VASOS DE HONRA
No Velho Testamento lemos que Jeová, o deus do Velho Testamento é quem forma o espírito de todos os homens dentro deles (Zc. 12:1). É por isso que Moisés e Arão o chamaram de deus dos espíritos de toda a carne (Nm. 16:22). Baseado nesta realidade, Moisés pediu a Jeová que, como o deus que forma o espírito, isto é, o caráter bom ou mau dos homens, colocasse sobre Israel um líder a altura do reino de Jeová, para que o povo de deus não fosse como ovelhas que não tem pastor (Nm. 27:15-17). Jó revela que está na mão de Jeová a alma de tudo quanto vive, e o espírito de toda a carne humana (Jó 12:9-10). Revela também que o entendimento de todos os homens, maus e bons, é inspiração de Jeová. Para provar isto, o próprio Jeová declara que é o oleiro, e como tal, dá a forma que quer ao barro (Jr. 18:1-6). Paulo nos diz o seguinte: “Não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra? (Rm. 9:21).
Pois bem. Jeová, o oleiro, falou a Davi, dizendo: “Quando teus dias forem completos e vieres a dormir com teus pais, então farei levantar depois de ti a tua semente, que sair das tuas entranhas e estabelecerei o teu reino. Este edificará uma casa ao meu nome e confirmarei o trono do seu reino para sempre. Eu lhe serei por pai e ele me será por filho” (II Sm. 7:12-14; I Cr. 17:11-14). O nome do filho de Davi, eleito por Jeová como vaso de honra, foi nome escolhido por Jeová, Salomão, que quer dizer pacífico. Este vaso de honra confirmaria o reino de Davi para sempre (I Cr. 22:9-10). Jeová declara também que escolheu Salomão para ser seu filho (I Cr. 28:6).
Pois bem, Salomão foi o pior rei de Israel, pois com a sabedoria dada por Jeová, escravizou o povo e lhe impôs um jugo de ferro, pois estabeleceu impostos pesadíssimos para manter a pompa do trono e a ostentação política (I Rs. 12:4). Quando seu filho Roboão reinou em seu lugar, o povo cansado reclamou do jugo maligno imposto por Salomão. Roboão, seguindo o exemplo do pai, e o conselho dos irresponsáveis, disse: “Meu pai vos castigou com um jugo pesado, ainda eu aumentarei o vosso jugo; meu pai vos castigou com açoites, porém eu vos castigarei com escorpiões” (I Rs. 12:11).
Salomão, com a sabedoria dada por Jeová, desfrutou dos prazeres da carne como ninguém, pois tinha setecentas mulheres, princesas, e trezentas concubinas. Com a sabedoria divina, dada por Jeová, deixou-se corromper pelas mil mulheres estranhas que o acariciavam (I Rs. 11:1-9). Salomão foi o maior idólatra de todos os reis de Israel. Foi, portanto, vaso de desonra, pois por sua culpa o reino foi dividido, ficando para a descendência de Davi apenas Judá e os levitas. Ouçamos as palavras do juízo de Jeová sobre Salomão: Pois que houve isto em ti, que não guardaste o meu concerto e os meus estatutos que te mandei, certamente rasgarei de ti este reino e os darei a teu servo. Todavia nos teus dias não o farei, por amor de Davi teu pai; da mão de teu filho o rasgarei” (I Rs. 11:11-12).
Jeová prometeu a Davi que Salomão seria vaso de honra e não de desonra. Salomão foi predestinado por Jeová, e Jeová é quem forma o caráter das pessoas. Isso foi também o que Paulo afirmou em Rm. 9:21. Se Jeová, o oleiro, o todo poderoso oleiro, declarou que Salomão edificaria o templo da sua glória, afirmou ser o pai de Salomão, e a este, seu filho querido (II Sm. 12:24), lhe deu sabedoria divina, (I Rs. 3:12). A sua sabedoria alcançou todos os povos da época (I Rs. 4:29-34). Se este vaso de honra se tornou em vaso de desonra, se Salomão, o pacífico, perdeu a paz com o oleiro, fica provado que o todo poderoso, El Shaday, não tem poder sobre o barro e quando afirmou isso faltou com a verdade.
Sobre Israel, Jeová, o oleiro, assim se pronunciou: “A todos os que são chamados pelo meu nome, eu os criei para a minha glória; eu os formei, sim, eu os fiz” (Is. 43:7). “Mas agora, diz Jeová que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel: Não temas, porque eu te remi, chamei-te pelo teu nome, tu és meu” (Is. 43:1). “Quando passares pelas águas estarei contigo e quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti” (Is. 43:2). “Jeová criou e formou Israel para a sua glória e aconteceu o contrário, pois rejeitaram os seus estatutos e o seu concerto, que fizera com os seus pais, como também os seus testemunhos; e andaram após a vaidade, e ficaram vãos, como também após as nações, que estavam em roda deles, das quais Jeová lhes tinha dito que não fizessem como elas. E deixaram todos os mandamentos de Jeová seu deus e fizeram imagens de fundição, dois bezerros, e fizeram um ídolo no bosque, e se prostraram perante todo o exército do céu, e serviram a Baal. Também fizeram passar pelo fogo a seus filhos e suas filhas, e deram-se a adivinhações, e criam em agouros; e venderam-se para fazer o mal aos olhos de Jeová, para o provocar a ira” (II Rs. 17:15-17).
Como aconteceu isso com o povo, se Jeová afirmou ser o oleiro e Israel o barro, sendo a forma moral de Israel dada por Jeová? Fica evidente que, se Jeová faz um vaso para sua honra e glória, e o vaso se torna vaso de ira, escândalo, vergonha e corrupção, o oleiro não tem poder nenhum.
No Salmos lemos que Jeová mudou o coração dos egípcios para que odiassem Israel, o que de fato aconteceu (Sl. 105:23-25). Sobre o mal Jeová tem todo poder, mas sobre o bem não tem, pois preparou o seu povo para ser bom, mas saiu perverso. Jeremias diz: “Eu mesmo te plantei como vide excelente, uma semente inteiramente fiel; como pois te tornaste para mim uma planta degenerada? (Jr. 2:21).
O único que pode tornar o homem bom é Jesus Cristo. E como? O que crê nele é sepultado e ressuscitado com ele em vida. É uma nova criatura, onde não existem os sinais da velha criação, maculada por Jeová e a sua lei (Cl. 2:12; II Co. 5:17). É o homem criado em verdadeira justiça e santidade (Ef. 4:22-24).
Autoria: Pastor Olavo Silveira Pereira