O ESCRAVISMO
Escravismo é o sistema de governo dos escravistas, isto é, daqueles que defendem a escravidão e a escravização. Escravismo é o mesmo que escravagismo. Escravocracia refere-se ao poder e domínio dos escravocratas. Escravocrata é o escravo possuidor de escravos. É o escravo com poder sobre outros escravos. Todo sistema, político ou religioso, onde existe escravidão e escravização, é perverso e diabólico, pois ferem frontalmente os três direitos inalienáveis do homem: A VIDA, a LIBERDADE, e a CONQUISTA DA FELICIDADE.
Jesus Cristo não é escravagista ou escravista. Na sua pregação dizia: “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Jo. 8:32). Isto dizia ele aos judeus religiosos, os escribas e fariseus, que conheciam de cor o Velho Testamento. João, no seu Evangelho, diz: “A lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo” (Jo. 1:17). Jesus e João se referiram à verdade como se não existisse verdade na lei e no Velho Testamento. Convém lembrar que a lei e o Velho Testamento fazem parte do Velho Concerto, e nada têm a ver com as profecias sobre Jesus.
O ministério de Jesus foi e é ministério de libertação, pois todos os homens são escravos de quatro maneiras diferentes:
- Os homens são escravos do pecado, pois não podem deixar de pecar. Lemos isso em Jo. 8:32-35e Rm. 6:17-18.
- Os homens são escravos de Satanás e das trevas, e por isso são oprimidos. Paulo explica essa escravidão com as seguintes palavras: “Noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência, entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também” (Ef. 2:2-3). E Jesus veio para libertar do diabo e seus espíritos malignos (At. 26:18).
- Os homens são escravos da lei, isto é, não fazem o mal porque a lei proíbe, e não por bondade. Não é a virtude que os move, mas o temor e o medo. No caso dos Judeus, sendo escravos da lei, são escravos de Jeová que a promulgou. Assim também os muçulmanos, que por temor de Alá não fazem o mal; ou os budistas, etc. (Ez. 18:4).
- Os homens são escravos da carne, de seus apetites e desejos, de suas paixões e concupiscências, que os levam à morte espiritual. Paulo diz: “Porque, quando estávamos na carne, as paixões dos pecados, que são pela lei, obravam em nossos membros para darem fruto para a morte” (Rm. 7:5). “Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito, mortificardes as obras da carne, vivereis” (Rm. 8:13).
Pois bem. O Espírito de Cristo leva o cristão a crucificar a carne, e assim é completamente libertado dela (Gl. 5:24). Cristo nos liberta das maldições da lei, na cruz (Gl. 3:13; Rm. 6:14). Cristo liberta o homem de Satanás como lemos em At. 26:18, e Cristo liberta o cristão de maneira total. Cristo é abolicionista, pois acaba com todo tipo de escravidão. O Espírito Santo que Jesus derramou sobre os discípulos em Atos II , é chamado por Paulo de Espírito de liberdade (II Co. 3:17).
No Velho Testamento, Jeová é escravagista. Levou a descendência de Abraão ao Egito para ser escrava, e anunciou a Abraão antecipadamente em Gn. 15:13-14. O plano era preparar Israel na política escravagista, para escravizar futuramente outros povos. Dando as leis da guerra por Moisés, Jeová declarou: “Quando te chegares a uma cidade para combatê-la, apregoar-lhe-ás a paz, e será que se te responder em paz, e te abrir, todo o povo que se achar nela te será tributário e te servirá” (Dt. 20:10-11). “Se porém, ela não fizer paz contigo, mas antes te fizer guerra, então a sitiarás, e Jeová teu deus a dará na tua mão, e a passarás a fio de espada.” Este é o espírito escravagista de Jeová. Escravidão ou morte. Não é o espírito de Jesus Cristo e do Pai. Jeová apoiava a escravidão, pois na lei lemos que o escravo trabalhava para o israelita como escravo (Ex. 23:12). No livro de Levíticos está escrito que o israelita não pode ser escravo em Israel (Lv. 25:38-42). A respeito de outras raças, Jeová declara: “E quanto a teu escravo ou a tua escrava que tiveres, serão das gentes que estão ao redor de vós; deles comprareis escravos e escravas. Também os comprareis dos filhos dos forasteiros, que peregrinam entre vós, deles e de suas gerações que estiverem convosco, que tiverem gerado na vossa terra; e vos serão por possessão. E possuí-los-eis por herança para vossos filhos depois de vós, para herdarem a possessão; perpetuamente os fareis servir, mas sobre vossos irmãos, os filhos de Israel, não vos assenhoreis deles com rigor” (Lv. 25:44-46).
Quando Israel entrou em Canaã, chefiados por Josué, os cananeus que habitaram no meio dos efraimitas eram tributários e escravizados, de acordo com os ensinamentos recebidos no Egito, e a gosto de Jeová (Js. 16:10). Os manassitas fizeram o mesmo com os cananeus (Js. 17:13). Zebulom também não expulsou os cananeus, fazendo-os escravos e tributários (Jz. 1:28-30). Aser e Naftali seguiram a política escravagista de Efraim, Manassés e Zebulom, conforme a vontade de Jeová (Jz. 1:31-33).. A tribo de Dã e de José agiram do mesmo modo com os amorreus (Jz. 1:34-36). A política Israelita era escravagista porque o seu deus também era, e ordenou na lei que agissem desse modo. Salomão, que recebeu de Jeová toda sabedoria e ciência, submeteu os heteus, os amorreus, os perizeus, os heveus e os jebuzeus, fazendo-os tributários e servos (II Cr. 8:7-8).
Quando o povo de Israel se virava para os ídolos, Jeová invertia a escravidão, entregando o seu povo na mão dos escravos tributários, que por vingança usava da maior crueldade (Jz. 2:13-15). Israel ficou escravo de Cusã-Rizataim, rei da Babilônia, por oito anos, a gosto de Jeová (Jz. 3:8). Depois Jeová os entregou a Eglom, rei dos moabitas por dezoito anos (Jz. 3:12-14). Jeová os entregou mais tarde a Jabim, rei de Canaã por vinte anos (Jz. 4:1-3). Foram sete cativeiros perfazendo 111 anos. A pergunta que fazemos a esse deus truculento, é que, se entregar o rebelde na mão dos criminosos, ele será curado? A experiência humana tem provado que o que conviveu com os perversos se corrompe. Jeová, sendo deus, não sabia disso? Quando um pai quer corromper sua filha, obriga-a a andar com prostitutas. Isto é o que fazia Jeová com Israel. Jesus Cristo fez o contrário, trazendo a graça sobre todos os que estavam predestinados a escravidão da corrupção (Rm. 8:19-23).
Autoria: Pastor Olavo Silveira Pereira