(077) – A CEIFA

Ceifa é colheita da plantação. Na Bíblia a ceifa é aplicada para a humanidade. Jesus a aplica metaforicamente para o fim deste mundo, na parábola do trigo e do joio. Em Mateus 13:24-30, Jesus explica que o joio é a semeadura do maligno, o trigo são os seus discípulos, e que o joio está misturado no meio do trigo. Os discípulos lhes disseram: Queres que arranquemos o joio? Em lugar da palavra “arrancar”, poderiam ter usado a palavra “ceifar”. Jesus lhes respondeu: “Não; para que ao colher o joio não arranqueis com ele o trigo. Deixai crescer ambos juntos até a ceifa”. Ora, a ceifa é o fim deste mundo, e os ceifeiros são os anjos (Mt.13:39).

Se Jesus ordena que não se colha o joio, e que ambos, joio e trigo, devam ficar juntos até o fim do mundo, está claro que Jesus nunca ceifou vida de ninguém. Quem ceifa as vidas das pessoas são os anjos. Se Jesus é a vida, não pode matar (Jo. 11:25-26). Deus, o Pai, enviou seu unigênito Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por Ele (Jo. 3:17). E o próprio Jesus declara bem alto: “Porque o Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las” (Lc. 9:56).

Se houve alguma ceifa antes do fim do mundo marcado pelo Pai (Mt. 24:35-36), essa ceifa não veio do Pai nem de Jesus, e foi contra o projeto do Pai. Como os ceifeiros são os anjos, qualquer anjo que tenha ceifado vidas preciosas, foi anjo assassino e enviado pelo inimigo das almas, portanto é anjo caído (2 Pd. 2:4).

Jesus afirma que Ele e o Pai são um em João 10:30. Declara também que veio fazer a vontade do Pai, que não é matar, mas ressuscitar (Jo. 6:38-40). Revela também que as obras boas que pratica são as obras do Pai  (Jo. 10:32). Sendo assim, as matanças do Velho Testamento, melhor dizendo, as inúmeras ceifas de vidas, entram em choque com as declarações de Jesus. O anjo de Jeová foi um grande ceifeiro das vidas, e todas elas antes do tempo, isto é, antes da ceifa estabelecida pelo Pai no fim do mundo, isto é, no juízo final. Só de uma feita o anjo de Jeová matou 180.000 assírios (2 Rs. 19:35). De outra feita, o anjo de Jeová mandou uma peste que matou 70.000 israelitas. E esta matança foi injusta, pois Davi agiu em obediência a Jeová (2 Sm. 24:1; 1 Cr. 21:12-14). Foram duas ceifas. A primeira feita no arraial dos inimigos de Israel, 180.000 almas por quem Jesus morreu e precisavam ser salvas, ou ao menos ter chance, coisa que lhes foi negada. No segundo caso, a injustiça foi tão flagrante que Davi clama a Jeová afirmando que eram todos inocentes (1 Cr. 21:17). Jeová dos exércitos é quem coordenava e comandava as matanças, isto é, as ceifas antecipadas. “Porque ainda que o teu povo, ó Israel, seja como a areia do mar, só um resto dele se converterá; uma destruição está determinada, transbordando de justiça. Porque determinada já a destruição, Jeová dos exércitos a executará no meio de toda esta terra. Pelo que assim diz Jeová dos exércitos: Não temas povo meu, que habitas em Sião, a Assíria, quando te ferir com a vara, e contra ti levantar o seu bordão à maneira dos Egípcios; porque daqui a bem pouco se cumprirá a minha indignação, e a minha ira para os consumir. Porque Jeová dos exércitos suscitará contra ele um flagelo, como a matança de Midiã junto à rocha de Orebe, e como a sua vara sobre o mar, que contra ele se levantará, como aconteceu aos egípcios” (Is. 10:22-26). Neste texto, o profeta Isaías relata que foi Jeová quem matou os egípcios no Mar Vermelho, e que a vara usada por Moisés era de Jeová. Foram três ceifas antes do tempo: a dos egípcios, a de Israel e a dos Assírios.

A maior ceifa da história da humanidade foi no dilúvio. Bilhões de pessoas sucumbiam, e Jó afirma que foram levados antes do tempo (Jó 22:15-16). Pedro relata que a longanimidade do Pai esperava, mas houve a interferência de Jeová que os destruiu antes do tempo, isto é, ninguém teve chance de arrependimento. Velhos, mulheres, crianças, todos ceifados fora de tempo. Hoje, a situação moral é pior, e Jeová não pode mais realizar as matanças porque a cruz de Cristo o impede. Vamos citar algumas matanças de Jeová, só para provar que ele só pensava em matar.

1- Jeová ceifou a vida dos sodomitas de quatro cidades (Dt. 29:23).

2- Jeová ceifou a vida de toda uma geração de Israelitas no deserto (Nm. 14:29-30).

3- Jeová ceifou a vida dos habitantes de Tiro (Ez. 26:15-21).

4- Jeová ceifou a vida de 500.000 israelitas (2 Cr. 13:15-17).

5- Jeová ceifou a vida dos edomitas, isto é, os descendentes de Esaú (Ob. 1:9).

6- Jeová ceifou a vida dos moabitas, descendentes de Ló, sobrinho de Abrão (Jr. 48:15).

7- Jeová ceifou a vida dos amonitas, também descendentes de Ló, sobrinho de Abraão (Ez. 21:28).

8- Jeová ceifou a vida dos caldeus (Jr. 50:23-27; 51:37-40).

9- Jeová ceifava os justos no meio dos injusto, pois tinha sede de sangue (Ez. 21:1-10, 14-15, 22).

10- Jeová ceifava impiedosamente a vida de crianças inocente (Js. 14:21; 2 Sm. 12:13-15).

Todas as matanças de Jeová antecederam a ceifa do Pai, logo, foram injustas, pois matando as pessoas, tira-se-lhes o direito de mudar ou não, de arrepender-se. E Jesus ordenou que os maus deveriam permanecer junto aos bons até a ceifa (Mt. 13:30; 13:38-43).

Jesus, entretanto, ordena a seus discípulos que ceifem as almas para receber galardão no céu  (Jo. 4:35-36). Acontece que a ceifa de Jesus se dá ao contrário das ceifas de Jeová. Todo o que é ceifado por Jesus ou pelos seus discípulos saem da morte para a vida. “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida” (Jo. 5:24). Jeová fazia sair da vida para a morte, mas Jesus arranca da morte para a vida, têm ministérios opostos como diz Paulo em 2 Co. 3:6-9.

A Bíblia fala de vaidade das vaidades, céu dos céus, cântico dos cânticos. Jeová é o pão da morte (Ex. 33:20). Mas Jesus Cristo é o pão da vida (Jo. 6:40-48). 

 

Autoria: Pr. Olavo Silveira Pereira

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