(119) – SACRIFÍCIOS HUMANOS

A mitologia dos povos, em épocas remotas, nos traz notícias de sacrifícios humanos para aplacar a ira e o furor dos seus deuses. As crianças eram vítimas inocentes desse culto medonho. No século XXIV a.C., em muitos lugares (Ur, Mári, Assíria, Ugarit, Amou), era prestado um culto ao deus Molok, com sacrifício de crianças. Essas vítimas inocentes eram queimadas vivas. Esse culto macabro entrou na história de Israel pelas mãos de Salomão, o rei que tinha a sabedoria dada por Javé, ou Jeová, o deus dos Hebreus. Jeová havia proibido esse culto na lei de Moisés. “Da tua semente não darás para a fazer passar pelo fogo perante Molok, e não profanarás o nome do teu deus” (Lv. 18:21). Quem fizesse isso era condenado à morte; e se alguém, amigo ou parente, sabendo, não denunciasse o culpado desse crime, e não o matasse, o tal com toda a sua família estavam condenados à morte e à extinção (Lv. 20:2-5).

Salomão era ninfomaníaco, pois teve mil mulheres, sendo trezentas, concubinas, e todas proibidas por Javé (Moabitas, amonitas, edomitas, heteias, sidonias, e a filha de Faraó). Essas mulheres o corromperam a ponto de construir uma estátua de Molok, abominação dos filhos de Amom (1 Rs.11:1-6). Mas Salomão não morreu, pois era protegido de Jeová. Muitos reis de Israel fizeram seus filhos passar pelo fogo à Molok. O rei Acaz (2 Rs. 16:1-3), Manassés (2 Rs. 21:1-6). Esse culto horripilante se tornou prática do povo de Israel (2 Rs. 17:16-17).

A questão que propomos é a seguinte. Jeová, que matava quem cometesse esse crime de sacrificar os filhos a Molok, aceitava também sacrifícios de crianças, ou não? Analisemos o Velho Testamento.

Israel estava em guerra contra os filhos de Amom, o povo de Molok, e Jefté era o general escolhid(Jz. 11:1-5). Temendo a derrota, Jefté fez um voto a Jeová nestes termos. “Se totalmente deres os filhos de Amom na minha mão, aquilo que, saindo da porta de minha casa, me sair ao encontro, voltando eu em paz, isso será de Jeová, e o oferecerei em holocausto” (Jz. 11:30-31). Jefté tinha uma única filha, e essa foi que saiu de sua casa ao seu encontro. Jefté ao vê-la, rasgou as vestes em pranto, pois iria cumprir a promessa, o que fez 60 dias depois. A pergunta é: Jeová aceita sacrifícios humanos ou não? Jeová aceitou o sacrifício de Jefté? Vejamos.

Quando Israel, chefiado por Josué, estava às portas de Canaã, Acã viu entre os despojos, uma capa babilônica, duzentos siclos de prata, e uma cunha de ouro, e escondeu na terra. Por causa disso Israel começou a perder a batalha, pois morreram trinta e seis soldados israelitas. Josué rasgou os vestidos e se prostrou em terra, orando a Jeová, que lhe disse: Há pecado de anátema. Josué lançou sortes, e foi apontada a tribo de Judá. Da tribo de Judá foi tomada a família dos zeraitas. Entre os homens da família foi tomado Acã. Tudo isto sob orientação de Jeová. Depois de confessado o pecado, todo o povo pegou Acã, e a prata, e a capa, e a cunha de ouro, e os seus filhos, e as suas filhas, e a seus bois, e a seus jumentos, e a suas ovelhas, e a sua tenda, e tudo quanto tinha, e levaram ao Vale de Acor, e ali foram apedrejados com pedras e queimados a fogo. E dessa forma APLACOU-SE A IRA DE JEOVÁ” (Js. 7:1-26). Se a ira se apagou com o sacrifício da família de Acã, Jeová aceita sacrifícios humanos.

O segundo caso é o dos primogênitos. Depois que Jeová libertou Israel do jugo egípcio pela morte dos primogênitos, exigiu como retribuição que todos os primogênitos de Israel, tanto de homens como de animais, lhe fossem entregues. E os primogênitos tinham de ser resgatados por cinco ciclos de prata. Se não fosse resgatado era sacrificado a Jeová (Ex. 13:11-16; Nm. 18:15-16). Deste modo, Jeová aceitava sacrifícios de crianças como Molok. A omissão do resgate implicava no sacrifício. Outro caso é o da circuncisão. A criança que não fosse circuncidada era sacrificada a Jeová (Gn. 17:14).

Durante os quarenta anos de peregrinação no deserto, o povo de Israel se prostituiu com as moabitas. Jeová enfurecido mandou uma praga que matou vinte e quatro mil israelitas. E ia continuar matando, mas Finéias, neto de Arão, atravessou com uma lança, pela barriga, um varão israelita e a mulher moabita. Jeová então disse: “Fineias, filho de Eleazar, o filho de Arão, o sacerdote, desviou a minha ira de sobre os filhos de Israel” (Nm. 25:11). Jeová aceitou sacrifício humano para acalmar seu furor.

O quinto caso é de Saul. Jeová escolheu Saul e Jeová rejeitou Saul (1 Sm. 9:17; 16:1). A notícia da rejeição foi dada pelo profeta Samuel, mas o anúncio da morte de Saul e seu três filhos, Jeová deu pela boca de uma feiticeira (1 Sm. 13:14; 28:6-19; 31:1-2). A morte de Saul e três de seus filhos não apagou o furor vingativo de Jeová por uns trinta anos ou mais. Então Jeová, irado, mandou três anos de fome sobre Israel. Davi orou e Jeová respondeu que o culpado era Saul e sua casa sanguinária, que quarenta ou cinqüenta anos antes, queria matar os gibeonitas. Davi chamou os gibeonitas para acertar o assunto e acabar com a fome em Israel. Os gibeonitas pediram a Davi sete filhos de Saul, para os enforcar em sacrifício a Jeová. Foram os sete inocentes enforcados a Jeová, e o texto termina assim: “E depois disto Jeová se aplacou para com a terra” (2 Sm. 21:1-14).

Analisaremos o último caso deste artigo. O reino de Israel gozava os anos de glória sob a regência de Davi, pois havia paz. Consolidado o reino, a arca foi levada para Jerusalém e colocada na tenda armada por Davi (1 Cr.16:1) Este disse: “Eu moro em casa de cedros, mas a arca do concerto de Jeová esta debaixo de cortinas.” E Davi decide edificar uma casa para a arca de Deus (1 Cr.17:1-12). E o rei faz uma oração de louvor a Jeová (1 Cr.17:16-27). Nesse tempo de glória do reino de Davi, a ira de Jeová se ascende contra Israel, aparentemente sem motivo. Jeová estava irado, e só os sacrifícios humanos lhe trariam a paz. Como não havia motivo para a realização dos sacrifícios, Jeová incitou a Davi a tomar o número do povo, Davi obedeceu, e isto foi causa de Jeová matar setenta mil israelitas.

Estas setenta mil almas foram sacrificadas para acalmar a alma de Jeová (2 Sm. 24:1;  1 Cr. 21:1-16).

Na realidade, Jeová nunca foi contra os sacrifícios humanos. Quando proibiu esses sacrifícios feitos a Molok, o fez porque esses privilégios, só ele, Jeová, pode receber.

Quando Jesus morreu na cruz, esse sacrifício não foi feito para o Pai, mas a Jeová. O Pai deu o Filho para o sacrifício, e o sangue derramado resgatou-nos de Jeová. Pedro disse: Não foi com ouro ou prata que fostes resgatado, mas com o precioso sangue de Cristo. (1 Pd. 1:18-19). Ninguém resgata a si mesmo.

 

Autoria: Pr. Olavo Silveira Pereira

2 ideias sobre “(119) – SACRIFÍCIOS HUMANOS

  1. Se Jeová fosse o criador do universo e de todas as coisas certamente não pediria e nem se aplacaria com sacrificios humanos ou de animais. Isso so demontra que ele é uma criação humana e não um ser superior como dizem ou afirmam as pessoas e a biblia.

    • Boa noite Wladimir,
      Jeová provavelmente tem participação na criação do homem e com certeza o tem na formação do raciocínio e do espírito humano conforme lemos em (Gn 1:27), (Gn 2:7), (Zc 12:1).
      Por esta razão o homem precisa nascer de novo para e tornar um filho de Deus, se já fossemos a imagem e semelhança de Deus o pai de nosso Senhor Jesus Cristo, não precisaríamos de sermos comprados pelo sangue do seu filho e termos que nascer de novo para nos tornarmos filhos de Deus.
      (João 1:12-13) Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome;
      Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.

      A paz do nosso Senhor jesus Cristo esteja com o irmão !

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