“Quando o valente guarda, armado, a sua casa, em segurança está tudo quanto tem; mas, sobrevindo outro mais valente do que ele, e vencendo-o, tira-lhe toda a sua armadura em que confiava, e reparte os seus despojos” (Lc.11:21-22).
Estas palavras Jesus falou quando expulsou um demônio mudo de um cidadão: “Mas alguns diziam: Ele expulsa os demônios por Belzebu, príncipe dos demônios” (Lc.11:15). Jesus então lhes falou, dizendo: “…Todo reino dividido contra si mesmo será assolado; e a casa, dividida contra si mesma, cairá. E, se também Satanás está dividido contra si mesmo, como subsistirá o seu reino?” (Lc.11:17-18a). E continuou o Senhor dizendo: “Mas, se eu expulso os demônios pelo dedo de Deus, certamente a vós é chegado o reino de Deus” (Lc.11:20).
Jesus revela que Belzebu e Satanás são a mesma pessoa, e que tem um reino, uma casa, e despojo bem guardados e seguros. Jesus chamou, portanto, Belzebu de valente. “Quando o valente guarda, armado, a sua casa, em segurança está tudo quanto tem” (Lc.11:21). No Velho Testamento Belzebu não tinha nada de valente. Quando Acazias, rei de Israel, caiu das grades do seu quarto e se quebrou, mandou consultar a Belzebú, Deus do Ecrom, se sararia ou não da doença. O anjo de Jeová mandou Elias, o profeta, com a seguinte mensagem: “…não há Deus em Israel, para irdes consultar a Baal-Zebu, deus de Ecrom? Portanto, assim diz Jeová: da cama, a que subiste, não descerás, mas sem falta morrerás” (2 Rs.1:1-4).
O poder para curar ou matar estava na mão de Jeová e não na mão de Belzebu. Este nome, de origem incerta, só apareceu uma vez no Velho Testamento. O fato é que o VALENTE, no Velho Testamento é Jeová; e isso é falado por ele mesmo. “ENTÃO JEOVÁ DESPERTOU COMO DE UM SONO, COMO UM VALENTE QUE O VINHO EXCITASSE. E FERIU OS SEUS ADVERSÁRIOS.” Sl.78:65-66. “MAS JEOVÁ ESTÁ COMIGO COMO UM VALENTE TERRÍVEL;…” (Jr.20:11a).
Jó acusa Deus chamando-o de valente: “ENTREGA-ME DEUS AO PERVERSO, E NA MÃO DOS ÍMPIOS ME FAZ CAIR. DESCANSADO ESTAVA EU, PORÉM ELE ME QUEBRANTOU; E PEGOU-ME PELO PESCOÇO, E ME DESPEDAÇOU; TAMBÉM ME PÔS POR SEU ALVO. CERCAM-ME OS SEUS FRECHEIROS; ATRAVESSA-ME OS RINS, E NÃO ME POUPA; … QUEBRANTA-ME COM QUEBRANTO SOBRE QUEBRANTO; ARREMETE CONTRA MIM COMO UM VALENTE” (Jó 16:11-14).
Que Jeová era o valente está claro nas escrituras. Alguns de seus nomes: TODO-PODEROSO, JEOVÁ DOS EXÉRCITOS, HOMEM DE GUERRA (Gn.17:1; Sl.24:10, Ex.15:3). O estranho é que, tendo Jesus dito que o valente é Belzebu, Jeová tenha adotado este título.
Jeová tinha uma casa (Nm. 12:7). Tinha um reino (Ex. 19:6). Esse reino tinha a sua lei (Ex.20:1-17). Esse reino, sendo sacerdotal, era regido pelos sacerdotes. Jeová erigiu, pelas mãos do rei Salomão, um templo para sua habitação (2 Sm.7:12-13; 1 Rs.8:10-11).
Jesus veio a este mundo e disse: “O meu reino não é deste mundo” (Jo.18:36).
A respeito de Jerusalém, capital do reino de Jeová, Jesus disse: “Porque dias virão sobre ti, em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras, e te sitiarão, e te estreitarão de todas as bandas; e te derribarão, a ti e a teus filhos que dentro de ti estiverem; e não deixarão em ti pedra sobre pedra, pois que não conheceste o tempo da tua visitação” (Lc.19:43-44). Jesus, como o Messias esperado, não assumiu nem restaurou o reino, como fora predito, antes anunciou a sua destruição.
O sacerdócio levítico e a lei de Moisés foram mudados. “Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei” (Hb.7:12). “Porque o precedente mandamento é abrogado por causa da sua fraqueza e inutilidade (pois a lei nenhuma coisa aperfeiçoou) e desta sorte é introduzida uma melhor esperança, pela qual chegamos a Deus” (Hb.7:18-19). Jesus fundou uma outra casa, deixando de lado a casa de Jeová (Hb.3:1-6). O trono de Davi, do qual Jeová afirmou como todo poderoso, que seria eterno e ocupado pela descendência de Davi, acabou há 2.600 anos. “Uma vez jurei por minha santidade que não mentirei a Davi. A SUA DESCENDÊNCIA DURARÁ PARA SEMPRE, e o seu trono será como sol perantemim. Será estabelecido para sempre como a lua; e a testemunha no céu é fiel” (Sl.89:35-37).
Tudo o que o valente tinha acabou; acabou o reino, acabou o sacerdócio, acabaram os sacrifícios, acabou o templo, acabou a casa e a lei foi mudada; O projeto de Jeová foi desmontado. O que não se entende, é que um Deus, que se intitule como único Deus criador, estabeleça um reino baseado na lei de Talião (punição semelhante a ofensa). É óbvio que Jesus Cristo, trazendo à luz a lei do amor, aniquilou o velho conceito da vingança, do olho por olho e dente por dente. O poder maior é o poder do amor. Só o amor constrói. O amor não se vinga, pois o amor perdoa. O amor não faz o mal a ninguém (Rm.13:10). Ora, Jeová faz o mal, logo não é amor, e assim não pode ser Jesus Cristo ou o Pai (Jo.4:7-8).
A valentia do amor suplantou a valentia da ira de Jeová. A valentia do amor de Cristo trouxe a vida aos mortos de Jeová (Rm.5:7). A valentia do amor de Jesus trouxe a graça do Pai sobre os condenados de Jeová (Rm.5:18). A valentia do amor de Jesus anulou a justiça das obras estabelecidas por Jeová, e estabeleceu a justiça da fé, pela qual, quem crê é salvo simplesmente porque Deus é amor (Rm.9:20-30).
Disse pois Jesus: “Quando o valente guarda, armado, a sua casa, em segurança está tudo quanto tem; Mas, sobrevindo outro mais valente do que ele, e vencendo-o, tira-lhe toda a sua armadura em que confiava, e reparte os seus despojos. Quem não é comigo e contra mim; e quem comigo não ajunta espalha” (Lc.11:21- 23).
Autoria Pastor Olavo S. Pereira