com pestes e pragas? Não. Jesus salva a todos de graça, pois pagou na cruz a dívida. Paulo disse: “Esta é uma palavra fiel e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores” (I Tm. 1:15).

            Jesus Cristo veio para libertar de toda escravidão.

 

Autoria: Pastor Olavo Silveira Pereira

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