O EGITO
Vamos falar do Egito no tempo dos Faraós e das pirâmides, pois foi nessa época que os israelitas entraram lá pelas mãos de José, filho de Jacó. O fato histórico aconteceu da seguinte maneira: Jacó tinha doze filhos. O penúltimo era José, que era o predileto. “E Jacó amava a José mais que a todos os seus filhos porque era filho da sua velhice, pois o gerou com setenta e nove ou oitenta anos. Os onze irmãos de José o odiavam por inveja, por ser o preferido do pai…. Estando eles no campo, José, com dezessete anos foi enviado por seu pai em busca dos irmãos que se demoravam. Estes, vendo a José, deliberaram matá-lo, mas por intercessão de Judá, venderam-no a uns ismaelitas, que o levaram ao Egito” (Gn. 37). Os ismaelitas venderam José a Potifar, eunuco do Faraó (Gn. 39:1). A mulher de Potifar tentou seduzir José, mas este se desviou dela que, sentindo-se desprezada, o acusou injustamente ao ouvidor de Potifar. Este, irado, mandou-o ao cárcere (Gn. 39:1-20). No cárcere José interpretou dois sonhos de seus colegas de prisão. O copeiro do rei e o padeiro do rei, que se cumpriram, pois o padeiro foi morto e o copeiro foi reempossado nas suas antigas funções (Gn. 40:1-22).
“Faraó também sonhou que estava em pé junto ao rio, e eis que subiam do rio sete vacas, formosas à vista e gordas de carne, e pastavam no prado. Eis que subiam do rio após elas, outras sete vacas, feias à vista, e magras de carne, e paravam junto às outras vacas. E as vacas feias e magras de carne, comiam as sete vacas formosas e gordas de carne”.(Gn. 41:1-4). Faraó, perturbado, mandou chamar os sábios e adivinhadores do Egito, mas estes não puderam interpretar o sonho. Então o copeiro de Faraó lembrou-se de José e contou como José interpretava os sonhos, e como se cumpriram. Conduzido à presença de Faraó, José lhe disse: As sete vacas gordas são sete anos de fartura na terra do Egito, e as sete vacas magras serão outros sete anos, porém de fome, que consumirá o Egito (Gn. 41:25-30). Faraó, assombrado, colocou José sobre todo o Egito, como senhor para administrar (Gn. 41:38-49). Quando chegaram os sete anos de fome, todos os povos vinham ao Egito comprar trigo, José enriqueceu sobremaneira a Faraó, que se uniu a José num profundo laço de amizade, e todo povo do Egito também. José começou a governar o Egito com trinta anos e morreu com cento e dez anos (Gn. 41:46; 50:26). Foram oitenta anos de consolidação da amizade. Quando José tinha trinta e nove anos mandou buscar seu pai e toda a família para habitar no Egito. Faraó se afeiçoou a Jacó, e lhe deu a terra Gosen, muito fértil, e a melhor do Egito. Houve um entrelaçamento tão grande, que por ocasião da morte de Jacó, os egípcios choraram por setenta dias (Gn. 50:3). José, atendendo ao pedido do pai, o levou para Canaã, para sepultá-lo. No caminho, quando chegaram a eira do espinhal, que está além do Jordão, aconteceu outro grande pranto de sete dias. Os cananeus, ouvindo, disseram: É este o grande pranto dos egípcios(Gn. 50:10-11). O estreitamento de afeto entre as duas raças era tão forte, que nada poderia desfazer. Os egípcios amavam, honravam e respeitavam profundamente os israelitas. A obra de José pelo Egito foi tão grande e de tanto valor, que deveria ficar registrada para sempre na sua história. Por que não ficou? Por que após a morte de José, o Faraó seguinte começou a odiar a Israel, a maltratá-los e escravizá-los. Por que os egípcios apagaram da sua história o que José fez? Como puderam aborrecer e odiar repentinamente a quem amavam e respeitavam, a acima de tudo eram devedores? Paga-se o bem com o mal? José foi o salvador do Egito, por isso recebeu o nome de Zafenate-Panéia (Gn. 41:45). Como pode ser que, tendo recebido um benefício tão grande, esqueceu tão repentinamente, passando a odiar e a perseguir? A resposta está na Bíblia, a palavra de Deus. “Israel entrou no Egito, e Jacó peregrinou na terra de Cão, e Jeová multiplicou sobremodo o seu povo, e o fez mais poderoso do que os seus inimigos. MUDOU O CORAÇÃO DELES PARA QUE ODIASSEM O SEU POVO, E USASSEM DE SEUS ENGANOS COM SEUS SERVOS” (Sl. 105:23-25). Isaías diz que Jeová derramou um perverso espírito, para que errassem na sua obra (Is. 19:14). Como pode ser que um Deus, que segundo João, é amor, e que diz que quem não ama não conhece a Deus; muda o coração de um povo para que odeie outro? Como Deus não muda, e Jeová obriga a odiar, Jeová e o Pai de Jesus não são a mesma pessoa. Jeová é o Pai da ira, do ódio, das vinganças e das pragas. O Pai é amor, perdão, reconciliação e misericórdia. Mas a coisa não pára por aí. Jeová tornou perverso o coração dos egípcios, para que odiassem Israel, para então mandar as dez pragas destruidoras e libertar o seu povo, exibindo a sua glória. Mas o culpado é o próprio Jeová. Quem produz o criminoso para depois matá-lo é pior que o criminoso. Quem colocou o espírito maligno em Saul foi pior que Saul (I Sm. 16:14-15). Jeová declara que é o criador do mal (Is. 45:7). Ao mudar o coração dos egípcios para que odiassem Israel, criou o mal, pois este não surgiu no coração dos egípcios, mas no coração de Jeová, o deus do ódio e do furor.
A coisa fica mais negra quando, por ocasião das pragas, o coração do Faraó amolecia, a ponto de querer se converter. “Então Faraó mandou chamar Moisés e Arão, e disse-lhes: Esta vez pequei, Jeová é justo, mas eu e o meu povo somos ímpios. Orai a Jeová por nós, para que não haja mais raiva, e eu vos deixarei ir” (Ex. 9:27-28). Quando cessou a chuva, Faraó se endureceu (Ex. 9:35). Mas era Jeová quem endurecia, pois não queria a conversão de Faraó, pois sua glória seria exaltada matando os egípcios no mar (Ex. 14:4, 17-18). Quando Jeová chamou Moisés, revelou o seu plano de endurecer Faraó, pois sabia da amizade entre os dois povos (Ex. 4:21). Muitas vezes Jeová o endureceu, para atingir o objetivo final assassino (Ex. 7: 3; 10:1, 20, 27; 11:10).
Um problema inexplicável é que, o Deus do Novo Testamento quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade (I Tm. 2:3-4). E Jeová, o deus do Velho Testamento queria a destruição dos egípcios, e para se vangloriar, então, mudou o coração deles de bons para maus, para depois destruí-los com uma vingança diabólica e injusta. Quem tem olhos para ver, veja (Sl. 105:23-25).
Autoria: Pastor Olavo S. Pereira