Faraó, rei do Egito, é figura do diabo. O profeta Ezequiel registra no seu livro, que Jeová chama Faraó de grande dragão. “Assim diz o senhor Jeová: Eis-me contra ti, ó Faraó, rei do Egito, grande dragão, que repousa no meio dos teus rios, e que dizes: O meu rio é meu, e eu o fiz para mim” (Ez. 29:3). E o dragão é o próprio diabo. “E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada diabo, e Satanás, que engana a todo o mundo” (Ap. 12:9). O Egito é, portanto, figura deste mundo caótico, e do reino de Satanás.
Abrão, quando foi chamado por Jeová e saiu de Harã, levou junto sua mulher Sarai, e Ló, filho de seu irmão. Agar, a egípcia não estava com eles (Gn. 12:4-5). E Abrão passou a habitar em Canaã, entre Betel e Ai (Gn. 12:5-9). Havia naquela terra uma grande fome, e desceu Abrão ao Egito. Como Sarai fosse mulher formosa, Abrão, com medo de ser morto, combinou com Sarai para ela dizer que era irmã de Abrão. Realmente, os servos de Faraó gabaram-na diante dele; e foi Sarai tomada para a casa de Faraó. E Faraó amou Sarai, e fez bem a Abrão por amor dela. E teve Abraão, pelos favores de Faraó, ovelhas, e vacas, e jumentos, e servos e servas; e camelos (Gn. 12:10-16). Agar, a egípcia, foi presente de Faraó a Sarai, isto é, de acordo com a figura, o dragão, que é também Satanás, deu uma serva sua a Sarai.
Jeová então feriu Faraó com grandes pragas, e a sua casa, por causa de Sarai. Faraó chamou Abrão, devolveu Sarai, e foram-se do Egito, mas Sarai levou Agar, serva do dragão, do grande dragão (Hebraico: Hatanim Gadol).
Passemos agora ao Novo Testamento, onde o grande apóstolo Paulo revela um dos maiores mistérios da Bíblia: “Dizei-me, os que quereis estar debaixo da lei, não ouvis vós a lei? Porque está escrito que Abraão teve dois filhos, um da escrava, e outro da livre, todavia o que era da escrava nasceu segundo a carne, mas o que era da livre por promessa. O que se entende por alegoria? Por que estes são os dois concertos, um, do monte Sinai, gerando filhos para a servidão, que é Agar. Ora, esta Agar é Sinai, um monte da Arábia, que corresponde à Jerusalém que agora existe, pois é escrava com seus filhos” (Gl. 4:21-25). A base desta alegoria é a lei de Jeová (Gl. 4:21).
Abrão tinha duas mulheres: Sarai, que era sua parente, e Agar, a escrava egípcia, que foi presente de Faraó, o grande dragão. E Abrão teve dois filhos: O primogênito, filho da escrava, e o segundo, filho de Sarai, a livre (Gl. 4:22). O filho da escrava nasceu segundo a carne, isto é, de cópula carnal, mas o que era da livre nasceu por promessa (Gl. 4:23). Paulo, então, revela o mistério, em parte, dizendo: “O que se entende por alegoria? Porque estes são dois concertos. Um do monte Sinai, gerando filhos para a servidão, que é Agar” (Gl. 4:24). Se Agar é o monte Sinai, é figura da lei, que foi dada no monte Sinai. O verso 25 diz: “Ora, esta Agar é Sinai, um monte da Arábia, que corresponde a Jerusalém que agora existe, pois é escrava com seus filhos.” Quem deu Agar foi Faraó, o grande dragão, e quem deu a lei foi Jeová. E Agar, a egípcia, é Sinai, o monte de Jeová. Se nós invertermos a figura, ficará assim: A lei seria figura de Agar, e Jeová, que deu a lei a Abraão, seria figura de Faraó, o grande dragão. Não é difícil concluir, que, Faraó está para Jeová, assim como Agar está para a lei.
Agar é Sinai, e quem fez o concerto do Sinai foi Jeová. Assim Faraó é figura de Jeová. Ismael, filho de Agar é figura do povo hebreu, e, na realidade, Ismael é hebreu, pois é filho de Abrão. Isaque é figura da Igreja, segundo a revelação de Paulo na carta aos Romanos: “Não que a palavra de Deus haja faltado, porque nem todos os que são de Israel são israelitas; nem, por serem descendência de Abraão são todos filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência. Isto é: Não são os filhos da carne que são filhos de Deus, mas os filhos da promessa são contados como descendência” (Rm. 9:6-8). E Paulo prossegue dizendo: “Mas nós, irmãos, somos filhos da promessa como Isaque. Mas, como então, aquele que era gerado segundo a carne perseguia o que era segundo o Espírito, assim é também agora. Mas que diz a Escritura? Lança fora a escrava com o seu filho, porque de modo nenhum o filho da escrava herdará com o filho da livre” (Sarai) (Gl. 4:28-30). O que Paulo está revelando é que serão lançados fora a lei, e os gerados pela lei, isto é, Agar e Ismael.
Realmente, no tempo em que a Igreja se firmou e expandiu, Ciro marchou contra Jerusalém e destruiu tudo, inclusive o templo; e os judeus foram espalhados pelos quatro cantos do mundo. O judaismo acabou por mil e novecentos anos, isto é, Agar foi mandada embora com o seu filho (Gn. 21:1-21).
Como Sara é figura de Jerusalém celestial, o filho de Agar vai herdar a Jerusalém terrena, e o filho de Sarai, a Jerusalém celestial. São portanto, duas heranças: uma terrena e outra celestial (Gl. 4:25-26).
É preciso frisar também que os sacerdotes judeus perseguiam os cristãos e insuflavam o povo a persegui-los também, e assim o filho da escrava perseguia o filho da livre até que foram expulsos.
Abraão é figura da Cristo, já que Sara é figura da Igreja, e a Igreja é a esposa de Cristo. Faraó possuiu Sarai, e a amou, mas ela, sendo esposa de Abraão, teve de ser devolvida ao legítimo esposo. Do mesmo modo, hoje, Jeová possui a Igreja, mas terá de devolvê-la a Cristo, o legítimo esposo. Cristo vai levar a sua Igreja para o reino celestial de seu Pai, isto é, para a Jerusalém celestial, e os de Jeová vão herdar a Jerusalém terrena, porque optaram pelo concerto do Sinai, feito por Jeová. A casa de Jeová é Israel, e os israelitas têm sofrido nestes dois mil anos todo tipo de flagelos, haja visto o grande holocausto na última grande guerra, quando seis milhões de judeus foram torturados e mortos nos campos de extermínio de Hittler. Em Num. 12:7, Jeová declara que a sua casa é Israel. Os cristãos de nossos dias, fanáticos pelo Velho Testamento que foi abolido por Cristo (2 Co. 3:14), insistem em se fazer filhos de Agar, e assim se tornam escravos com Ismael, e não herdarão a Jerusalém celestial. Isto é o que sugere esta fenomenal alegoria de Paulo.
Por outro lado, Jeová odiava o Egito e seu rei Faraó. O Egito era uma nação gentílica, e Agar a escrava egípcia não era da linhagem de Abraão. Ismael é, portanto, mestiço, e por conseguinte nem Agar poderia ser figura do concerto de Sinai, e nem Ismael figura dos israelitas, mas Paulo fez esta aplicação nesta alegoria de Gl. 4:21-31.
Ora, Abraão gerou a Isaque, Isaque gerou a Jacó, e Jacó gerou doze filhos que são as doze tribos de Israel, e esta é a linhagem de Sara, não de Agar. E foi com Israel que Jeová fez o concerto de Sinai.
Autoria Pastor Olavo S. Pereira