Muitas pessoas, ao lerem as Escrituras, se convencem de que Jeová é o Deus Pai, pelos seguintes fatos: os justificados por Jeová no Velho Testamento são citados no Novo Testamento como justos.
Abel ofereceu sacrifício agradável a Jeová, e é citado como justo exatamente por isso (Gn. 4:3-7; Hb. 11:4). É preciso deixar claro que o sacrifício de Abel é figura, não do sacrifício de Cristo, mas sim dos sacrifícios da lei de Jeová, dada ao povo por Moisés. O texto diz: “E a Jesus, o mediador de uma nova aliança, e ao sangue da aspersão, que fala melhor do que o sangue de Abel” (Hb. 12:24). Este texto esclarece que Abel era figura dos sacrifícios da Velha Aliança, e por isso, o sangue de Cristo é superior. Mas Abel é citado como justo.
Enoque, o sétimo depois de Adão, andou com Deus trezentos anos pela fé, e por isso foi trasladado vivo para o céu (Gn 5:22-24; Hb.11:5). Não está escrito que Enoque andou com Jeová, mas sim com Deus. A teologia tem andado às voltas com duas linguagens diferentes nos livros de Moisés. A linguagem Eloísta e a linguagem Javista, que não são iguais. Em segundo lugar, Jesus afirma que nunca ninguém subiu ao céu, logo, não se sabe para onde foi Enoque (Jo. 3:13). Se Enoque subiu vivo para o céu, como o apóstolo Paulo afirma que homem nenhum viu a Deus, nem poderá ver jamais? (1 Tm. 6:16). Fica assim provado que os heróis do Velho Testamento chegaram a Jeová, mas não ao Deus Pai, do qual Jesus disse: “Ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo. 14:6).
O terceiro grande homem do Velho Testamento foi Noé, que foi divinamente avisado das coisas que não se viam, isto é, chuva e dilúvio, e para salvação da sua família, preparou a arca, pela qual condenou o mundo de então, e foi feito herdeiro da justiça que é segundo a fé (Gn. 6:7, 14; Hb.11:7). Quem condenou os antediluvianos foi Jeová, e Noé foi o instrumento, mas Paulo afirma que até a lei estava o pecado no mundo, mas o pecado não é imputado não havendo lei (Rm. 5:13). Por esta declaração de Paulo, foi injusta a condenação no dilúvio, pois os pecados não podiam ser imputados. É claro que o Deus Pai de Jesus não imputou aqueles pecados, nem condenou as almas. Paulo ainda revela que Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo, e não lhes imputando os seus pecados (2 Co. 5:19). É preciso entender que a cruz de Cristo reconciliou todos, desde Adão, pois se reconciliou os homens só depois de Jesus, seria injusto. E o Pai quer que todos se salvem (1 Tm. 2:3-4). No livro de Jó lemos que os antediluvianos foram levados antes do tempo, isto é, antes do único e verdadeiro juízo de Cristo conforme Atos 17:30-31 (Jó 22:15). Jeová matava as pessoas sem lhes dar chance de arrependimento (Gn. 38:6-10; 1 Sm. 2:25; 2 Sm. 6:5-8; Lv. 10:1-2).
Se lermos com atenção a história dos grandes homens de Deus do Velho Testamento, vamos descobrir que todos tinham falhas graves. Davi, por exemplo, que tinha um coração igual ao de Jeová (At. 13:22), é acusado pelo próprio Jeová de adúltero, assassino e sanguinário (2 Sm.12:9-10; 1 Cr. 22:8). Salomão, filho de Davi, foi assassino, lascivo e idólatra (1 Rs. 11:1-3,4-8; 2:33-34,44-46,24-25). Salomão não foi um homem de paz, como significa o seu nome. Sendo, os escolhidos de Jeová, homens carnais e pecadores, não podiam ser confirmados como justos no Novo Testamento.
Por outro lado, os maus do Velho Testamento, como Caim, Esaú, os irmãos de José, e outros, do mesmo modo, não serão confirmados no Novo Testamento como perdidos por suas más obras.
Para provar que os escolhidos de Jeová no Velho Testamento, não são confirmados como justos no Novo Testamento, citaremos algumas passagens bem explícitas e claras. “Quem crê em Cristo não é condenado, mas quem não crê já está condenado; porquanto não crê no nome do Unigênito Filho de Deus” (Jo. 3:18). Este texto deixa claro que para Jesus, antes do Novo Testamento estavam todos condenados. “Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida” (Rm. 5:18). A lei de Jeová foi chamada por Paulo de ministério da condenação (2 Co. 3:6-9). Isto quer dizer que os justos não eram justos, os santos não eram santos, os salvos não eram salvos, e os eleitos não eram eleitos, pois estavam todos condenados. No Novo Testamento lemos que todos estavam condenados. Os que creram em Jesus como Abraão, Moisés, Davi e outros, Cristo justificou na cruz (Gl. 4:4).
Assim como as salvações no Velho Testamento não eram reais (Judas 5), assim também as condenações também não eram reais e verdadeiras. Sodoma e Gomorra, por exemplo, foram destruídas a fogo e enxofre por Jeová, deixando-nos a impressão que foram condenados, mas Jesus esclarece que não foram, em Mt. 11:32, 34, pois estão esperando o juízo verdadeiro de Cristo.
Outro exemplo foi a salvação de Israel e a condenação de Faraó e dos egípcios. Na realidade nem os israelitas foram salvos e nem os egípcios foram condenados. Os dois povos estão guardados para o único juízo, pois Deus, o Pai, é Senhor de todos, tanto israelitas como egípcios, tanto judeus como gentios (Rm. 3:29).
No livro de Atos dos Apóstolos lemos: “Deus tem determinado um dia, em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do varão que destinou; e disso deu certeza a todos ressuscitando-o dos mortos” (At. 17:31).
Autoria: Pr. Olavo Silveira Pereira