Jeová condena aos que fazem da luz trevas, e das trevas luz. “Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal; que fazem da escuridade luz, e da luz escuridade; e fazem do amargo doce, e do doce amargo!” (Is. 5:20). Este texto revela que há pessoas tão perversas, e têm tanto prazer na prática do mal que trocam as coisas, isto é, fazem o mal achando que fazem o bem, e fazem o bem com intenção maligna, isto é, como laço para pegar o inocente; e depois justificam o mal para continuar fazendo. Salomão declara que estes tais não dormem se não fizerem o mal, e foge deles o sono se não fizerem tropeçar alguém (Pv. 4:16). Quando alguém faz o bem, condenam-no como sendo mau. Jesus, sendo acusado do mal ao praticar o bem, respondeu: “Não me é lícito fazer o que quiser do que é meu? Ou é mau o teu olho porque eu sou bom? (Mt. 20:15).
Há pessoas que têm prazer no vício e não na virtude; há injustos que condenam os justos por serem justos; há culpados que condenam e matam inocentes; há sábios imorais que conseguem mudar os conceitos do que é moral, para não serem enquadrados. Uma das suas frases prediletas é: “Imoralidade não é sexo livre, mas política corrupta”.
Estas coisas não enobrecem o homem, mas admite-se que no homem tudo é possível; um ato nobre ou um baixo e vil.
De Deus, entretanto, só se espera o bem, a luz, a justiça, o amor, etc. Jeová é o deus que se diz bom, justo e piedoso. Pois para Jeová, a luz e as trevas são a mesma coisa (Sl. 139:12). Vejamos:
Jeová ordenou a Moisés que dissesse a Faraó: “Deixa ir o meu povo, para que me sirva” (Ex. 8:1, 20; 9:1). Faraó, endurecido pelo próprio Jeová, não deu ouvidos a Moisés, porém, cansado das maldições daquele deus, depois da décima praga, os deixou ir. Jeová tinha dito: “Deixa ir o meu povo para que me celebre uma festa no deserto” (Ex. 5:1). Para que a festa fosse completa, Jeová fez que o povo saqueasse o Egito (Ex. 3:20-22; 12:35-36). As promessas de Jeová eram maravilhosas. “E disse Jeová: tenho visto atentamente a aflição do meu povo, que está no Egito, e tenho ouvido o seu clamor por causa dos seus exatores, porque conheci as suas dores. Portanto desci para livrá-lo da mão dos egípcios, e para fazê-lo subir daquela terra, a uma terra boa e larga, e uma terra que mana leite e mel” (Ex. 3:7-8). A promessa, portanto, era arrancá-los do jugo opressor do Egito, para lhes fazer bem, e para levá-los a liberdade e a fartura. “Far-vos-ei subir da aflição do Egito, a uma terra que mana leite e mel, à terra do cananeu, do heteu, do amorreu, do perizeu, do heveu e do jebuzeu” (Ex. 3:17). O povo creu em Jeová, e saiu com os olhos fixos nessa visão gloriosa que Moisés lhes tinha passado. Assim, o povo saiu com alegria, e com danças, e com cânticos de vitória (Ex. 15:1-19). A festa era a páscoa, que foi celebrada para comemorar gloriosamente a grande salvação de Jeová para uma nova vida de liberdade, paz, fartura, segurança e bênçãos. Não lhes foi dito que iriam passar fome e sede, e jugo, piores que os do Egito. Quando o povo sentiu o calor do deserto, vendo suas mulheres e seus filhinhos chorando de fome e sede, reclamou; “E toda a congregação dos filhos de Israel murmurou contra Moisés no deserto. E disseram: Quem dera que nós morrêssemos por mão de Jeová na terra do Egito, quando estávamos sentados junto às panelas de carne, quando comíamos pão até fartar! Por que nos tendes tirado para este deserto, para matardes de fome a toda esta multidão?” (Ex. 16:2-3). “Então disse Jeová a Moisés: Eis que vos farei chover pão dos céus. E o povo sairá, e colherá cada dia a sua porção” (Ex. 16:4). O maná não satisfez, e o povo pediu carne (Nm. 11:4-6). Jeová mandou também a carne de cordonizes (Nm. 11:31-32). O povo colheu o que pode, e preparou uma mesa no deserto. “Mas, quando a carne estava entre os seus dentes, antes que fosse mastigada, se acendeu a ira de Jeová contra o povo, e feriu Jeová o povo com uma praga mui grande” (Nm. 11:33). No Salmo 78 lemos que Jeová, com essa praga, matou os mais fortes, os escolhidos de Israel (Sl. 78:23-31).
Jeová fez o bem, e com o bem trouxe em seguida o mal. Com o mal destruiu o bem que fizera, pois onde o bem e o mal andam juntos, o mal sobrepuja o bem. Foi por isso que Davi disse: “Para Jeová, a luz e as trevas são a mesma coisa” (Sl. 139:12). Ora, Jesus revelou que a luz é o bem, e as trevas são o mal. “A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más, porque todo aquele que faz o mal aborrece a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas” (Jo. 3:19-20). Paulo disse: “Não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas antes condenai-as” (Ef. 5:11). “Porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite nem das trevas” (1 Ts. 5:5). Para Paulo, a luz e as trevas não são a mesma coisa, e o Novo Testamento de Jesus não concorda com o Velho Testamento de Jeová. “Aquele que ama a seu irmão está na luz, e nele não há escândalo, mas aquele que aborrece a seu irmão está em trevas, e anda em trevas, e não sabe para onde deve ir, porque as trevas lhe cegaram os olhos” (1 Jo. 2:10-11). Ora, Jeová aborreceu Esaú (Ml. 1:1-3) e Jeová aborreceu a seu povo Israel (Sl. 78:58-59). Jeová andava em trevas, e achava que andava na luz. O bem e o mal andam juntos, pois para Jeová são a mesma coisa, isto é, o bem anda junto com o mal, e o mal anda junto com o bem. Na lei de Jeová, o bem e o mal andam de mãos dadas; a bênção e a maldição também. “Eis que hoje ponho diante de vós a bênção e a maldição. A bênção, quando ouvirdes os mandamentos de Jeová vosso deus, que hoje vos mando; porém a maldição, se não ouvirdes, e vos desviardes” (Dt. 11:26-28).
Para Jesus, enviado a nós pelo Pai, o bem e o mal, as trevas e a luz, não andam juntos. Jesus separou o bem do mal, e a luz das trevas, e nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós (Gl. 3:13). Libertou a todos do jugo da lei. “Mas agora estamos livres da lei, pois morremos para aquilo em que estávamos retidos; para que sirvamos em novidade de Espírito, e não na velhice da letra” (Rm. 7:6). Agora, os cristãos só recebem do Pai o bem, e não o mal de Jeová, pois de Deus Pai só procede o bem. “Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação” (Tg. 1:17). “Deus é luz, e nele não há trevas nenhumas” (1 Jo. 1: 5).
O Pai nada tem a ver com as trevas de Jeová, e enviou a este mundo a Jesus Cristo, seu filho Unigênito para revelar que no mundo não há luz. Quando Jesus diz: “Eu sou a luz que vim ao mundo”, está dizendo que a luz do Pai está nas obras de Cristo, e que as trevas estão nas obras de Jeová (Jo. 12:46).
Textos para reflexão: Ex. 20:21; Dt. 4:10-14; 5:22-24; Sl. 18:11; Jó 19:6-8; Lm. 3:1-2; Is. 9:2; Sl. 107:9-10, etc.
Autoria: Pr. Olavo Silveira Pereira