(148) – A IRA – II

A IRA 2

 

Ira é um sentimento que nasce de injúria recebida. As pessoas que ficam iradas sem terem sido ofendidas são iracundas e sofrem o fel da amargura. A pessoa iracunda ofende e maltrata pessoas queridas. Muitas esposas abandonam o marido por não suportar os maus tratos, e muitos filhos e filhas fogem de casa expondo-se ao mal por culpa da  iracúndia do pai. Existem também mulheres iracundas. No livro dos provérbios de Salomão lemos: “Melhor é morar numa terra deserta do que com a mulher rixosa e iracunda” (Pv. 21:19). “Melhor é morar a um canto de umas águas furtadas, do que com a mulher rixosa em casa ampla” (Pv. 25:24). “O gotejar contínuo no dia de grande chuva, e a  mulher rixosa, uma e outra coisa são semelhantes” (Pv. 27:15). A ira não convém nem aos tolos. “A ira do louco se conhece no mesmo dia, mas o avisado encobre a afronta” (Pv. 12:16). A ira nutre a esperança de se vingar, logo anula o perdão. Tanto a ira como o ódio causam duplo dano. No  que está irado por que não consegue reter o fel do espírito ofendido, e na vítima da ira que é o objeto da vingança. A ira dificilmente é acompanhada da razão, pois a ira é uma paixão, e a paixão não obedece a razão, e sim o coração. Os animais brutos não têm razão, e contudo são susceptíveis de ira, logo não é acompanhada da razão. Também a embriagues, que priva da razão, produz ira num homem, que, quando está sóbrio é manso, logo a ira não é acompanhada da razão. Davi implorou a Jeová dizendo: “Jeová, não me repreendes na tua ira, nem me castigues no teu furor” (Sl. 38:1).

Por que Davi fez esse pedido? Porque a repreensão sem ira é menos violenta e o castigo sem furor é suportável. A ira exclue a piedade, por isso Jeová disse: “E fá-los-ei em pedaços, uns contra os outros, e juntamente os pais com os filhos, diz Jeová; não perdoarei nem pouparei, e nem deles terei compaixão para que os não destrua” (Jr. 13:14)“Pelo que também eu procederei com furor; o meu olho não poupará, nem terei piedade. Ainda que me gritem aos ouvidos com grande voz, eu não os ouvirei”. A ira, mesmo depois da vingança não se satisfaz. O profeta Naum revela, que Jeová toma vingança contra os adversários, e guarda a ira (Na. 1:2). Se a ira não convém aos homens, muito menos a Jeová, que se proclama misericordioso (Dt. 7:9).

Os antigos classificaram três espécies de ira, a saber: O FEL, A MANIA, E O FUROR. Chama-se fel a ira, quando está encoberta no coração. A ira permanente, que se torna conhecida por declaração em palavras, chama-se mania. Por fim, o furor é a ira que se vinga com atos cruéis, depois das palavras. O fel pode desaparecer sem deixar vestígios, pois só existe no coração do irado. A mania pode também desaparecer, mas deixa vestígios, pois se revelou com palavras ofensivas. O furor é assassino e não tem retorno. Podemos dizer que as três iras são: A ira sem palavras, a ira seguida de palavras, e a ira seguida de palavras e atos cruéis. O evangelista Mateus nos dá a seguinte explicação: “Qualquer que sem motivo, se encolerizar contra o seu irmão, será réu de juízo; e qualquer que disser a seu irmão: RACA, será réu de Sinédrio; e qualquer que lhe disser: LOUCO, será réu do fogo do inferno” (Mt. 5:22). A ira, neste mundo, fere mais o iracundo, e também mata na eternidade. Salomão declara que os sábios desviam a ira (Pv. 29:8). Se um homem sábio consegue desviar a ira, porque Jeová alimenta a ira? A ira de Jeová jamais se apagará: “Porquanto me deixaram, e queimaram incenso a outros deuses, para me provocarem a ira, o meu furor se ascendeu e não se apagará” (II Rs. 22:17). É uma ira eterna. Jeová afirmou que criaria novos céus e nova terra, e que toda a carne viria adorar perante sua face, e os salvos veriam os corpos mortos dos que pecaram sendo devorados por bichos eternamente, isto é, matando e destruindo os perversos, sua ira não se apagou, pois mantém seus corpos pútridos numa lembrança eterna (Is. 66:22-24). E quem são estes corpos mortos?  São os que murmuraram no deserto por estarem com fome e sede. Jeová jurou vingança eterna, proibindo-os de entrar em Canaã.

Foi na sua ira que Jeová condenou à morte todos os homens em Adão (Rm. 5:12).

Foi na sua ira que Jeová destruiu a humanidade no dilúvio (Gn. 6:7).

Foi na sua ira que Jeová dividiu o reino de Israel em dois reinos, sabendo que o reino dividido não subsiste (Mt. 12:25).

Foi na ira que Jeová destruiu Israel (II Rs. 17:20-21).

Foi na  ira que espalhou os judeus por entre as nações por 2.600 anos.

Foi na ira e sem motivo algum que ordenou a Davi que enumerasse o povo e depois matou 70.000 inocentes (II Sm. 24:1; 24:15-17).

Foi na sua ira que destruía o povo que salvou (Jd. 5)

É a ira de Jeová que mata inocentes, pois matou o filho recém  nascido de Davi, e em todos os reinos matava criancinhas por causa do mal dos pais. Matou as crianças de Babilônia pelo pecado de seus reis (Is. 14:21). Foi a ira de Jeová que obrigou pela fome, a devorar os próprios filhos (Lm. 4:10). Um deus que não ama as criancinhas,  e mata para vingar o pecado dos pais, esse deus não é deus.

Deus, é o que está oculto em Jesus Cristo, cujas obras traçaram o seu perfil de amor e bondade; que salva todos, mesmo os piores e mais cruéis, que foram gerados pela ira de Jeová, que é o deus da guerra, das pestes e das pragas, da escravidão e do ódio.

Os que crêem em Jesus, são novamente criados em amor e piedade, e em mansidão e humildade, segundo a imagem de quem os criou, isto é, Jesus Cristo.

 

Autoria: Pastor Olavo S. Pereira

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