Deus sabe tudo? O que é onisciência? É saber todas as coisas a um só tempo, e é saber todas as coisas antes que aconteçam, logo, a onisciência inclui a presciência. A onisciência é atributo unicamente divino.
A parapsicologia, ou ciência dos psicofenômenos, é o estudo da percepção extra sensorial. Inclui a telepatia e a clarividência. A telepatia é a percepção dos objetos e acontecimentos distantes, inatingíveis pelos órgãos sensoriais normais; a clarividência é o conhecimento direto do estado mental de outra pessoa sem que esta se comunique.
Existem pessoas dotadas de percepção extra sensorial que conseguem ler o pensamento de outros. Há outros que captam fatos acontecidos a distância. Estes são telepatas.
Pois bem, se um homem é capaz destes fenômenos paranormais, Deus, que é absoluto, sabe tudo sem que ninguém se comunique com ele, e sabe tudo a infinitas distâncias. Jeová disse: “Sou eu apenas deus de perto e não deus de longe? Esconder-se-ia alguém em esconderijos, de modo que eu não o veja? Diz Jeová: Porventura não encho eu o céu e a terra?” (Jr. 23:23-24). Jeová se contradiz quando desceu do céu para saber “in loco” se havia realmente corrupção em Sodoma e Gomorra (Gn. 18:20-21). Alguém entendido na Bíblia vai dizer: Jeová usou essa linguagem por causa dos homens. Não é verdadeira esta hipótese. Jeová disse: “Descerei agora, e verei se, com efeito, tem praticado essas coisas”.
Sendo Jeová deus, e como tal, onisciente, sabendo antecipadamente as coisas que vão acontecer, pois declarou: “Lembrai-vos das coisas passadas desde a antiguidade; que eu sou Deus, e não há outro Deus, não há outro semelhante a mim; que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam” (Is. 46:9-10). E Jeová humilhou a Israel e o tentou durante quarenta nos, “para saber o que estava no coração do povo, se guardaria os mandamentos ou não” (Dt. 8:2). Um doutor dirá: foi para que Israel soubesse que iria ser infiel. Então, por que Jeová não disse: É para que vós saibais que o vosso coração é infiel. Tanto no caso de Sodoma, como no caso do deserto, não era o povo que precisava saber, mas Jeová. O texto é claro e não admite interpretações.
Temos outro caso gritante. No ano 722 A.C. o reino do norte, isto é, as dez tribos, foram dizimadas por Salmaneser, rei da Assíria. O reino de Israel foi transportado para a Assíria. Nessa época, Ezequias reinava sobre Judá, e Bene-Hadade, outro rei da Assíria, veio contra Judá para destruí-la, como aconteceu com Israel. Nesse tempo, o rei da Babilônia enviou embaixadores com cartas e presentes. Ezequias então lhes mostrou seus tesouros, nada ocultando (2 Rs. 18:9-11; 20:12-13). Jeová desconfiou de Ezequias. Diz o texto bíblico: “Contudo, no negócio dos embaixadores dos príncipes da Babilônia, que foram enviados a ele, e perguntaram acerca do prodígio que se fez naquela terra, Deus o desamparou, para tentá-lo para saber tudo o que havia no seu coração” (2 Cr. 32:31). Com estes três casos, fica definitivamente provado que Jeová não é presciente nem onisciente. Jeová não sabe o que o homem tem no coração.
O caso mais flagrante é o de Abraão. Este homem era tão íntimo de Jeová, que era chamado de amigo. “Mas tu, ó Israel, servo meu, tu Jacó, a quem elegi, semente de Abraão, meu amigo” (Is. 41:8; 2 Cr. 20:7). Um amigo, a gente conhece na intimidade. Pois Jeová tentou Abraão para saber o que tinha no coração. O caso foi assim: Jeová pediu a Abraão o sacrifício de seu único filho. Abraão não titubeou. Levantou de madrugada, albardou o jumento, tomou a seu filho Isaque e a lenha para o holocausto, e acompanhado de dois servos partiu para o lugar determinado por Jeová. Ajeitou a lenha sobre as pedras, colocou o filho em cima do altar, e levantou o cutelo para imolar o filho. Então o anjo de Jeová bradou desde os céus, dizendo: “Abraão, Abraão, não estendas a tua mão sobre o moço, e não lhe faças nada; porquanto agora sei que temes a Deus, e não me negaste o teu filho, o teu único” (Gn. 22:1-12). Caso este estranho, pois Jeová não conhecia que Abraão o temia, pois disse: “AGORA SEI”, isto é, antes não sabia. Antes a dúvida sobre a fidelidade de Abraão o atormentava a ponto de submetê-lo a tão terrível prova.
Quem antes não sabia, não é onisciente nem presciente, atributos divinos. Com isso fica provado que Jeová não é o Deus absoluto, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, mas mais um entre os deuses deste mundo, como disse Paulo em 1 Co. 8:5-6. Jeová é deus antropomórfico.
Dizem que, Jeová pedindo a vida de Isaque em sacrifício, é figura do sacrifício de Cristo na cruz. Neste caso seria Jeová o autor e consumador da fé, mas lemos que é Jesus o autor e consumador da fé em Hb. 12:2. Jesus disse: “Por isso o Pai me ama, porque dou a minha vida, para tornar a tomá-la. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou” (Jo. 10:17-18). Na figura de Abraão, quem ia tirar a vida de Isaque era Jeová. A figura não cabe no plano de Cristo. Lá, na figura, Jeová pediu e o Pai entregou, como lemos em Rm. 8:32. Quem entrega, entrega a outro que pede, e o outro que pediu se chama Jeová (Gn. 22:1-2, 12).
Com Jesus a coisa é diferente. Jesus não precisa tentar ninguém para saber o que existe no coração. “E estando ele em Jerusalém pela páscoa, durante a festa, muitos, vendo os sinais que fazia, creram no seu nome. Mas o mesmo Jesus não confiava neles, porque a todos conhecia; e não necessitava de que alguém testificasse do homem, porque ele bem sabia o que havia no homem” (Jo. 2:23-25). Quando Judas planejava entregar Jesus, Jesus sabia dos seus planos secretos, e lhe disse: “O que fazes, faze-o depressa” (Jo 13:27). Em outra ocasião, no princípio do seu ministério, Filipe convidou Natanael para conhecer a Jesus. “Jesus então lhe disse: Eis aqui um verdadeiro israelita, em quem não há dolo. Natanael, assustado, disse: Donde me conheces tu?” (Jo. 1:47-48a). E o seguiu.
Deus, para ser Deus, tem de ser onisciente e presciente. E Jesus é Deus, o Deus verdadeiro (1 Jo. 5:20).
Autoria: Pr. Olavo Silveira Pereira