Juiz injusto é cruel, mentiroso, ladrão, impiedoso, perverso e desumano. Juiz tem de ser justo. Entre os homens, se o juiz é humano e pratica uma injustiça, fica sujeito a ser caçado o seu diploma. Entre os homens existem alguns juízes injustos, mas o Juiz supremo é justo, e o seu nome é Deus Pai.
Se é Deus, tem de ser justo. Se é injusto não é Deus, mas impostor, pois se Deus cometesse alguma injustiça seria igual aos homens. O apóstolo Paulo declara: “Seja Deus verdadeiro, e todo o homem mentiroso” (Rm.3:4).
No Velho Testamento lemos muitos textos revelando que Jeová é o juiz deste mundo. Jeftá, o gileadita, antes de guerrear contra os filhos de Amom, que ameaçavam Israel, disse: “Tampouco pequei contra ti! Porém tu usas mal comigo em pelejar contra mim. Jeová, que é juiz, julgue hoje entre os filhos de Israel e entre os filhos de Amom” (Jz.11:27). No Salmo 94:1-2, lemos: “Jeová Deus, a quem a vingança pertence, mostra-te resplandecente. Exalta-te tu, que és juiz da terra; dá o pago aos soberbos”. O profeta Isaías declara: “Porque Jeová é o nosso juiz; Jeová é o nosso legislador. Jeová é o nosso rei” (Is.33:22). O profeta Jeremias confirma dizendo: “Mas, ó Jeová dos exércitos, justo juiz, que provas os rins e o coração, veja eu a tua vingança sobre eles” (Jr.11:20). E Jeremias termina este texto dizendo: “Sim, assim diz Jeová dos exércitos: Eu os punirei; os mancebos morrerão à espada, os seus filhos e as suas filhas morrerão de fome, e não haverá deles um resto, porque farei vir o mal sobre eles” (Jr.11:22-23). Um juiz justo não anda tomando vingança como fazem os bandidos, e também não condena os inocentes filhos a morrer pela espada, e também as crianças a morrer de fome. Um juiz justo aplica a lei aos culpados e não aos inocentes.
Leiamos a lei de Jeová, no que tange ao adultério: “O homem que adulterar com a mulher de outro, certamente morrerão o adúltero e a adúltera” (Lv.20:10). “Quando um homem for achado deitado com mulher casada com marido, então ambos morrerão. Assim tirarás o mal do meio de Israel” (Dt. 22:22). E a morte era por apedrejamento, e durou até o tempo de Jesus Cristo, isto é, mil e seiscentos anos, pois Jesus não condenou a adúltera que ia ser apedrejada (Jo.8:1-11). Neste ponto Jesus não foi um com Jeová, mas foi um com o Pai.
Vamos analisar o adultério de Davi: Davi tinha um soldado valente, tão valente que era um dos trinta e sete, como se acha registrado em 2 Sm.23:8-39. Urias está neste último verso – 39. A mulher de Urias, de nome Bat-Seba, tomava banho ao lado do palácio real, e Davi a viu nua, e apreciou a sua formosura. Urias morava ao lado do palácio do rei Davi, e podemos depreender que era um dos seus íntimos. Davi mandou buscar a bela Bat-Seba. Os seus criados lhe avisavam dizendo: “Bat-Seba é mulher de Urias”. Davi, entretanto, cego pelo desejo se deitou com a mulher de um dos seus íntimos valentes, que arriscavam suas vidas para preservar a vida do rei. Bat-Seba concebeu, e Davi armou um plano para que Urias fosse tido por pai da criança, e Bat-Seba concordou com tudo. Trouxeram Urias do campo de batalha, e Davi lhe concedeu que dormisse com a esposa. Urias se deitou à porta da casa real e não desceu a sua casa. Avisado Davi do fato, mandou embebedar Urias, para fazê-lo deitar-se com a esposa, mas Urias não entrou em sua casa. Davi então ordenou a Joabe, seu capitão, que levasse Urias ao mais aceso da batalha, e o abandonasse. Assim morreu Urias, o heteu, traído por aquele a quem defendia. Davi, vitorioso, trouxe Bat-Seba ao palácio e a desposou na maior cara dura. Tudo isto se encontra no capítulo onze de 2 Samuel.
Jeová, o justo juiz, manda imediatamente, que Natã, o vidente, declare a Davi as consequências do seu perverso ato, pois o sexo é capaz de corromper até o homem que tinha um coração igual ao de Deus.
Natã dita a sentença: “Por que, pois, desprezaste a palavra de Jeová, fazendo o mal diante dos seus olhos? A Urias, heteu, feriste a espada, e a sua mulher tomaste por tua mulher; agora, pois, não se apartará a espada jamais da tua casa. Eis que suscitarei da tua mesma casa o mal sobre ti, e tomarei tuas mulheres perante os teus olhos, e as darei ao teu próximo, o qual se deitará com tuas mulheres perante este Sol, porque tu fizeste isto em oculto, mas eu o farei perante os olhos de todo Israel” (2 Sm.12:9-12). Davi, ouvindo estas palavras, confessou contrito os seus pecados, e Natã disse: “Também Jeová traspassou o teu pecado” (2 Sm.12:13). Jeová passou por cima do adultério de Davi, que era o criminoso, e matou a criança, a inocente vítima do justo juiz. Registremos o texto: “Todavia, porquanto com este feito deste lugar a que os inimigos de Jeová blasfemem, também o filho que te nascer morrerá”. E Jeová feriu a criança que a mulher de Urias dera a Davi (2 Sm.12:14-15). Esta atitude de Jeová não foi justa, pois pela lei do próprio Jeová, o adúltero Davi deveria ser apedrejado. Acontece que Davi era predestinado e ungido de Jeová, e estes são protegidos. A lei é só para os menos privilegiados. Coisas do “justo juiz”.
Bat-Seba também era adúltera e deveria ser apedrejada até a morte, como aconteceu a todos os adúlteros por 1.600 anos. Jeová, o justo juiz, preservou a adúltera Bat-Seba, e em seu lugar permitiu a morte injusta e criminosa de Urias, o varão leal e fiel, que, incitado por Davi a se deitar com a mulher, respondeu: “A arca, e Israel, e Judá ficam em tendas; e Joabe meu senhor estão acampados no campo de batalha; e hei de eu entrar na minha casa, para comer e beber, e para me deitar com minha mulher? Pela tua vida, e pela vida da minha alma, não farei tal coisa” (2 Sm.11:11). O esposo nega-se a deitar com a esposa por fidelidade ao rei, e é condenado, enquanto o lobo, que devora a sua casa na sua ausência é perdoado? Um deus que protege culpados e condena à morte os justos e os inocentes não merece ser honrado como Deus. Pois este juiz injusto foi mais longe: tomou as dez concubinas de Davi e as entregou a Absalão, o filho traidor e devasso. Para provar é só ler 2 Sm.12:11; 16:22-23. Pergunta-se: Que tinham as dez concubinas de Davi com o seu pecado para serem desonradas em público? (2 Sm.20:3).
Absalão agiu mal por vingança, pois sua irmã Tamar foi estuprada por Amnon, primogênito de Davi. E Tamar era moça virtuosa e pura, mas foi uma inocente vítima da vingança do injusto juiz deste mundo (2 Sm.13:1-22).
Jeová, o justo juiz, escolheu Salomão para reinar em lugar de Davi. Mas Salomão foi o décimo na linhagem hierárquica real. O legítimo herdeiro do trono foi Adonias, filho de Hagite, o quarto na linhagem de Davi (1 Cr.3:1-5). Seis herdeiros do trono foram passados para traz para que Salomão, o homem que ia dividir o reino de Israel, subisse ao poder. O que agravou a situação foi a lei da primogenitura dada por Jeová (Dt. 21:15-17). Essa lei garantia os direitos dos primogênitos. Jeová, o justo juiz, passou por cima da própria lei, anulando-a, e colocou injustamente Salomão no trono. Salomão matou seu irmão Adonias, portanto foi fraticida (1 Rs.2:23-24).
Jesus Cristo, ao salvar os homens, torna-os primogênitos. Sim, todos serão primogênitos do Pai, pois terão coroas iguais, e se tornam, pela graça, iguais a Cristo (Rm.8:29; Hb.12:22-23).
Autoria: Pr. Olavo Silveira Pereira