“Mas chegastes ao monte de Sião, e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, e aos muitos milhares de anjos; A UNIVERSAL ASSEMBLÉIA E IGREJA DOS PRIMOGÊNITOS, QUE ESTÃO INSCRITOS NOS CÉUS, E A DEUS, O JUIZ DE TODOS, E AOS ESPÍRITOS DOS JUSTOS APERFEIÇOADOS; E A JESUS, O MEDIADOR DE UMA NOVA ALIANÇA, e ao sangue da aspersão, que fala melhor do que o de Abel” (Hb. 12:22-24).
Este texto deixa claro que só primogênitos entram na Jerusalém celestial. Numa família de oito filhos, só o primeiro entra no céu? Este é mais um mistério do Novo Testamento. O Espírito Santo revela as profundezas de Deus (1 Co. 2:9-10). Na vida de Jesus Cristo está a explicação do mistério. O nascimento carnal de uma pessoa não tem valor para o reino de Deus, mas sim o nascimento espiritual, que se dá por obra do Espírito Santo.
O apóstolo João diz: “Mas a todos os que o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; os quais crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus” (Jo. 1:12-13). João fala claro que ninguém é filho de Deus na carne, e para sê-lo, deve crer em Cristo, recebê-lo como Senhor, e ser gerado pelo Espírito Santo. “Interrogado por Nicodemos, Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (Jo. 3:3). Nicodemos, intrigado, tornou a perguntar: “Como pode um homem nascer, sendo velho? Por ventura pode entrar no ventre de sua mãe, e nascer? Jesus respondeu: Aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O QUE É NASCIDO DA CARNE É CARNE, E O QUE É NASCIDO DO ESPÍRITO É ESPÍRITO” (Jo. 3:4-6). Na realidade, o que Jesus está revelando, é que o seu próprio nascimento carnal no ventre de Maria não o fez Filho de Deus. O apóstolo Paulo explica como Jesus se tornou Filho de Deus. “Acerca de seu Filho, que nasceu da descendência de Davi segundo a carne, declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dos mortos – Jesus Cristo nosso Senhor” (Rm. 1:3-4). Paulo está revelando que Jesus não nasceu Filho de Deus na carne, mas foi declarado Filho de Deus em santificação do Espírito e pela ressurreição.
Ora, no livro de Hebreus lemos que Cristo ressuscitou duas vezes. “Ora, o Deus de paz, que pelo sangue do concerto eterno tornou a trazer dos mortos a nosso Senhor Jesus Cristo, grande pastor das ovelhas” (Hb. 13:20). Por este texto, Jesus ressuscitou duas vezes, e foi declarado Filho de Deus duas vezes. A primeira ressurreição de Cristo foi no batismo, como disse Paulo: “Sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dos mortos” (Cl. 2:12). Ora, se no batismo há sepultamento, há também ressurreição, pois Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos (Lc. 20:38). Examinando o batismo de Jesus nos Evangelhos, a voz de Deus Pai diz: “Tu és o meu Filho amado em quem me comprazo” (Mt. 3:17; Mc. 1:11; Lc. 3:22). Examinando o original em grego, descobrimos que Lucas falou diferente de Mateus e Marcos. Em Lucas, lemos: “TU ÉS MEU FILHO, HOJE TE GEREI.” O leitor perguntará: Porque nas Bíblias evangélicas está diferente? A resposta é simples. Os doutores querem que os três Evangelhos fiquem iguais; então mudaram o texto de Lucas alterando a palavra de Deus. A Bíblia de Jerusalém, da Igreja Católica Romana, traz a tradução certa, e uma explicação do grego. Os comentários do Novo Testamento também esclarecem essa verdade.
Se no batismo de Jesus Deus disse: “TU ÉS MEU FILHO, HOJE TE GEREI”, é óbvio que Jesus não era Filho quando nasceu na carne, e também, o Jesus de carne foi morto e sepultado no batismo, para que houvesse ressurreição. Nessa hora foi gerado o FILHO UNIGÊNITO DE DEUS, isto é, Deus só gerou um filho a sua semelhança. Se Jesus permanecesse unigênito, Deus não teria outros filhos.
Jesus sabia que, para que Deus tivesse outros filhos, o unigênito deveria morrer, por isso João diz que “Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crer, não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo. 3:16). Se Jesus não morresse na cruz, estaria condenando toda a humanidade ao inferno, pois Deus só teria um Filho (I Co. 15:16-20).
Vamos ver a segunda vez que Deus disse: “Meu Filho és tu, hoje te gerei”. Jesus foi crucificado e morto, e ao terceiro dia ressuscitou; e pela segunda vez, o Pai falou (At. 13:27-33). No batismo Jesus sepultou o que poderia pecar, e ressuscitou o Santo impecável. Na cruz foi morto o homem de carne. A primeira foi a ressurreição espiritual, e a segunda a ressurreição física. Na primeira foi gerado o unigênito, e na segunda foi gerado o primogênito. Paulo diz: “Ele é a cabeça do corpo da Igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos” (Cl. 1:18). “Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes a imagem de seu Filho, afim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” (Rm. 8:29). Fica assim explicado o texto de Hb. 13:20, onde lemos que Deus trouxe Jesus dentre os mortos duas vezes.
Resta agora entendermos porque os salvos por Cristo são todos primogênitos (Hb. 12:22-23). Todo cristão que pensa só na própria salvação, e não na salvação dos outros, se faz unigênito, por isso Jesus disse: “Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a vida por amor de mim, achá-la-á” (Mt. 16:25; Lc. 17:33; Jo. 12:25). E o apóstolo João afirma categoricamente: “Conhecemos a caridade nisto; que Ele deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a nossa vida pelos irmãos” (1 Jo. 3:16). João, Pedro, Tiago, Paulo, e os mártires deram suas vidas para que nós sejamos salvos, por isso são primogênitos e membros da Igreja celestial com Cristo. A morte natural não fabrica primogênitos, pois todos os perversos morrem assim. A morte que produz primogênitos é a morte por amor do próximo e dos perdidos. Jesus disse: “Ninguém tem maior amor do que este; de dar alguém a sua vida pelos seus amigos” (Jo. 15:13).
Ora, todo primogênito é cabeça de uma linhagem e o primeiro da linhagem de irmãos, como aconteceu com Jesus (Rm. 8:29). Para se fazer primogênito e membro da Jerusalém celestial, o cristão, com o sacrifício do seu tempo, de seus bens, de seus talentos e de sua própria vida, se torna o primeiro de uma linhagem de Cristãos autênticos, e assim chega a estatura de Cristo, como diz Paulo em Ef. 4:13-14.
Fica também esclarecido neste estudo, que os filhos de Jeová no Velho Testamento não são filhos do Deus Pai de Jesus, pois Deus só teve um Filho, Jesus, e este é, portanto, unigênito. Os filhos de Jeová no Velho Testamento, não conheceram a Jesus, com exceção de Abraão, Moisés e Davi. Os textos dos filhos de Jeová, carnais e perversos, são: Dt. 14:1; 32:19-20; Gn. 6:2; Jó 1:6; 2:1; Is. 1:2; 30:9; 63:8,16; 64:8; Ml. 1:6, etc.
Autoria: Pr. Olavo Silveira Pereira