(105) – O BERÇO DO CRISTIANISMO 1

Jesus Cristo é realmente o Filho unigênito do Deus Pai e o único mediador entre Deus e os homens como disse Paulo em 1 Tm. 2:3-5; assim Paulo negou Moisés como mediador. Jesus Cristo afirmou que só Ele revela quem é o Pai, em Mt. 11:27. Neste texto Jesus declara que quem quiser conhecer o Pai tem de ir a Ele, Jesus. Em João 14:6-10 Jesus reafirma que fora dEle ninguém pode conhecer o Pai. Se o Pai se desse a conhecer antes de Cristo vir a este mundo, faria do Filho um mentiroso.

Como Jeová se manifestou antes de Jesus, os religiosos da época, crentes no seu deus, não creram em Jesus. Os fariseus conhecedores do Velho Testamento, os saduceus e os escribas, guiados pelos príncipes e sacerdotes do templo, acusavam Jesus de falso e endemoninhado. Desde o início a implantação da Igreja e do Novo Testamento foram rechaçados. Jesus era chamado de Belzebu pelos patrícios (Mt. 10:21-25). Após a crucificação e ressurreição do Senhor, as perseguições continuaram por fora, mas por dentro, a Igreja era conturbada por ajustes e desajustes entre os cristãos e os próprios apóstolos. Quando aconteceu a conversão do Centurião Cornélio e todos estavam reunidos, os crentes da circuncisão com os apóstolos resistiam a Pedro, pois Cornélio e os outros eram gentios e não judeus (At. 11:1-18). Os cristãos judaizantes queriam forçar os gentios convertidos a circuncidar-se e seguir Moisés. Diz a Bíblia que houve grande contenda; mas Pedro e Tiago, cheios do Espírito Santo, conseguiram acalmar os ânimos e eximir os gentios cristianizados da lei e da circuncisão (At. 15:1-29).

Os apóstolos Paulo e Pedro não concordavam no ministério. Pedro, numa hora, estava com os gentios, e noutra, com os judeus, e Paulo lhe resistiu na cara. Lemos isso na carta aos Gálatas 2:6-14. A conturbação se alastrava.Valentim, um cristão nascido no Egito, foi para Roma no ano 140 depois de Cristo, quarenta e cinco anos depois da morte do apóstolo João, e fundou uma seita em que explicava a origem da criação de forma esquisita. Foi três vezes excomungado pela Igreja. As crueldades e vinganças de Jeová levaram-no a concluir que o Deus supremo cheio de amor nada tem a ver com Jeová, mas que este deus iracundo foi o demiurgo dos gregos, o criador deste mundo tenebroso, e se manifestou aos hebreus como o todo poderoso Jeová, prometendo um reino terreno e eterno, e um messias que haveria de reinar sobre as nações com vara de ferro. Valentim teve muitos seguidores notáveis e sua doutrina durou vários séculos. Nasceu no ano de 85, quando muitos apóstolos viviam, e morreu no ano de 160 d.C.

Ptolomeu, o mais importante da escola italiana de Valentim, escreveu uma “Carta a Flora” onde discute a inspiração da lei mosaica, provando que esta não era de origem exclusivamente divina, baseado em João 1: 17 no qual João afirma que a verdade e a graça não estão na lei. Heracleon, outro discípulo de destaque de Valentim, iniciou uma aproximação com a opinião ortodoxa. Irineu nos deixou uma descrição de sua doutrina, pois os escritos originais foram destruídos. Na sua doutrina, há três classes de homens: o material, homem da esquerda, que perece pela necessidade. O psíquico, designado da direita, encontrando-se no meio do espiritual e do material, e pode inclinar para a matéria ou para o espiritual, que será aperfeiçoado pelo psíquico.

Florino foi outro discípulo de Valentim. Pelo que informou Irineu, defendia que Deus é responsável pelos males deste mundo.

Bardejanes, também da escola de Valentim, nascido em Edesa, convertido no ano de 216 D.C. Escreveu o livro “Diálogos Sobre o Destino”. Escreveu também 150 hinos para propagar a doutrina.

Harmônio, filho de Bardejanes, continuou a obra de seu pai; seus hinos eram cantados até o século V.

Teodoto, da escola oriental de Valentim, discutia as seguintes questões: “O que éramos? Em quem temos sido convertidos? O que é a geração? O que é a regeneração?”  Nas respostas Teodoto explica que o homem tende substancialmente à união com o Deus verdadeiro e perfeito, mas como está exilado num mundo imperfeito que o aprisiona e oprime por meio de forças malignas (Ef. 2:2-3), é arrastado ao mal. Seu livro predileto era o Evangelho de João. Tudo que sabemos a seu respeito, sua doutrina e ensinos, se encontram nos escritos de Clemente de Alexandria. Os valentinianos todos consideravam Jeová como Cosmocrator, o criador da matéria corruptível e deste mundo tenebroso, um abismo e morada dos demônios (Gn. 1:1-2). Para eles o Deus Pai, bom, habita na luz inacessível (1 Tm. 6:16). Além de Valentim, houve outros cristãos que se destacaram por não crer em Jeová. Cerinto foi um judeu convertido ao cristianismo, no tempo apostólico do primeiro século. Pregava sua mensagem no tempo do imperador romano Domiciano, filho de Vespasiano e irmão de Tito, lá pelos anos 81 a 96. Foi o primeiro teólogo judeu que ensinou a distinção entre Deus supremo e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo e o demiurgo Jeová, criador da matéria corruptível. Era um cristão judaizante como os de Atos 15 e os da Galácia. O apóstolo João morreu no ano 95, quando Cerinto estava no auge do seu ministério, e quando o templo foi destruído por Tito, filho de Vespasiano no ano 70 d.C.

No livro “Evangelhos Apócrifos” lemos a história do imperador Tito que reinou de 79 a 81 d.C., sob o título “Vingança do Salvador”, dizendo que este homem tinha câncer no rosto. No porto da Líbia conheceu um ismaelita de nome Natan, a quem perguntou se conhecia algum medicamento para cura do câncer. Natan lhe falou dos milagres de Jesus e de como curou Verônica do fluxo de sangue (Lc. 8:43-48). Tito creu e na mesma hora sarou do câncer. Pediu a Natan que o batizasse. Evangelizado por Natan e tendo tomado consciência das atrocidades cometidas contra Cristo pelos religiosos e sacerdotes, decidiu vingar a morte do Salvador. Mandou cartas a Vespasiano, seu pai, que reinou de 69 a 79 D.C. Este, atendendo a seu filho, organizou um exército e marcharam juntos contra Jerusalém destruindo totalmente o templo dos assassinos dos Filho de Deus. Este relato se acha no livro “Los Evangelhos Apócrifos” da Editora B A C, páginas 513 e 532, onde são revelados detalhes impressionantes sobre a destruição do templo.

 

Autoria Pastor Olavo S. Pereira

Bibliografia: “Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira” e http: www.iponet.ebs/casinada.

 

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