(086) – PERFEIÇÃO CRISTÃ

 

         Existem dois testamentos: O Velho Testamento e o Novo Testamento. O Velho é de Jeová e o Novo é de Jesus Cristo. Há diferenças gritantes entre os dois testamentos. No Velho Testamento o homem é desvalorizado ao máximo e no Novo é valorizado astronomicamente. Jeová insiste em provar que o homem é pecador, baixo, infiel, imundo e incapaz de se levantar do pó. “Na verdade, que não há homem justo sobre a Terra, que faça o bem e nunca peque” (Ec. 7:20). Em 1 Rs. 8:46 Salomão afirma que não há homem que não peque. “Jeová olhou desde os céus para os filhos dos homens, para ver se havia alguém que tivesse entendimento e buscasse a Deus. Desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos; não há quem faça o bem, não há sequer um” (Sl. 14:2-3; Sl. 53:2-3). “Como, pois, seria justo o homem perante Deus, e como seria puro aquele que nasce de mulher? Até a lua não resplandece, e as estrelas não são puras aos seus olhos. E quanto menos o homem, que é um verme, e o filho do homem, que é um bicho” (Jó 25:4-6). “Não sejas como o cavalo, nem como a mula, que não têm entendimento” (Sl. 32:9). Assim, os homens todos foram colocados dentro de um regime de escravidão, condenação e morte (2 Co. 3:6-9).

Cristo desce a este mundo tenebroso, liberta os homens, resgata-os das maldições, e transforma-os em filhos de Deus, para fazer as obras de Deus. “Se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (Jo. 8:36). “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós” (Gl. 3:13). “Mas a todos que o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; aos que crêem no seu nome” (Jo. 1:12). “Porque somos feitura sua, criados em Jesus Cristo para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Ef. 2:10). E Jesus lhes diz: “Vós sois a luz do mundo” (Mt. 5:14). “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens,  para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus” (Mt.  5:16).

Quais foram os homens de quem Jesus falou estas palavras? Os justos? Os fiéis? Os misericordiosos? Absolutamente não. Jesus disse: “Não necessitam de médico os sãos, mas sim os doentes, porque eu não vim a chamar os justos, mas os pecadores ao arrependimento” (Mt. 9:12-13). Paulo vai mais longe: “Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; e Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são” (1 Co. 1:27-28).

Para provar que há valores nos homens, Deus pega os piores, aqueles que no Velho Testamento eram sumariamente mortos, sem misericórdia, por seus vícios e por sua inutilidade, e faz deles seus ministros.

Em última análise, Jesus pega homens cheios de defeitos e vícios, e os coloca no caminho da perfeição (Hb. 6:1). E fique claro que a lei de Jeová não aperfeiçoa ninguém por ser fraca e inútil (Hb. 7:18-19).

A lei está enferma pela carne e produz no homem paixões pecaminosas e mortais (Rm. 8:3; 7:5).

  • Tiago revela que as várias tentações provam a fé, para que o cristão seja perfeito e completo, isto é, quem, ao ser tentado, cai em pecado, jamais será perfeito e completo (Tg. 1:2-4). Quem resiste as tentações chega à perfeição.
  • Tiago nos dá uma outra coordenada no caminho da perfeição. “Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal varão é perfeito, e poderoso para também refrear todo o corpo” (Tg. 3:2-3). Aqui, Tiago ensina que quem não refreia a língua não refreia também o corpo.
  • O apóstolo Paulo diz: “Toda a Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda boa obra” (2 Tm. 3:16-17).
  • Paulo continua ensinando a perfeição: “Revesti-vos pois, como eleitos de Deus, santos, e amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade; suportando-vos uns aos outros, e perdoando-vos uns aos outros, se algum tiver queixa contra o outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também. E, sobre tudo isto, revesti-vos de caridade, que é o vínculo da perfeição” (Cl. 3:12-14).
  • É evidente que esse processo de aperfeiçoamento só é possível se Cristo habitar no cristão para controlar seus sentimentos, seus impulsos, seus pensamentos e suas ações. “O mistério que esteve oculto desde todos os séculos, e em todas as gerações, e que agora foi manifesto aos seus santos; aos quais Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória; deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, esperança da glória;  a quem anunciamos, admoestando  a todo o homem, e ensinando a todo o homem em toda a sabedoria; para que apresentemos todo o homem perfeito em Jesus Cristo” (Cl. 1:26-28). “Jesus disse: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada” (Jo. 14:23). Paulo, o mais perfeito cristão, disse: “Estou crucificado com Cristo, e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim” (Gl 2:20).
  • Paulo crê que todos os cristãos serão perfeitos. “Até que todos cheguemos a unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, A VARÃO PERFEITO, À MEDIDA DA ESTATURA COMPLETA DE CRISTO” (Ef. 4:13).
  • Temos duas considerações a fazer. Jesus fez as obras daquele que o enviou (Jo. 9:4). Jesus teria de confirmar as condenações de Jeová para concordar com ele, mas desfez tudo o que Jeová fez: tirou a lei e as maldições, tirou a condenação, e elevou os homens a condição de seus irmãos (Rm. 8:29). João e Tiago quiseram confirmar as obras de Jeová fazendo descer fogo do céu para matar os homens, mas Jesus os repreendeu dizendo: “Vós não sabeis de que espírito sois, porque o Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las” (Lc.  9:51-56). Em segundo lugar, se Cristo estivesse lá, no lugar de Jeová, não teria matado aqueles cento e dois inocentes, que estavam a serviço do rei, pois condenou a atitude de Elias e a mortandade executada inutilmente por Jeová (2 Rs. 1:9-12). No livro de Jó lemos que os antediluvianos foram levados antes do tempo, isto é, se Jesus estivesse lá, não os teria destruído (Jó 22:15-16).

 

Autoria: Pr. Olavo Silveira Pereira

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